Lucão passou por dias difíceis naquele começo de dezembro. O choro ainda na saída do gramado foi sintomático do quanto a falha na partida contra o Defensa Y Justicia, pela Sul-Americana, pesou para o jovem de 20 anos. O primeiro afago que recebeu foi de Fernando Miguel, reserva naquela partida. O segundo, de Carlos Germano, então preparador de goleiros. O acolhimento realmente marcou o garoto e a gratidão aos dois, dizem os mais próximos, será eterna.
Outro apoio importante foi da mãe, dona Vanda, de quem Lucão chorava de saudade quando deixou Barra Mansa, no interior do Rio, ainda menino, para tentar a sorte como jogador de futebol na capital. A vida tem sido de desafios para o goleiro, que nesta quinta-feira tem novo encontro com uma partida de mata-mata. No Ronaldo Junqueira, em Poços de Caldas, encara a Caldense às 17h30 com a responsabilidade de ajudar o cruz-maltino a se classificar para a segunda fase da Copa do Brasil.
Será a quarta partida seguida como titular, a primeia importante como era aquela da falha que terminou em gol dos argentinos. O jovem assumiu o lugar de Fernando Miguel, que foi para o Atlético-GO. Carlos Germano, que também o abraçou no momento difícil, igualmente deixou o clube. Ficou Lucão diante de nova prova de fogo. O mata-mata em partida única não dá brecha para erros. Ao menos o Vasco terá a vantagem do empate.
A equipe jogará em busca da classificação e de uma atuação de mais brilho depois do começo pouco animador no Carioca. Foram duas derrotas e um empate, com quatro gols sofridos. Lucão não sai chamuscado da sequência negativa, tampouco teve um desempenho que arranque elogios entusiasmados.
Seria providencial para Lucão elevar o nível. Com a confirmação da saída de Fernando Miguel, a diretoria vascaína acelerou a ida ao mercado atrás de um goleiro que possa ser uma alternativa com mais experiência para o setor. A contratação é uma prioridade.
Lucão é a esperança mais recente do Vasco de voltar a revelar um goleiro que consiga assumir a titularidade do time profissional. O último foi Hélton, há 21 anos. Faz tanto tempo que o garoto não era nem nascido. Quando começou a ganhar premiações por títulos com a seleção brasileira de base, a primeira coisa que fez foi comprar um terreno para construir uma casa para a família em Volta Redonda. Quando se despediu para tentar a sorte no Rio, eram sete pessoas numa casa de um quarto.
A saudade era tanta que os representantes do goleiro bancavam a ida de dona Vanda todo fim de semana para visitar o filho e acalmar seu coração. Lucão é descrito como um sujeito simples. Comprou o primeiro carro este ano e até então muitas vezes ia de ônibus da Tijuca, onde mora, para o CT do Vasco na Cidade de Deus. Em 2019, perdeu o pai, que perdeu a vista em decorrência da diabetes em 2016, muito antes que pudesse ver o filho enfrentar a Caldense. E, quem sabe, ajudar a recolocar o Vasco na Primeira Divisão.
Fonte: Extra Online