Luxemburgo, sobre desafio no Vasco: 'Não é uma coisa nova, é uma coisa que eu tenho coragem para fazer'; veja tópicos da apresentação
Anunciado no último dia 31, Vanderlei Luxemburgo iniciou sua segunda passagem pelo Vasco no último sábado. Nesta segunda-feira, no CT do Almirante, foi a vez de o treinador conceder a primeira entrevista coletiva desde o retorno. Ele afirmou que aceitou a convocação por não ser covarde.
- Não foi um convite, foi uma convocação. É uma experiência nova esse campeonato de 12 jogos. Estou muito orgulhoso de voltar em um momento em que todos nós temos que nos colocar à disposição. Não vamos brigar contra o rebaixamento, nosso pensamento é a manutenção do Vasco na Primeira Divisão. Vendo o momento do Vasco, restando 12 jogos, e vendo o que o Vasco fez por mim. Comecei a carreira aqui, no ano passado consegui botar o Vasco na Sul-Americana. Nesse momento é muito difícil as pessoas aceitarem, mas eu não sou covarde. Estou aqui - disse Luxa.
A primeira passagem de Luxemburgo pela Colina, compreendida entre maio e dezembro de 2019, foi composta por 15 vitórias, 12 empates e 10 derrotas. Foram 34 jogos oficiais, todos válidos pelo Brasileiro, e três amistosos.
Veja os temas abordados pelo treinador:
Salários
- Se tivesse ficado algum resquício, eu não teria voltado ao Vasco. Duas pessoas discutem uma renovação. Não chegou a um acordo, não chegou. Não tem problema. Eu discuto o "para frente". O Vasco fez muito por mim. Quando o Campello me chamou, falavam que eu estava acabado. E a gente
- Tenho até o dia 24 para trabalhar. Se nós não conseguirmos manter o Vasco na Série A, eu vou receber um mês de salário para o que? Deixei para o final uma premiação caso o Vasco se mantenha. Não vou trabalhar de graça, mas vou receber se atingirmos o objetivo.
Luta contra o rebaixamento
- Temos cinco jogos de confronto direto. Vamos pensar nisso, a nossa manutenção passa muito por esses jogos. Conversei com os jogadores, muitos me conheciam. Sabem como eu gosto das coisas.
Talles Magno
- É um moleque que foi lançado aqui com 16 anos. Eu vi num coletivo de reservas dos juniores contra reservas do profissional. Vi esse jogador altão, mexendo com a bola, perguntei quem era. Falaram que estava no banco porque tinha 16 anos, pedi para deixar comigo. Estou conversando com ele e já estou identificando as coisas que aconteceram com ele. É um menino.
Cheguei aqui, ele estava no vestiário fazendo massagem na mão. Perguntei se era goleiro, ele falou que estava com dor. Eu falei: "Sai daí, rapaz, vai chutar bola". É um menino bom, ele ouve, tenho certeza de que vai voltar a jogar o que jogava, é questão de ter confiança e deixar ele jogar. Ele é irreverente. Se tolher esse jogador de botar para fora o talento dele, esquece que ele não vai jogar futebol.
Tem que deixar ele fazer tudo aquilo que os outros não sabem fazer. Ele vai ser incentivado a voltar a fazer aquilo que ele fez em São Januário, quando deu uma lambreta num jogador do Fortaleza, o cara foi expulso, nós ganhamos o jogo. Tem que voltar a fazer a arte de jogar futebol. Ele tem, os outros não têm. "Ah, mas ele não consegue marcar". Claro, se ele conseguisse, não seria o jogador que ele é para frente. Tem que dar a chance de ele poder mostrar seu potencial novamente.
Relação com a torcida
- Nas pesquisas no ano passado, os vascaínos falavam que eu era o único molambo que eles gostavam. Eu tenho um carinho muito grande. Tem um problema muito grande esse ano: nós não temos o torcedor. Mas nós temos a mídia, torcedor do Vasco. Precisamos que vocês congestionem a mídia social. Se derem porrada na gente, deem ao contrário. Se só tiver pancadaria, não vai ajudar. Eles podem ajudar muito através da mídia social.
