Beach Soccer Feminino: Danni Barbosa jogou com Marta e Pretinha no campo antes de migrar para a areia; conheça sua história
Danni Barbosa é atleta da Seleção Brasileira de Beach Soccer e do Vasco. A jogadora está pela quarta vez no time Cruzmaltino e foi cinco vezes campeã Brasileira defendendo a Cruz de Malta nos anos de 2000. Danni teve a honra de jogar com a melhor jogadora do mundo, Marta, e Pretinha. Ambas no Vasco. Em um bate-papo informal ela conta a história dela com o Beach Soccer, a relação com o Vasco, fala sobre os desafios da modalidade e relembra os melhores momentos da carreira. Do mesmo modo que muitos atletas, Danni não teve um começo de vida fácil. A Atleta explica como foi o início desse sonho que ela vive hoje:
– Comecei jogar futebol com 10 anos de idade. Sou natural do Rio de Janeiro, moradora de comunidade e no início foi muito difícil. Hoje ainda não é fácil, porque não teve a melhora que a gente esperava dentro do esporte. O Beach Soccer vem dando um espaço bem legal para as mulheres que gostam do esporte. Antes nós não tínhamos esse lugar, mas ainda estamos longe do que desejamos. Acredito que em uma década iremos melhorar bastante trazendo benefícios para modalidade- Explicou Danni sobre os desafios do esporte e o inicio do Beach Soccer na vida dela.
A atleta começou muito cedo no esporte e três anos após iniciar no futebol, ela foi jogar no Club de Regatas Vasco da Gama. Através de uma oportunidade especial, após várias batalhas, ela pode jogar na adolescência ao lado de Marta e Pretinha. Essa lembrança, Danni guarda com muito carinho na memória e agora compartilha com a torcida vascaína:
– Eu tive a oportunidade de jogar anos atrás com a Marta e Pretinha. As duas são atletas que construíram grandes histórias dentro do Club de Regatas Vasco da Gama. Em 1995 foi quando começou a minha história dentro do Vasco. Eu tinha 13 anos na época. Cheguei aqui tão jovem, mas já me deparei com atletas de peso. Entre elas, a pretinha que eu tive a oportunidade de jogar. Em seguida também chegou a Marta, que era muito jovem. Elas já eram do profissional e me davam muitas ideias do que fazer em campo para não ficar para trás. Quando eu sai do campo para areia e teve a apresentação da primeira Seleção Brasileira de Beach Soccer, a Pretinha foi nos prestigiar. Ela deu o pontapé inicial. Eu fiquei muito lisonjeada, porque não esperava. Pretinha é quem eu mais admiro e eu fiquei super feliz por ela ter ido lá.
Vivendo o Vasco e entendendo a história do Clube, Danni foi impactada pela Cruz de Malta. Ela percebeu desde cedo o valor da camisa do Gigante da Colina e soube honrar muito bem. A atleta criou uma relação bastante positiva com o clube, por isso isso teve mais de uma passagem por São Januário. A futebolista conta como se tornou vascaína:
– Hoje eu digo que sou vascaína. Nunca tive uma relação tão forte com nenhum clube, mas eu sempre gostei de pesquisar as histórias. Fiquei encantada com a trajetória que o Vasco tem e eu não vi isso em nenhuma outra instituição. Se pegar os quatro grandes times do Rio de Janeiro, o Vasco tem a história mais bonita. É o que o clube representa. Fiquei apegada ao Vasco por esse motivo. Não é a toa que estou voltando pela quarta vez para o Vasco.
Vascaína, experiente, habilidosa e com diversas passagens pelo clube do coração, Danni relembra o momento emocionante que ela foi convidada para voltar a vestir a defender a camisa Cruzmaltina nas areias:
– Eu estava em casa e me contaram que o Vasco estava querendo montar o time feminino de Beach Soccer. Perguntaram a minha opinião e eu afirmei que achava sensacional. Ano passado joguei na Itália e nas férias passei por outro clube no Brasil, que não vem ao caso falar agora. Eu estava buscando uma outra casa. O Vasco foi um clube que sempre abriu a porta para o futebol feminino e quando veio a oportunidade abracei na hora.
É válido destacar que a futebolista não se destaca só na areia. Danni também jogava futebol de campo, futsal e futebol 7, mas foi o Beach Soccer que conquistou o coração da atleta. Chegou um momento que a jogadora precisou escolher, pois praticar vários segmentos poderia aumentar o risco de causar lesões seríssimas. Ela conta como foi uma parte desse percurso explicando o que significa a modalidade na vida dela:
– O Beach Soccer para mim é alma, vida e a sensação de respirar em ar livre. O campo era sempre a minha segunda opção, mas se tornou a primeira por ter um pouco mais de valorização. No Beach Soccer feminino ainda não temos reconhecimento que merecemos, mas estamos buscando essa igualdade. O que me fez afastar um pouco do Beach Soccer foi a questão da valorização do campo. Eu larguei tudo para jogar o futebol de campo, mas depois precisei abandonar porque deu uma desvalorizada maior. Agora deu uma levantada com a Seleção Brasileira e pela obrigação dos grandes times incluírem a modalidade.
Danni tem experiências internacionais. A atleta já jogou no Japão, Coréia, China, Itália e Estados Unidos. A última passagem da jogadora foi pela Itália. Fazendo uma comparação entre a realidade do Brasil e da Itália, Danni fala sobre essas diferenças em relação ao exterior:
– Jogar futebol aqui e na Itália é um abismo muito grande. Lá eles tem uma escolinha, ou seja, o começo. É a base, chupetinha, ensinar etc. No Brasil nós não temos isso, enquanto no exterior eles vivem desde cedo. Aqui no país nós estamos muito atrás em tudo. Lá fora eles são unidos e com muitas competições. O Brasil ainda está engatinhando nesse sentido. Na Europa a mesma forma que eles tratam o homem, eles tratam a mulher. Aqui em alguns momentos já ouvimos gritos preconceituoso. Antigamente não podíamos nem pisar no campo, mas agora evoluímos bastante e ainda precisamos melhorar mais.
Multicampeã e desejando alcançar novos objetivos, Danni relembra para a torcida vascaína os títulos mais importantes que ela conquistou ao longo da carreira. Alguns de forma coletiva e outros individuais:
– Em 2020 fui campeã do Campeonato Carioca de Beach Soccer e artilheira da competição. Em 2019 fui quarto lugar no campeonato da Heroínas, terceiro lugar na Copa do Qatar, segundo lugar na Sul-americana no Paraguai, campeã do Campeonato Carioca, recebi o título de melhor jogadora, sou cinco vezes campeã Brasileira pelo Vasco da Gama pelos anos 2000.
Finalizando a conversa, Danni quis deixar um recado para as meninas que estão começando e sonham em atingir grandes objetivos. A jogadora enfatizou que em primeiro lugar elas não podem abandonar os estudos, destacou a importância de ser sempre humildee garantiu que elas precisam sempre manter a cabeça erguida. A atleta afirma que essa é a fórmula para o sucesso, além de muitos treinos e disciplina.
Fonte: Site oficial do Vasco