O Campeonato Carioca virou motivo de revolta entre as afiliadas da Record pelo país. As emissoras, empolgadas com a compra dos direitos de transmissão do torneio e com a possibilidade de atingir bons índices de audiência aliados com bom faturamento, quebraram a cara ao serem avisadas de que só poderiam exibir os jogos da competição se pagassem um elevado valor de sublicenciamento para a Record do Rio de Janeiro — a filial arcou com o montante de R$ 11 milhões sem o auxílio da matriz, em São Paulo, e ainda não conseguiu atingir o retorno comercial esperado.
A reportagem do TV Pop apurou que boa parte dos executivos regionais ficaram perplexos ao serem comunicados da cobrança para as praças que decidissem exibir o torneio. Isso nunca havia acontecido na história da emissora, e tampouco é um procedimento adotado pelas outras redes de televisão que possuem direitos de campeonatos de futebol, como a Globo e o SBT, que dão apoio técnico e financeiro para viabilizar as apostas de suas parceiras.
Algumas afiliadas da Record chegaram a anunciar o Campeonato Carioca em sua programação e nas redes sociais, mas desistiram da transmissão depois que foram comunicadas do modelo de sublicenciamento, e foi o caso de pelo menos três canais: TV Tropical (Rio Grande do Norte), TV Cidade (Maranhão) e TV Sucesso (Goiás). A emissora potiguar, por sinal, teve que usar o seu perfil no Instagram para acalmar os torcedores do Flamengo, que se depararam com a novela Topíssima no lugar do jogo do time: "o jogo, por questão de direitos, só será transmitido em algumas cidades. Seguiremos com a programação normal da rede", afirmou o comunicado publicado.
Entre as praças que não tiveram dinheiro para comprar o torneio, o clima é de indignação. Boa parte delas acreditava que a competição seria uma oportunidade perfeita para reaver os anunciantes perdidos em meio ao coronavírus, que derrubou o faturamento de programas regionais, e não esperavam ter que gastar para exibir os jogos adquiridos por uma filial com boa condição financeira. Algumas delas sequer tem dinheiro para manter seus horários regionais e não receberam nenhum tipo de auxílio da rede durante a pandemia, o que tornou a transição ainda mais improvável.
Ao todo, apenas 26 emissoras parceiras da rede optaram por pagar o valor pedido pela Record Rio. Metade delas são do mesmo conglomerado de mídia do Sul do país, mantido pela família Petrelli: sete emissoras da RIC, que opera no Paraná, e seis da NDTV, de Santa Catarina. Outras sete praças que adquiriram o torneio são filiais da Record, ou seja, operam em subordinação ao comando de São Paulo. Com isso, restaram seis: TV Paranaíba (Uberlândia), TV Atalaia (Sergipe), TV Vitória (Espírito Santo), TV Antena Dez (Piauí), TV Equinócio (Amapá) e a SIC TV (Rondônia).
Na noite de terça-feira (2), todas as parceiras da Record receberam um comunicado alertando sobre as regras para reprodução do uso das imagens do Campeonato Carioca em seus telejornais. O TV Pop teve acesso ao conteúdo, que trazia orientações rígidas para a reprodução de conteúdos da competição.
Para as afiliadas que adquiriram os direitos, a recomendação era a de que optassem por gravar os lances durante a transmissão ao vivo e, durante os noticiários, exibissem uma tarja creditando as imagens para a Record Rio. Já para quem não comprou o torneio, os lances deveriam ser baixados por uma ferramenta chamada Central de Mídia, e só podem ser exibidas com o logo da emissora de forma fixa, além da tarja citando a filial carioca.
Fonte: TV Pop