Sistema de jogo
- O Vasco tem 12 jogos decisivos, e o primeiro ponto é não tomar gol. Não tomando gol, você já partiu do resultado de empate. Se você fizer 0,5 a 0, você ganha três pontos. Se você vencer três jogos, ganha nove pontos, que acrescenta muito. Se o time puder ser reativo, vai ser. Se puder ser pró-ativo, vamos fazer. Gol vai sair, até porque temos um goleador que bota a bola para dentro se ele chegar. Gol nós vamos fazer.
Técnicos estrangeiros x brasileiros
- Essa discussão de estrangeiro e brasileiros existe sem uma necessidade. Tem espaço para estrangeiro e brasileiro. O que não pode acontecer é que vieram estrangeiros, e os brasileiros passaram a não prestar. Teve estrangeiro que veio e fez bom trabalho e teve estrangeiro que não fez. Não quero saber o que o Sá Pinto fez, quero saber o trabalho que vou fazer. Acho que há uma desvalorização muito grande dos técnicos nacionais. Tem bons e ruins brasileiros e estrangeiros.
Uso de jogadores da base
- Todo mundo sabe que gosto de olhar para a base. O Pec subiu comigo no ano passado e ele era um filé de borboleta. Ele encorpou, e as jogadas dele são mais decisivas do que antes. Gostei muito, mas gostei da equipe. Todo mundo acha que essa equipe ser colocada no time de cima vai salvar o Vasco da Gama. Calma! Vi o Riquelme jogando, é muito garoto, é muito franzino. O paraguaio chega bem, mas falta alguma coisa. Em todos falta alguma coisa. É muita responsabilidade para um grupo que acabou de ganhar um campeonato.
- Já temos alguns garotos da base do Vasco que já estão comigo. Caso do Juninho. Forte e meio indolente. Meio irresponsável. É meio Talles, gosta de jogar bola e fazer a coisa diferente. E fora de campo gosta de dar um namorada, eu também gostava. Achar que isso é ruim é que não está certo, não (risos).
Trabalho de apenas 12 jogos
- Você tem que antecipar etapas. Muitas coisas que faria com tempo de planejamento já serão feitas de imediato. Você vai ter que começar a montar a equipe acelerando e antecipando. O pensamento de uma temporada inteira está fora. Obviamente sem sacrificar a parte física dos jogadores. Estamos num final de temporada. Tem que arrebentar os caras porque eles estão na confusão. Você tem que dar tranquilidade para eles saírem com calma. Eles vão entrar bem preparados para jogar contra o Atlético de Goiás e para os jogos que vêm pela frente.
Comparação entre Vasco 2019 e 2020
- A base foi mantida, a base está praticamente aí. Os da base eu também já conhecia. O trabalho vai ser muito facilitado em cima disso aí. Acho que quando a Patrícia me convocou para o Flamengo em 2010, também estava numa situação parecida. Conseguimos escapar e ficamos na Primeira Divisão. Não é uma coisa nova, é uma coisa que eu tenho coragem para fazer. Vamos botar toda a experiência com a coragem para fazer arregaçar a manga. Temos muito trabalho a fazer.
Trabalho no novo CT
- Quando tive no ano passado, essa coisa não acontece da virada para a noite do vida. Não deu certo. Hoje estamos rindo e brincando, faz parte do futebol. O Vasco está começando um pontapé. Estou feliz de estar dentro de um centro de treinamento, que é um avanço. É o ideal? O São Paulo, que o Pássaro trabalhou, começou com um barracão. Depois passou a ter o melhor centro de treinamento do Brasil.
- Depois a gente tinha um alugado com vestiário acanhado, o campo alagava. Hoje você tem a sua sala, o departamento médico é totalmente diferente. Você vê uma evolução. Conquista de um CT é muito grande para o clube.
- Você não consegue trazer tudo isso da noite para o dia. São coisas gradativas. O que tem de entender é que o Vasco é para Top-6. Isso o Campello quer, o Salgado quer, o torcedor quer. Vasco tem um estádio. Se remodelar igual ao do Athletico Paranaense, vira arena modelo igual ao do Palmeiras. Queria falar disso porque eu trabalhei da montagem, das conversas (sobre o CT). Quando chego aqui e participei das primeiras reuniões, eu falo: "Opa, temos um local para trabalhar". Tudo isso é uma conquista.
