Salgado fala em 'desobediência judicial gravíssima' e conversa por aliança, mas não abre mão de candidatura
Pouco depois de Leven Siano (Somamos), candidato mais votado no sábado, apontar irregularidade da decisão do STJ de suspender a eleição do Vasco no sábado, Jorge Salgado (Mais Vasco), o segundo mais votado, fez duras críticas à condução do pleito por parte da mesa diretora na madrugada de domingo.
Segundo Salgado, a mesa diretora, composta por Alcides Martins (vice da Assembleia Geral), Roberto Monteiro (Conselho Deliberativo), Silvio Godoi (Benemérito) e Sérgio Romay (vice do Deliberativo), descumpriu o combinado entre as chapas, além da decisão judicial, uma vez que abriram as urnas lacradas para contar os votos.
- Havia sido combinado que as urnas ficariam lacradas, não haveria contagem. Foi uma combinação entre as chapas. Fui para casa, no dia seguinte acordo e vejo que a junta eleitoral descumpriu totalmente a decisão judicial, por continuar a eleição e ter aberto as urnas para contar votos sem nenhuma fiscalização das três chapas que se retiraram (Mais Vasco, Sempre Vasco e Rumo Certo). Não teve fiscalização, a contagem começou as 2h da manhã, sem luz em São Januário, só o Leven e o Frias participando. Isso mancha a imagem do Vasco. A Justiça tem que se pronunciar a respeito disso. Descumpriram a ordem judicial. Se eles são tão obedientes para atender uma decisão da Justiça de um dia para o outro, por que não acataram a decisão de suspender a votação. Só vale quando é favorável? A desobediência judicial foi gravíssima - acusou Salgado, em contato com ge.
Em entrevista coletiva nesta segunda, Leven Siano (Somamos) afirmou que entrará com pedido de reconsideração no STJ nesta terça e tentará derrubar a decisão que suspendeu a eleição do Vasco. Ele pediu que os demais candidatos e os poderes do clube reconheçam sua vitória na votação. Algo totalmente descartado por Salgado.
- Não vou carimbar essa eleição em hipótese alguma. Vou deixar a Justiça resolver, tem muitas evidencias do ponto de vista ilegalidade. Não sou advogado. Fui chamado pelo judiciário para participar da eleição e participei. Fui chamado judiciário para parar a eleição e parei. E eu me orientei pelo meu jurídico e pelo bom senso. Sou um cumpridor da lei. Vou fazer o que a Justiça determinar. Se a Justiça determinar que a eleição está mantida para sábado, vou participar no sábado.
Encontros com Campello e Sempre Vasco
Paralelamente à batalha jurídica, crescem os rumores sobre possíveis alianças em uma nova votação. Nesta segunda, por exemplo, Jorge Salgado almoçou em São Januário com Alexandre Campello (Rumo Certo), presidente e quarto mais votado no sábado. O candidato da Mais Vasco esclareceu o encontro, se mostrou aberto a receber apoio, mas negou que o motivo tenha sido para costurar um acordo.
- Vou falar com toda transparência. Havia uma reunião marcada nesta segunda, entre Campello e Mussa (presidente da Assembleia Geral). Eu fui chamado para alinhar como seria feita a eleição. O Mussa não foi. O Campello também teve uma outra reunião antes e atrasou tudo. Terminamos a conversa por volta de 12h30 e decidimos almoçar e São Januário. Não me escondi, tudo feito às claras. Foi um almoço amistoso entre duas pessoas que frequentam São Januário há décadas. Não houve nenhum tipo de entendimento do ponto de vista de apoio. Sou muito ético nessa questão. Quem quiser apoiar a Mais Vasco vem e apoia. Almocei, falamos um monte de coisa e muito pouco sobre eleição.
Outra possível aliança comentada é com a Sempre Vasco. No sábado, durante a votação, Salgado conversou com Julio Brant (Sempre Vasco). Há a expectativa de uma nova reunião ainda nesta segunda. O candidato da Mais Vasco se mostrou aberto a acordos, mas garante que não abrirá mão de sua candidatura.
- Estou aberto a conversas. A reunião hoje com a Sempre Vasco ainda não aconteceu, mas poderá acontecer. No sábado, eu e Julio falarmos, mas não chegamos a entrar nessa questão de aliança. É muito difícil. Ele tem compromisso com os eleitores dele, e eu tenho compromisso com os meus eleitores. Acho até que para o processo eleitoral seria muito bom ele levar a candidatura dele até o fim.
Entenda a polêmica na eleição do Vasco
Na noite de sexta-feira (6/11), a Justiça determinou que a eleição do Vasco acontecesse na manhã do dia seguinte, sábado (7/11). O pleito teve início às 9h55 e tinha previsão de terminar às 22h. Porém, no começo da noite, uma decisão do presidente do STJ, Humberto Martins, mandou suspender a votação.
Mesmo com a decisão do STJ, a mesa diretora da Assembleia Geral decidiu prosseguir o pleito. Pouco depois das 22h, quando ainda havia sócios na fila para votar, as luzes de São Januário foram apagadas e a votação encerrada. As urnas, em um primeiro momento, foram lacradas. Porém, a mesa diretora da Assembleia Geral não achou lugar para deixá-las e resolveu fazer a contagem às 2h.
Nesse momento, apenas apoiadores dos candidatos Leven Siano e Sérgio Frias continuavam na sede. Os correligionários de Alexandre Campello, Jorge Salgado e Julio Brant já tinham ido embora, assim como os três candidatos. Leven Siano foi o mais votado.
Na visão do presidente da Assembleia Geral do Vasco, Faués Cherene Jassus, o Mussa, a decisão do STJ que suspendeu a votação também deixou valendo a ação que marcava a eleição para o dia 14, próximo sábado, de forma online.
Fonte: ge