Há exatos 20 anos, o futebol brasileiro vivia um calendário pouco usual, semelhante ao que ocorre hoje por conta da pandemia do novo coronavírus. Não bastasse a complexa fórmula de disputa da Copa João Havelange, torneio que substituiu o Campeonato Brasileiro tradicional naquele ano, a decisão foi acontecer em janeiro. No dia 18 daquele mês, em 2001, o Vasco batia o São Caetano e faturava o tetracampeonato nacional.
A partida só aconteceu naquela data por conta de um acidente nas arquibancadas de São Januário, em dezembro do ano anterior. Após empate em 1 a 1 no então Parque Antártica, o cruz-maltino e o Azulão definiria quem ficaria com o título no Rio, em 30 de dezembro. No fim do primeiro tempo da partida, um tumulto nas arquibancadas de São Januário levou à queda do alambrado, deixando mais de 150 pessoas feridas.
Após muitas discussões nos bastidores, a disputa foi remarcada para 18 de janeiro, no Maracanã. Com gols de Romário, Jorginho Paulista e Euller — Adãozinho descontou —, o Gigante da Colina consagrou um dos seus últimos esquadrões de craques, que já havia sido campeão da Copa Mercosul semanas antes, na chamada 'Virada do Século' sobre o Palmeiras.
Após a conquista, o Vasco pouco a pouco viu o desmanche daquela equipe, que contava com craques como o Baixinho, hoje Senador da República, os Juninhos, Paulista e Pernambucano, que viriam a se tornar homens fortes do futebol no Lyon e na Seleção Brasileira, bem como vários jogadores que, após a aposentadoria, tentaram a carreira de treinador. Um deles, inclusive, segue em atividade.
O GLOBO relembra os titulares e conta suas histórias desde o título em 2000. Confira:
O goleiro Helton deixou o Vasco em 2002 rumo ao futebol português. Passou pelo União de Leiria, mas foi no Porto, time para o qual se transferiu em 2005, que viveu os melhores momentos da carreira: ganhou sete títulos portugueses e uma Liga Europa. Em 2016, o goleiro deixou o Estádio do Dragão e sinalizou que encerraria a carreira. Chegou até a assumir como técnico do Freamunde, da terceira divisão portuguesa, dois anos depois. Em 2020, porém, resolveu retomar a carreira nos gramados. Aos 42 anos, o goleiro voltou a atuar pelo União de Leiria. Helton tem diversas passagens pela seleção brasileira e esteve no elenco campeão da Copa América em 2007. |
O lateral-direito Clébson morreu em acidente de carro cinco meses após o título. O jogador de 22 se destacou pelo Bahia e chamou a atenção do Vasco. |
Apelidado de zagueiro-zagueiro por Vanderlei Luxemburgo, com quem foi campeão da Copa América em 1999 com a Seleção, o irreverente e multicampeãoOdvan teve longa carreira: passou pelos rivais Fluminense, Botafogo e rodou por outros 18 clubes. Em 2008, teve breve retorno ao Vasco, no ano da primeira queda do clube à Série B. Aposentou-se em 2013, aos 40 anos, e vem tentando engatar carreira política no município de Campos dos Goytacazes, sua terra natal. |
Polêmico e sem papas na língua, Junior Baiano passou pelo futebol chinês e pelo Internacional antes de chegar ao rival Flamengo, onde foi campeão carioca em 2004. O zagueiro rodou por clubes de menor expressão antes de encerrar a carreira no futebol norte-americano. Fora dos gramados, tentou a carreira de técnico por Santa Helena e Itumbiara, sem muito sucesso. |
Um dos jogadores mais jovens daquela equipe, Jorginho Paulista foi campeão aos 20 anos. O jogador passou por Boca Juniors, Cruzeiro, São Paulo e Botafogo depois de deixar o cruz-maltino. Em 2005, voltaria para breve passagem pela Colina. Na reta final da carreira, rodou por clubes do futebol regional e teve o Audax Rio como sua última equipe, em 2013. |
Volante de segurança daquela equipe, Paulo Miranda teve carreira multi-vitoriosa durante os quase três anos de Vasco. O jogador passou pelo futebol francês, pelo rival Flamengo e foi campeão da Copa do Brasil em 2003, pelo Cruzeiro. Após encerrar a carreira, treinou o Genus, de Rondônia, mas se encontrou no Athletico, clube em que atuou antes de chegar à Colina. Contratado para ser auxiliar na base do Furacão, alçou vôos mais altos: hoje, é gestor técnico do clube. |