Preparação física
- O perigo da parte física, e veio o (Antônio) Mello como coordenador de preparação física e o preparador Daniel (Félix). Eles vão estar juntos com fisiologista e com a parte de Ciência do Vasco da Gama. Você vai ter semana livre, vai reparar que o atleta não está no ideal e vai querer atacar a parte física. Não, você não consegue acertar isso em uma semana. Vamos usar a parte técnica e tática e 20%, 30% na parte física.
Continuidade do trabalho
- O Diniz está sendo campeão brasileiro e deve ser o campeão brasileiro, o Raí disse para não perguntarem mais sobre a possível saída do Diniz porque ele continuaria no São Paulo até o fim do Brasileiro. Se você pegar o Andrés quando o Corinthians perdeu a classificação na pré-Libertadores, ele disse: "Sai todo mundo, mas não sai o Tite".
- Quando você tem um dirigente que tem aquilo roxo e banca o profissional, você pode ter certeza que vai ter resultado. É uma coisa que observei. Foi assim comigo no Palmeiras em 1993, a torcida queria me tirar com 30 dias, e o Mustafá me segurou.
Vasco com problemas de transição?
- A transição ofensiva não se dá pela velocidade, se dá pela bola. Você tem que posicionar o jogador corretamente para que ela chegue com qualidade. Um campo 104 por 68. Se você dividir o campo em três terços, você ocupando os terços você vai estar compacto. Tanto a transição ofensiva quanto defensiva vai ser rápida.
Fonte: ge
Felippe Rocha @28FelippeRocha
Luxemburgo: "Terceira vez. Não podemos esquecer. Minha história de futebol começou aqui. O primeiro time que dirigi foi aspirantes do Vasco no Maracanã. Tenho história lá de trás. E o Campello também. Somos velhos de idade e somos amigos de muito tempo." #lanceVAS
"Voltar ao Vasco da Gama, eu voltava de Covid, com tosse, resquício. Fica no corpo da gente. Vendo o momento do Vasco, vendo o que o Vasco já fez comigo. Tive o prazer de dirigir o Vasco da Gama ano passada,. Eu não sou covarde. #lanceVAS
"É hora da colaboração. Entendi que era uma convocação. Vai ser um campeonato de 12 jogos. Estou muito orgulhoso de voltar ao Vasco. Vai ser muito importante não brigar contra o rebaixamento, outra é pensar na manutenção do Vasco na primeira divisão." #lanceVAS
"Essa Covid é uma loteria. A gente não sabe o que vai acontecer. Entubou é para lá ou para cá. Eu, graças a Deus, não entubei. O Brasil não oferece de possibilidade. Vidas poderiam ter sido salvas se tivéssemos uma condição melhor." #lanceVAS
"Conversei com o Campello muito rápido, também com o Pássaro. Não teve dificuldade nenhuma. É boa. Não é desafio. Não podemos pensar o para frente com 12 jogos para decidir nossa vida. Claro que a prioridade vai ser renovação, dar continuidade." #lanceVAS
"Mas uma coisa é ficar na primeira divisão. Outra é não conseguir." #lanceVAS
"Se tivesse resquício (a receber) eu não estaria aqui. Negociação não houve acordo e tudo bem. Eu me senti na obrigação. Quando Campello me chamou só falavam que eu estava acabado. Foi um trabalho muito bom. Eu tenho até o dia 24 para trabalhar. #lanceVAS
"Se eu não conseguir o objetivo, vou receber um mês para quê? Deixei para o final, uma premiação, se o Vasco ficar. Não vou trabalhar de graça. Foi coisa minha, em consenso com a diretoria. Vencendo o objetivo, sim. " #lanceVAS
"Temos cinco jogos com concorrentes diretos. Serão tratados de maneira direcionada para isso. Nossa manutenção passa por eles. A maioria dos jogadores já me conhecia. Começamos uma situação. Domingo fizemos um treino de tempo integral. Estar junto." #lanceVAS
