Quando o primeiro contrato de empréstimo de Benítez com o Vasco — até 31 de dezembro de 2020 — ainda estava vigente, sua continuidade foi praticamente unanimidade para torcedores e dirigentes na luta para tentar permanecer na Série A do Brasileirão. Foi preciso então uma engenharia financeira e um "jogo de cintura" do diretor-executivo, Alexandre Pássaro, para convencer o Independiente (ARG) a estender o vínculo até 30 de junho de 2021.
Porém, os tropeços seguiram, o rebaixamento foi inevitável e, de imprescindível há três meses, o argentino tornou-se negociável e está bem próximo de se transferir para o São Paulo.
As razões para a mudança de status vão além do corte de custos que o clube está sendo obrigado a implementar em virtude da queda para a Série B. Questões físicas, técnicas e contratuais acabaram se somando às financeiras para diretoria e comissão técnica chegarem a um consenso de que o meia pode, sim, ser negociado mediante uma transação que atenda às condições exigidas pelo Cruz-Maltino.
Já considerando o alto salário e a remotíssima chance de Benítez continuar até o fim do ano — dada as circunstâncias impostas pelo Independiente —, o Vasco então se reuniu com o novo técnico, Marcelo Cabo, para avaliar as questões que envolvem o campo e bola. Foi ponderado ao treinador os recorrentes problemas físicos do jogador, que o impediram de ter grandes sequências ao longo da última temporada.
Da parte de Cabo, ouviu-se que este ponto clínico somado ao estilo de jogo mais físico da Série B e as condições ruins de muitos dos gramados da competição poderiam ser um fator negativo para o desempenho do argentino. Com essas condições detectados, tal cenário foi evidenciado ao staff de Benítez e, segundo pessoas ouvidas pelo UOL Esporte, seus representantes teriam concordado em alguns aspectos.
Foi então que, na semana passada, o São Paulo fez a sondagem e encaminhou o acerto com o jogador, que deixou claro à diretoria vascaína o desejo pela transferência. Em seguida, o Tricolor paulista passou a negociar as condições da transação com o Vasco, que não abre mão de que o trato seja feito de acordo com seus desejos.
Ou seja, apesar do empréstimo de Paulinho Boia agradar, o time carioca quer mais. Especificamente, deseja recuperar parte do dinheiro investido na prorrogação do vínculo de Benítez em janeiro, cerca de US$ 250 mil (aproximadamente R$ 1,4 milhão). Ou, ao menos, que seja recompensando pelos quatro meses restantes de vigência que ainda possui. Além disso, faz questão de que a "taxa de vitrine" seja mantida, com o clube tendo direito a um percentual em caso de venda futura do meia. No atual contrato, tal cláusula é de 15%.
Vale lembrar o Vasco também leva em conta a condição imposta pelo Independiente para a opção de compra ao fim do empréstimo em 30 de junho: o pagamento de cerca de US$ 3,75 milhões (aproximadamente R$ 21 milhões), algo completamente inviável, descartado e fora da realidade cruz-maltina.
Benítez participou pouco da reta final do Brasileiro
Antes do fim de seu primeiro contrato de empréstimo, Benítez teve sua última partida em 13 de dezembro de 2020, no empate em 1 a 1 com o Fluminense. Em seguida, quando sua permanência já estava descartada, o meia chegou a se despedir dos companheiros e retornou para a Argentina.
Neste período, o Vasco fez quatro partidas, até que em 12 de janeiro sua prorrogação de empréstimo foi anunciada e, no dia 16, ele entrou no segundo tempo da derrota para o Coritiba por 1 a 0.
Dali em diante, houve um total de sete partidas disputadas das dez que o Cruz-Maltino atuou até ser rebaixado.
Fonte: UOL