O Vasco está na Segunda Divisão. Ainda que exista uma hipótese de escapar da queda, ela é tão difícil que ninguém dentro do clube a considera de fato. Nesta segunda-feira, a diretoria encabeçada por Jorge Salgado deve se reunir para traçar os planos para a próxima temporada na Série B, o que inclui a reestruturação financeira almejada com menos R$ 50 milhões no orçamento, referentes a direitos de transmissão, e a montagem do elenco e da comissão técnica que terá a missão de levar o time de volta à elite do futebol nacional.
O rebaixamento virtual acontece depois do empate em 0 a 0 com o Corinthians. Virtual porque ainda existe um cenário onde o Vasco milagrosamente seguirá na Série A: ele precisa vencer o Goiás e torcer para o Fluminense derrotar o Fortaleza. Além disso, é preciso que o Vasco tire uma diferença de 12 gols de saldo em relação aos nordestinos. Um exemplo de milagre: o cruz-maltino golear por 6 a 0 e o Fortaleza perder de 6 a 0.
Ao mesmo tempo em que se prepara para encarar a realidade de Série B, o Vasco ainda batalha para anular a partida contra o Internacional, por causa da falha no VAR no primeiro gol colorado. Um sucesso na investida no Superior Tribunal Desportiva criaria uma segunda chance de o Vasco vencer os gaúchos e reverter a queda. Na sexta-feira, o clube teve uma primeira vitória, quando o tribunal determinou que a CBF libere vídeo e áudio da cabine do VAR durante a partida para que o cruz-maltino use-os na tentativa de anular o jogo.
Especialistas em direito desportivo ouvidos pelo GLOBO afirmam que as chances de o clube conseguir a vitória na justiça desportivas são pequenas. O presidente Jorge Salgado deve conceder entrevista coletiva amanhã e nela deve abordar essa questão jurídica, além dos planos da diretoria para a Série B.
Dificuldades adicionais
O técnico Vanderlei Luxemburgo, que se ofereceu para permanecer à frente do time na Série B, afirmou que o clube precisa montar um elenco que seja bom para jogar a Segunda Divisão. A reestruturação deve acontecer, com a saída de alguns jogadores com salários mais altos. A ideia é conseguir manter uma equipe competitiva com custo ainda menor que a atual - a folha salarial do futebol atualmente está na casa dos R$ 4 milhões.
As demissões virão em outros setores do clube, além do futebol. A ideia da diretoria é reduzir gastos em todos os setores do Cruz-maltino. Jorge Salgado, em entrevista ao GLOBO, detalhou os valores:
— O Vasco custa entre R$ 17 milhões e R$ 18 milhões por mês. Temos de olhar as ineficiências em relação a esse gasto. Pretendemos promover o corte de 20% a 30% nas despesas.
Outro problema com que a diretoria do Vasco terá de lidar é o risco de redução de receitas provenientes do programa de sócio torcedor. Uma das apostas do grupo que assumiu o clube com Jorge Salgado era tentar incrementar sensivelmente a arrecadação do clube com os sócios.
— Acreditamos que o torcedor vascaíno é o principal ativo do clube — afirmou Adriano Mendes, vice-presidente de finanças, na época da posse da atual diretoria: — A capacidade de mobilização do nosso torcedor é algo realmente impressionante, é diferente. Queremos que o vascaíno se associe para ter a possibilidade de ajudar nesse processo retomada do clube.
Antes mesmo do rebaixamento ser confirmado, o clube da Colina já teve de lidar com um movimento de torcedores insatisfeitos defendendo o cancelamento do pagamento do programa. Agora, com a queda para a Série B, a possibilidade de os sócios se desmobilizarem é ainda maior.
Fonte: O Globo Online