"Fizemos o full-time, vejo ambiente tenso, que inibe o jogador de produzir, mas eles estão com a responsabilidade de saber o que fazer. Quero ambiente responsável, não tenso. Isso vem em saber a grandeza e tradição do Vasco. #lanceVAS
"É isso que estamos começando a passar. O Vasco tem toda condição de ficar. Temos toda condição. Antes, tínhamos mais jogos. Nosso campeonato terá 12 jogos." #lanceVAS
"O Talles eu vi num coletivo de reserva com juniores. Falaram que tinha 16 anos, que estava no banco. Eu falei: "qual o problema?" Eu estou conversando e identificando o que aconteceu com ele. Ele é menino." #lanceVAS
"Estava fazendo massagem na mão. Ele falou que estava com dor. Eu falei para ele ir chutar bola. Ele é um menino bom, que ouve e que sabe jogar. Ele é irreverente, não pode tolher ele. Tem que deixar ele fazer tudo que os outros não sabem fazer." #lanceVAS
"Vai ser estimulado a fazer tudo que sabe fazer, que é a arte de jogar futebol. Se ele conseguisse marcar, ele não seria o jogador que é para frente." #lanceVAS
"O estádio estava sempre bonito. Falavam que eu era o único mulambo que eles gostavam. Temos agora o problema de não ter o torcedor. Mas temos a mídia. Precisamos que entrem nas mídias sociais apoiando." #lanceVAS
"Congestionando mesmo. Se só vier não vai ajudar. O torcedor pode ajudar muito a gente na mídia social." #lanceVAS
"Eu estou entregando o outro para o bandido? O Vasco tem 12 jogos decisivos e o primeiro ponto de uma equipe é não tomar gol. Não tomar gol, precisa do resultado. Já parte do empate. Se jogar três jogos de meio a zero temos nove pontos." #lanceVAS
"Tem que jogar com inteligência. Reativo ou proativo. O mais importante é ter 11 jogadores que não vão deixar o gol do adversário sair. Gol nós vamos fazer, até porque temos um goleador." #lanceVAS
"Pec era filé de borboleta. As jogadas dele, hoje, são mais decisivas. Ele consegue jogar com a esquerda do lado direito. Mas temos que ter interrogação. Acham que se botar todo mundo no time de cima vai salvar o Vasco. Calma." #lanceVAS
"Podemos queimar toda uma geração. Não pode pegar dez jogadores e botar toda essa responsabilidade. Vão ser aproveitados gradativamente. Tem garotos aqui também. Juninho é forte e meio indolente. Meio Talles. Gosta de jogar, fazer a coisa diferente." #lanceVAS
"E também gosta, fora de campo, de dar uma namorada." #lanceVAS
"Temos que antecipar etapas. Temos que fazer de imediato. Não pode entrar numa fase que entraríamos daqui a dois meses numa temporada normal. Vai ser pensamento de uma temporada. Antecipando tudo, sem sacrificar o físico dos jogadores." #lanceVAS
"Temos que acrescentar o que vai melhorar. Temos que dar qualidade ao trabalho. Dando nosso conhecimento. Para eles entrarem preparados contra o Atlético-GO." #lanceVAS
"A base foi mantida. Conhecemos bem. Da base também. Só lembrando também. Acho que quando a Patrícia me convidou para o Flamengo, conseguimos escapar. Não é que eu tenha coragem. Tem que ter competência e coragem de quem acredita que vai dar certo." #lanceVAS
"Eu estive aqui em 2019. Essa coisa não acontece da noite para o dia. Faz parte do futebol. O Vasco está começando, um pontapé. Estou feliz de estar num centro de treinamento. É o ideal? Não. Mas ninguém começou com o ideal." #lanceVAS
"Ter semana livre, achar que o jogador não está no estágio ideal e escangalhar o jogador não vai dar certo no final da temporada. Vamos na parte técnica, tática e 30% na parte física. Acho que é bem por aí." #lanceVAS
Fonte: Twitter do jornalista Felippe Rocha/Lance