A queda na Sul-Americana, nesta quinta, diante do Defensa y Justicia, vai muito além das quatro linhas, onde o Vasco tem ido muito mal das pernas. É claro que a eliminação acaba com qualquer possibilidade de título na temporada, mas também tem influência nos cofres do clube e aumenta a temperatura nos bastidores inflamados pela política e entre os torcedores. Ribamar, Torres e companhia pecaram muito na derrota por 1 a 0, mas o português Ricardo Sá Pinto agora vê a pressão crescer - e muito - sobre si, já que esperou 31 minutos para fazer sua primeira mexida, tanto em relação a peças quanto ao esquema com três zagueiros.
As reações sobre a demora de Sá Pinto em mexer foram bem raivosas nas redes por parte de torcedores vascaínos, e a lua de mel já não é mais a mesma.
Caso avançasse às quartas de final, o Vasco garantiria premiação de US$ 600 mil (cerca de R$ 3,1 milhões). E não faltaram chances, mas Ribamar mais uma vez deu amostras de que não deu liga com a Cruz de Malta. Perdeu três chances incríveis e encerrou sua jornada com furada bizarra. O colombiano Torres também desperdiçou oportunidade cristalina.
A campanha na Sul-Americana era uma espécie de alento em meio às frustrações domésticas. Até então invicto no torneio da Conmebol, o Vasco derrapa rodada após rodada no Campeonato Brasileiro, e a luta contra o quarto rebaixamento é uma realidade cada vez mais próxima.
No Z-4, o elenco foi cobrado por membros de organizadas na entrada do CT, antes do treino de quarta-feira. Nas redes, membros de facções convocaram novo manifesto para esta quinta, mas este acabou não se concretizando. Precavido, o Vasco pediu reforço na segurança, e a Polícia Militar deslocou 22 viaturas para a entrada principal de São Januário.
Antes mesmo de sofrer muitas críticas pela demora em mexer contra o Defensa, Sá Pinto, que está há menos de dois meses no Rio de Janeiro, já tinha o trabalho contestado. Se internamente ainda tinha o apoio da direção e até dos possíveis futuros presidentes do Vasco – Jorge Salgado e Leven Siano já se manifestaram favoráveis ao treinador -, no termômetro das redes sociais a temperatura é diferente, e o português é criticado por suas opções, como a falta de oportunidades para Juninho, e pela ausência de poder ofensivo da equipe.
Na última segunda, após a goleada por 4 a 1 para o Ceará, em São Januário, o tom aumentou no vestiário. O presidente Alexandre Campello revelou que cobrou a todos: jogadores, comissão técnica e diretoria.
A eliminação também tem peso político e dá mais munição aos críticos da gestão de Campello. Apoiadores de Leven Siano, por exemplo, pressionam para que o dirigente aceite ajuda e inicie o processo de transição, apesar de a eleição do Vasco estar sub judice.
Em caso de título, Vasco faturaria outros R$ 35 milhões além dos R$ 3 mi por eventual vaga nas quartas
Os R$ 3,1 milhões que entrariam em caso de classificação diante do Defensa seriam um valor considerável para o momento que o clube atravessa e representaria, por exemplo, 75% de uma folha salarial. O Vasco deve os salários de outubro para jogadores e funcionários.
Além disso, caso seguisse avançando na Sul-Americana, o Vasco receberia prêmios ainda mais polpudos. Seriam R$ 4,1 milhões por chegar às semifinais, mais R$ 10,2 milhões se alcançasse a decisão, e R$ 20,5 milhões caso fosse campeão. No total, juntados as próximas três fases, o time poderia receber aproximadamente R$ 35 milhões.
Fonte: ge