Campeão do Mundo em 1994, Jorginho defendeu o Vasco já na reta final de sua carreira. Aposentou-se no Fluminense, em 2001. Como técnico, o ex-lateral-direito teve duas passagens pela Colina: 2015 e 2018. Na primeira, foi campeão carioca de 2016 de forma invicta. Hoje, está sem clube. |
Volante 'carregador de piano' nos principais títulos vascaínos da época, Nasa deixou o Vasco em 2001. Passou pelo futebol japonês e por América-PE, Icasa, Guarani de Juazeiro e Madureira. Aposentou-se em 2005 e hoje é dono de construtora e empresário do ramo imobiliário em Juazeiro do Norte (CE). |
Parte do elenco pentacampeão mundial com a Seleção, Juninho Paulista passou pelo rival Flamengo duas vezes, voltou ao Middlesbrough e foi Bola de Prata pelo Palmeiras. Seu último clube seria o Sidney FC, da Austrália, em 2007, dois anos antes de assumir administrativamente o Ituano, clube que o revelou. Em Itu, voltou a atuar em 2010, ajudou a salvar a equipe do rebaixamento e emendou em aposentadoria defnitiva e num trabalho frutífero de dez anos à frente do clube, com direito a título Paulista em 2014. Em 2019, Juninho, então diretor de desenvolvimento da CBF, foi convidado a ser coordenador da Seleção Brasileira, cargo que ocupa até hoje. |
Um dos maiores ídolos do Vasco, Juninho deixou o clube rumo ao Lyon, da França, em 2001. Por lá, virou lenda e conquistou sete campeonatos franceses seguidos. Após passagem pelo mundo árabe, o 'Reizinho' voltaria ao Vasco em duas oportunidades. Aposentou-se em 2013, aos 39 anos, durante a terceira passagem pela Colina. Juninho atuou como comentarista de TV por alguns anos e, em 2019, assumiu com diretor esportivo do Lyon, cargo que ocupa no momento. |
Outro queridinho da torcida do Vasco, Pedrinho segue muito próximo ao clube. Após carreira vitoriosa, o cria da base deixou a Colina rumo ao Palmeiras. Passou também por Palmeiras, Santos, Fluminense, pelo mundo árabe e voltou ao Vasco em 2008, no ano da primeira queda. Fez os últimos jogos da carreira pelo Olaria, em 2012, e ganhou jogo de despedida contra o Ajax, em São Januário. Depois de encerrar a carreira multicampeã, foi auxiliar técnico no Cruzeiro e no Tigres do Brasil. Hoje, Pedrinho é comentarista do Grupo Globo e segue envolvido com a política vascaína. Desta lista, é o único que foi reserva em ambas as partidas da decisão — entrou no decorrer dos jogos. |
O 'filho do vento' Euller (esquerda) foi um dos principais companheiros de ataque de Romário na carreira. Após deixar o Vasco, em 2001, passou pelo futebol japonês e pelo São Caetano, mas foi em três passagens pelo América-MG, clube que o projetou para o futebol, que Euller reforçou sua idolatria. Já no fim da carreira, foi campeão brasileiro da Série C e da Segundona do Mineiro. Aposentado desde 2011, o ex-atacante é técnico do Safor Club, da sétima divisão da Espanha. Por lá, vem fazendo cursos da Uefa para técnicos. |
Um dos artilheiros e melhor jogador da competição, o 'baixinho' Romário teve outras duas passagens pelo Vasco, em 2005 e 2007. Na segunda, ganhou estátua em São Januário após marcar o milésimo gol da carreira pelo clube, sobre o Sport. Lenda do futebol, Romário se aposentou em 2009, após atuar pelo América. Hoje em dia, o Baixinho se dedica à carreira política. Foi deputado federal e é atual Senador da República pelo Rio de Janeiro. |
Joel Santana, o 'Papai Joel', assumiu uma bomba naquele período. Com a responsabilidade de substituir Oswaldo de Oliveira, demitido por atrito com o então presidente Eurico Miranda, o técnico levou a Copa Mercosul de 2000 e a Copa João Havelange, na qual assumiu a partir da semifinal contra o Cruzeiro. Figura icônica do futebol brasileiro, Joel acumula 11 títulos estaduais. Desde os sucesso na Colina, passou novamente por todos os quatro grandes cariocas e esteve à frente da seleção da África do Sul por dois anos antes da Copa do Mundo no país. Seu último clube foi o Black Gold Oil, da quinta divisão dos Estados Unidos. Atualmente, Joel mantém um canal no Youtube. |
Fonte: O Globo Online