Véspera do Natal de 2020: Martin Benítez sai do CT do Almirante com olhos marejados. Minutos antes ele chorou, se despediu dos companheiros com discurso no gramado e deixou claro que queria ficar. Duas semanas depois, sua vontade foi decisiva para a renovação do empréstimo com Indepediente, em um acordo em que o Vasco fez um esforço imenso e gastou acima de seus padrões (R$ 1,3 milhão por seis meses) para manter seu camisa 10. Parecia um final feliz para uma novela arrastada.
Não foi bem assim. Hoje, pouco mais de dois meses depois, a relação mudou e caminha para o fim em comum acordo. Sem polêmica ou briga, Vasco e Benítez entendem que o melhor é seguirem caminhos separados. O argentino manifestou o desejo de jogar no São Paulo, e o clube carioca, apesar de endurecer a negociação com a equipe paulista, não vai se esforçar para segurar seu camisa 10 e vê a saída com bons olhos. O que mudou em tão pouco tempo?
Obviamente o rebaixamento foi um divisor de águas. Vasco e Benítez se apaixonaram em 2020, deram um tempo por circunstâncias que fugiam do controle das duas partes e reatam no início do ano. Assim como acontece em muitas relações, no entanto, a nova tentativa não deu certo. O argentino não foi o jogador decisivo que o clube contava para mantê-lo na Série A.
Questão física gera desgaste
A questão física também foi determinante para o desgaste. A dificuldade em ter uma sequência de jogos sempre existiu, mas é inegável que Benítez foi protagonista dos raros bons momentos do Vasco na temporada passada.
Após o retorno em janeiro, no entanto, a situação piorou. O jogador ficou mais de um mês sem jogar, pouco treinou enquanto estava na Argentina e se reapresentou muito abaixo do restante do elenco. Teve lampejos como nos jogos contra Atlético-MG e Palmeiras, mas não correspondeu ou ficou fora em momentos decisivos. Internamente, avalia-se que Benítez poderia ter se esforçado mais e se cuidado melhor para estar inteiro no momento em que o Vasco mais precisou.
Diante dos fatos, apesar do contrato até o fim do junho, manter a relação, com data para acabar, perdeu sentido para Vasco e Benítez. O clube não cogita gastar cerca de R$ 20 milhões para comprar o jogador, que custa mais de R$ 200 mil mensais aos cofres e ficará somente até o início da Série B.
Para Benítez, apesar do carinho pelo Vasco, é melhor ir para um novo clube, jogar Libertadores e Série A, com um contrato mais longo. Além disso, no Morumbi, o meia terá, caso a negociação se concretize, o apoio do técnico Hernán Crespo. Foi o treinador argentino que indicou seu compatriota ao clube.
Diferentemente do que ocorreria no Vasco. Além da questão financeira, em avaliação com a comissão técnica, o Vasco não vê Benítez com perfil para jogar a Série B, onde os jogos são mais pegados e com uma exigência física muito maior.
Em avaliação com o departamento de futebol, o técnico Marcelo Cabo enfatizou a necessidade de buscar jogadores com força física e alta intensidade para a Série B. O clube entende que realizará viagens longas, com pouco tempo de recuperação, com calendário apertado e jogará em gramados ruins, fatores que provavelmente aumentariam os problemas físicos de Benítez.
Fonte: ge