Campello diz que Vasco não será tomado de assalto e sugere nova eleição só entre Leven e Salgado
Terça-feira, 17/11/2020 - 16:54
Depois de, no início desta tarde, enviar carta à torcida do Vasco na qual resumiu seu mandato, citou problemas enfrentados e atacou adversários políticos, o presidente Alexandre Campello concedeu coletiva em São Januário nesta terça-feira. Depois de tentar explicar a existência de dois pleitos, pediu um consenso aos candidatos e fez duras críticas a Luiz Roberto Leven Siano, mesmo sem citar o nome do líder da Chapa Somamos, o mais votado na eleição presencial do último dia 7.
- Peço aos candidatos que cheguem a um consenso, mas que botem o Vasco no primeiro lugar. Vou passar o cargo com toda a isenção para quem a Justiça decidir. O Vasco não será tomado de assalto. O Vasco tem um presidente até o dia 15 de janeiro pelo menos. E que vai continuar trabalhando com o mesmo afinco e com a mesma determinação que o fez até aqui.
A alusão direta a Leven Siano tem dois pontos cruciais. Vale lembrar que, em coletiva no último dia 9, o candidato da chapa Somamos afirmou que Romário poderia ensinar Ribamar a fazer gols. Em entrevistas e redes sociais, citou jogadores que pretende contratar e tratou o italiano Balottelli como "muito próximo do Vasco".
- E aí vem um candidato, numa bravata, num rompante, numa fanfarronice, critica jogador e diz como ele deve jogar. Diz que vai trazer jogador. Será que essas pessoas não pensam no impacto que isso tem no time? Essas pessoas que querem assumir o Vasco precisam pensar na instituição, precisam pensar na imagem da instituição. Ter equilíbrio. É isso que se espera de um presidente: equilíbrio, seriedade e muita luta.
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Por que convocou a coletiva?
- Muitos de vocês têm me ligado, muitos sócios têm me questionado em relação à transição da diretoria administrativa do clube. Tivemos duas Assembleias Ordinárias (que define o presidente do Vasco). Uma assembleia no dia 7 e outra no dia 14, sendo a primeira presencial e a outra online. Foram cercadas de diversas liminares de um lado e do outro. A eleição do dia 7 pegou a todos de surpresa com uma decisão liminar do desembargador Ruliére às 20h de sexta. Fato este que causou grande desequilíbrio no processo eleitoral. Apenas 12 horas após essa tomada de decisão.
Isso causou grande desequilíbrio porque um dos grupos tinha conhecimento dessa possibilidade e dessa decisão. Assim, se preparou muito bem para esse processo. Os outros grupos não se prepararam. Nós, ao invés de nos prepararmos (como candidato), dedicamos toda nossa força para que o clube pudesse colocar de pé essa eleição atendendo essa decisão judicial.
Durante esse processo, a decisão de manter a convocação para o dia 7 foi suspensa, e aí a gente teve no outro sábado uma nova assembleia, desta vez online. No último sábado, um dos candidatos (Leven Siano) acaba conseguindo outra liminar que mantém a assembleia do dia 7 (risos). Hoje a assembleia do dia 7 está mantida, é o que temos de pé. Isso não quer dizer que a apuração seja legitimada. Isso ainda será fruto de discussões.
A diretoria administrativa do Vasco vai acatar o que for decidido pela Justiça. E hoje nós não temos uma definição, a não ser que a convocação para assembleia do dia 7 é a que tem valor.
Queria aproveitar e pedir aos candidatos que façam uma reflexão sobre todo esse processo. Estamos nisso há dois meses. E essa turbulência tem um impacto no clube, especialmente no futebol. A assembleia, seja qual for que a Justiça determinar que esteja valendo, elege o presidente para o próximo triênio. O Vasco não vai ser tomado de assalto. Existe uma diretoria administrativa com mandato até 15 de janeiro. A vida do Vasco está em jogo.
Tivemos período ruim, ficamos várias rodadas sem vitória, o time passou a apresentar uma melhora. A equipe se apresentou muito bem contra o Palmeiras, perdemos talvez por um pênalti infantil. Contra o Sport, tivemos uma vitória convincente, Germán Cano voltou a fazer gol, e isso não foi motivo de espaço nas mídias.
