Beach Soccer: Catarino fala sobre sua trajetória na modalidade e importância de jogar pelo Vasco
Segunda-feira, 16/11/2020 - 03:15
O atleta de Beach Soccer do Vasco, Diogo Catarino, coleciona títulos e histórias com a camisa Cruzmaltina e da Seleção Brasileira. Além das conquistas da carreira, o zagueiro superou diversos obstáculos ao longo de sua caminhada e uma das dificuldades que enfrentou acabou o colocando para dentro da modalidade. O defensor cruzmaltino contou como foi que o Beach Soccer entrou na sua vida.
- Na verdade, a minha vida entrou no Beach Soccer. Eu não queria jogar, não me enquadrava. Só que uma lesão no tornozelo me proporcionou essa minha ida para o BS. Eu recebia diversos convites do Jr. Negão, até que eu decidi aceitar com o intuito apenas de fortalecer o tornozelo, por qual eu fiquei 3 meses sem poder apoiar o pé no chão (Fissura no maléolo medial).
Catarino detalhou mais sobre a lesão que sofreu e que acabou o colocando coincidentemente para dentro das arenas.
- Para ser mais exato, foi no ano de 2010 entre junho/julho. Eu treinava em um time da terceira divisão, perto do Estádio Edson Passos em Nilópolis, no campo do Nova Cidade. Durante um amistoso em uma dividida de bola, meu pé agarrou na grama e meu corpo foi pra frente, acabou que me machuquei sozinho.
Na época da lesão, Catarino morava na comunidade Chapéu Mangueira, no Rio de Janeiro. O atleta contou sobre a dificuldade para seguir com o tratamento.
- Foi um momento bem difícil, porque eu lembro que fui para o médico sozinho, não tinha apoio nenhum, mas tinha plano de saúde, então fui direto para um centro ortopédico pra fazer um raio-x e no mesmo dia já saí com o pé engessado. O exame constou que eu estava com uma fissura no tornozelo, mas graças a Deus não foi preciso operar. Eu tive que ficar três meses com gesso sem por o pé no chão, foi difícil porque na época eu morava em comunidade e precisava subir escadas, e toda semana eu precisava fazer o acompanhamento pra saber se estava calcificando.
Durante todo o acompanhamento da lesão, o zagueiro cruzmaltino afirmou que obteve a ajuda de sua mãe, Maria José, que sempre esteve o acompanhando durante suas idas ao médico e também contou com a ajuda de Jr. Negão e Marcel.
Após os três meses lesionado, Catarino iniciou as atividades de fisioterapia e jogava o futebol de onze na praia, não o Beach Soccer profissional. Após um convite feito pelo ex-jogador de Beach Soccer, Junior Negão, Catarino resolveu ingressar na equipe.
- Foi quando eu pensei em ir para fortalecer o tornozelo e também quando eu comecei a ir me motivando, a partir disso eu entrei para o Beach Soccer, devido a essa lesão. Posso dizer que Deus escreve certo por linhas tortas.
Catarino contou também que teve alguns momentos difíceis dentro do Beach Soccer na parte de adaptação. O atleta inclusive chegou a pensar em desistir de correr atrás de seus objetivos.
- Apenas falando de BS, tive muitas dificuldades, inclusive para me adaptar. Porque antes de eu começar a jogar profissionalmente o BS, eu era do campo. Pensei em parar quando teve um desafio na praia de Copacabana com arena montada. Eu já estava treinando (no Vasco) a alguns meses e realizei o treino oficial dentro daquela arena, que antes eu só podia acompanhar das arquibancadas na época do Jorginho, Jr.Negão... enfim. E sempre nos jogos levavam 12 no total e nesse desafio eu fui cortado e foram com 11. Foi o dia em que pensei em largar tudo.
No início, o Beach Soccer foi descoberto como apenas um esporte de lazer, algo para distrair a mente e hoje em dia já podemos dizer que é uma modalidade que muda vidas. Perguntei ao Catarino o que no ponto de vista dele falta para termos uma liga de alto nível, que daria mais reconhecimento aos nossos craques, e ajudaria numa profissionalização mais efetiva do Beach Soccer no Brasil.
- A nossa modalidade não tem apoio nenhum dentro do berço do futebol (Brasil). A Febsrj e a CBSB estão trabalhando, mas é muito difícil sem um apoio. Eu agradeço a Marinha do Brasil por proporcionar alguns atletas um salário (3Sg) e com isso nós podemos ser mais profissionais. Sabemos que os clubes no geral, é difícil de investir na modalidade por não ter um calendário fixo e por hoje em dia não passar na TV com frequência.
O atleta ressaltou também a importância de defender um clube gigante como o Vasco da Gama e comentou também sobre a diferença que a torcida faz nos jogos.
- É uma sensação inexplicável. A minha primeira competição com torcida pelo Vasco foi em Manaus (Centro Cultural Povos da Amazônia) pela Copa do Brasil de 2012, em uma arena fixa. O que a torcida fez dentro dessa arena, foi sacanagem (Foi um espetáculo). Era obrigação nossa sermos campeões, e fomos. Faz muita diferença, o que esses torcedores fazem nos quatro cantos do mundo, eu falo isso porque sempre quando eu estou com a Seleção Brasileira mundo a fora, sempre tem torcedores vascaínos com a camisa do Vasco e nos apoiando (Seleção).
Para finalizar, Catarino comentou sobre o jogo mais marcante de sua carreira até hoje.
- Mundialito de Clubes (2012). Nessa época eu ainda não estava na seleção, jogamos contra a base da seleção brasileira do momento pelas quartas de final e ganhamos de 1 a 0 com gol meu, em uma falta com uma distancia de quase de um gol para outro, e o goleiro era o Mão. Faltavam três décimos para encerrar o primeiro tempo. Quando acabou o jogo, eu não estava acreditando, no mesmo dia teria um jogo no campo, Vasco e Corinthians e o meu gol passou no intervalo desse jogo na Globo narrado pelo Leo Batista. Foi o dia que passou um filme na minha cabeça, e se hoje estou podendo vivenciar tudo isso, foi graças a Deus, ele que tem me sustentado e renovado as minhas forças, em todos os momentos.
Aos 20 anos, Catarino sofreu a lesão que acabou o colocando para dentro das arenas de Beach Soccer, atuando pelo Vasco da Gama e Seleção Brasileira. Hoje, aos 30 anos o atleta já disputou diversos campeonatos mundo a fora. Com isso, o atleta deixa seu recado para a galera.
- Para aquela pessoa que tem um sonho, saiba que Deus nunca dá um fardo maior do que podemos suportar, por mais difícil que seja. Seja persistente, acredite que dias melhores virão e continue trabalhando em silêncio e deixa falarem o que quiserem, há um tempo determinado para todas as coisas. E nunca será no nosso tempo!
Fonte: Supervasco