Foram 879 jogos. Esta foi a quantidade total de partidas que os times da Série A disputaram em um calendário mais apertado, em função da pandemia que paralisou o futebol por cerca de três meses. Com este cenário, alguns clubes sofreram mais com contusões musculares e traumáticas. No somatório, os 20 clubes da Série A de 2020 tiveram 708 baixas médicas - quase o mesmo número de 2019.
Isso sem contar todos os atletas infectados por covid - motivo novo de desfalque para as equipes nesta temporada. Os casos de corona vírus, gripe e afins não são contabilizados para este ranking. No entanto, o ge compilou todos os casos divulgados e fez uma reportagem especial sobre o tema no último domingo, no Esporte Espetacular.
Durante o ano, a reportagem do ge contou com a ajuda dos setoristas do ge.globo dos 20 clubes que disputaram a Série A do Brasileirão para contabilizar, caso a caso, as baixas médicas de cada time. Foram desconsiderados da lista os atletas poupados por desgaste físico ou com problemas fisiológicos.
Considerando todos os vetos do DM ao longo da temporada por problema clínico, o Grêmio foi o time que mais teve baixas em 2020/21: foram 47. Em 2018, o Tricolor gaúcho também liderou a lista, porém com muitos mais casos: 64. No Tricolor Gaúcho, Maicon foi o atleta que acabou parando mais vezes no DM: seis vezes, com 23 partidas perdidas na temporada por veto clínico. A dupla de zaga Geromel e Kannemann também foram para o departamento médico quatro vezes cada. O zagueiro Pedro Geromel foi quem mais desfalcou o time em 2020/21, foram 26 partidas.
Além do Grêmio, outro clube que sofreu com muitas baixas nesta temporada atípica foi o Fluminense, com 44 baixas médicas. O período que o time carioca perdeu mais atletas foi da volta da paralisação até o início do Brasileiro: 12 casos. Em seguida no ranking, aparecem Internacional e Coritiba, com 43 vetos.
Como percebe-se acima, Atlético-GO e Atlético-MG foram os únicos com menos de 20 baixas ao longo do ano. Isso ajudou os treinadores a terem mais peças à disposição a cada duelo. Na luta contra o rebaixamento até o fim do Brasileirão, Vasco e Fortaleza também conseguiram ter uma temporada com o departamento médico mais vazio e tiveram 23 e 25 baixas, respectivamente.
Luan Silva, Frazan e Paolo Guerrero: os principais desfalques dos times no ano
O jovem Luan Silva, do Palmeiras, foi o atleta que perdeu mais partidas ao longo da temporada. O atacante teve uma lesão na coxa antes da pandemia e uma na cartilagem no joelho esquerdo em agosto, que o deixou fora de combate desde então. São 65 partidas como desfalque por contusão. Na temporada, jogou em apenas uma partida, por 43 minutos.
Vale fazer uma ressalva: o zagueiro Walce, do São Paulo, perdeu 64 partidas por uma ruptura no ligamento cruzado anterior no joelho esquerdo, em janeiro de 2020. Porém, este problema foi fora do São Paulo, durante um treino com a seleção brasileira olímpica. Casos de lesão fora do clube não entram na conta de baixas médicas do time, por isso não foi considerado.
Outro zagueiro que perdeu muitos jogos foi Frazan, do Fluminense. Durante um treino, em janeiro, o defensor teve uma ruptura do ligamento anterior cruzado do joelho direito, passou por cirurgia e só voltou em novembro de 2020. Foram 44 partidas afastado.
Com a mesma quantidade de partidas fora, Paolo Guerrero foi um desfalque de peso no Internacional. O peruano teve uma lesão no ligamento cruzado do joelho direito, em agosto. Mesmo perdendo perdendo tantos jogos, o atacante foi um dos artilheiros do Inter na temporada, com 10 gols marcados em 15 partidas disputadas.
OBS: a relação acima mostra apenas os casos de lesionados neste ano ou com novas lesões nesta temporada. Atletas afastados desde 2019 não entraram na lista de baixas médicas de 2020/21.
Na lista acima, vale destacar os desfalques de atletas experientes. Diego Tardelli sofreu uma lesão com ruptura dos ligamentos no tornozelo direito antes de mesmo de estrear pelo Atlético-MG. Por conta disso, conseguiu atuar em apenas quatro jogos, por 137 minutos e sem conseguir balançar as redes.
O agora zagueiro Danilo Avelar vinha em uma sequência boa como titular do Corinthians até uma ruptura no ligamento cruzado do joelho direito interromper o momento do jogador que marcou três gols na temporada. Ele ainda não se recuperou da lesão. Outro zagueiro ainda afastado e que foi parar no DM quatro vezes na temporada é Pedro Geromel. O defensor de 35 anos teve uma menor sequência em 2020/21 pelos problemas físicos e atuou em 32 partidas.
Por fim, vale destacar os seguidos problemas médicos que o goleiro Diego Alves enfrentou na temporada. Entre o fim de agosto e o início de outubro, ele ficou fora por uma lesão parcial no tendão do ombro esquerdo. Ao retornar, teve um edema no ligamento colateral do joelho esquerdo em outubro. No fim de dezembro, uma lesão muscular na parte posterior da coxa direita. No dia que voltou a ser titular, em 1 de fevereiro, voltou a sentir lesão na coxa direita. No total, foram quatro idas ao DM e 26 partidas como desfalque do Flamengo.
Lesões na coxa representam quase 50% do total
Ao final da temporada, o número total de baixas médicas se equiparou ao de 2019, quando tivemos 704 casos - apenas quatro a menos que em 2020/21. No entanto, a proporção de contusões na coxa aumentou. Músculo mais exigido no futebol, por conta da velocidade e do chute, a coxa representou 49,1% dos casos de vetos clínicos da temporada. Ou seja, em grande partes das vezes que o DM vetou um atleta do jogo foi em função de um problema muscular na coxa.
Parte do corpo onde ocorrem as lesões mais graves do futebol, o joelho foi o motivo 99 lesões na temporada. Destas, 32 necessitaram de cirurgia. Athletico-PR e Internacional foram os times com mais casos cirúrgicos no joelho em 2021/21, com cinco e quatro casos, respectivamente.
Vale lembrar ainda que do total de jogadores no DM, 36 casos não foram detalhados pelos clubes. Ou seja, foi apenas informado a entrada do jogador no departamento médico, mas sem a especificação de qual a parte do corpo foi afetada e o grau do problema clínico.
Critérios e Metodologia
As informações levantadas para esta pesquisa foram retiradas nos sites oficiais de cada um dos 20 times que disputaram a Série A em 2020, além do apurado pelos setoristas do ge.globo no dia a dia dos clubes.
O recorte temporal deste levantamento foi de 01 de janeiro de 2020 até a data da publicação desta matéria: 1 de março de 2021. Todas as baixas médicas sofridas pelos jogadores fora desse universo temporal não entraram na pesquisa.
O critério para inclusão de um atleta no levantamento foi o veto pelo departamento médico de pelo menos uma partida oficial por motivo clínico. Todos os problemas médicos que impediram a escalação do jogador na equipe para a partida seguinte foram computados no levantamento. Jogadores poupados e com desgaste físico não entraram na conta assim como problemas fisiológicos.
Fonte: ge