Atas com os resultados dos dias 7 e 14
- Recebemos duas atas porque tivemos duas assembleias. As duas foram protocoladas. Mas como eu disse, cabe à Justiça decidir quem de fato venceu a eleição. No momento, a assembleia que está valendo é a do dia 7. Isso não significa que os atos que ocorreram na assembleia são válidos. Às 20h, recebemos uma liminar que suspendia uma decisão que ratificava a assembleia. Naquele momento entendemos que deveríamos parar porque a partir dali nada teria valor. O Mussa se retirou, o vice Alcides Martins assumiu a mesa diretora e entendeu que deveria dar prosseguimento à votação.
O sistema de informática de identificação dos sócios já tinha sido desativado, mas eles resolveram que os sócios poderiam entrar. O Alcides Martins garantiu a mim e aos outros candidatos que não seria feita a contagem dos votos. Perguntei se poderíamos nos retirar, ele disse que sim e garantiu que as urnas não seriam abertas.
Depois de faltar luz, foi feita a contagem de votos. Respeito o Alcides, mas ele disse que eu já tinha que me retirar e não tinha como manter as urnas e São Januário. Isso não é verdade. Nosso vice de secretaria estava em São Januário.
Não cabe a mim julgar. Cabe a justiça. Repito: vou acatar a decisão judicial. E vou fazer a transição com a maior lisura possível, me colocando sempre a disposição do Vasco, mesmo depois da passagem de comando.
Proposta de um tira-teima entre Salgado e Leven
- Gostaria de convocar o presidente Mussa para quem a gente reúna os candidatos para tentar resolver tudo isso. Não digo uma nova eleição, mas para tentarmos chegar a um consenso. Seria muito interessante que o Mussa e os candidatos colocassem o Vasco em primeiro lugar. Abri mão de concorrer pensando no Vasco. Acho que seria justo os dois (Salgado e Leven). Um dos candidatos perdeu nas duas, e ele acreditava que seria o melhor. Então de repente seria uma boa uma nova eleição para o sócio decidir qual dos dois é melhor. Há tempo para isso.
Influência da eleição no clube
- A gente sabe que pesa. Não pesa só com jogadores, mas também com funcionários, em todas as áreas. Hoje conversei com um profissional da base, que tem a certeza que não permanecerá a partir de janeiro dependendo de quem entrará. Isso causa muito problemas para o clube
Benítez
- A última notícia que tenho é que tem um candidato (Leven Siano) que já contratou. Difícil caminhar com uma situação com essa. A nossa ideia era usar nossos parceiros em um projeto capaz de arrecadar os recursos para essa contratação. Mas toda essa situação (eleições) gera uma insegurança grande nos nossos parceiros. Temos até (15 de) dezembro para resolver. Vai depender muito da decisão da Justiça sobre a eleição. A partir daí podemos retomar as conversas junto com o Independiente e com o presidente eleito
Mais duras críticas a Leven Siano
Balotelli e Alex Teixeira
- Isso é até uma covardia com o torcedor vascaíno. Não sei se é desconhecimento ou má-fé. A inscrição para o Campeonato Brasileiro acaba no dia 20. Por um atleta sul-americano, por conta dos acordos do Mercosul, existe uma facilidade. Da Europa seria impossível trazer e inscrever alguém até sexta-feira. Não gosto de falar em números. Mas o Alex Teixeira, sozinho, ganha mais do que todo elenco do Vasco. A gente sabe que isso não vai acontecer. Aliás, o Vasco está virando chacota por conta desses nomes e dessas declarações.
Folha de R$ 23 milhões
- (risos) Não sei se devo rir ou chorar. Um verdadeiro absurdo. Mais um motivo para o Vasco virar chacota. Quem é do meio esportivo começa a rir. Não há menor condição de colocar uma folha de R$ 23 milhões da noite para o dia. Óbvio que se o Vasco continuar progredindo, vai aumentar sua folha. Não sei quem tem essa folha hoje em dia no Brasil. Se alguém tiver, é o rival. Então é a mesma coisa de você não ter o que almoçar e dizer que à noite vai comer camarão.
Fonte: ge (texto), Youtube Canal do Pedrosa (vídeo)