Confira a linha do tempo e os próximos passos da eleição do Vasco
Domingo, 08/11/2020 - 12:31
A manhã de eleição no Vasco neste sábado pegou muita gente de surpresa há cerca de 24 horas. O pleito marcado na última sexta-feira foi apenas mais um capítulo da confusa política vascaína. O ge refaz os passos desde o meio deste ano até o dia de hoje para tentar entender como chegamos até aqui e quais serão os próximos passos do processo eleitoral.

A discussão da reforma estatutária, iniciada no ano passado, dá origem à Junta Deliberativa Eleitoral, formada em junho para definir quais sócios teriam condições ou não para votar sobre a alteração do Estatuto do Vasco.

Depois de intermináveis reuniões marcadas por discussões, ausências do presidente Alexandre Campello e incontáveis ofícios, a reforma foi ratificada em Assembleia Geral Extraordinária no dia 30 de agosto, em sessão online - esta, porém, está sub judice. A mesma Junta Deliberativa realizou outras muitas sessões a fim de tratar das condições de voto na eleições do Vasco, conhecida tecnicamente como Assembleia Geral Ordinária. Trocando em miúdos, a que foi realizada no sábado, mas não terminou.



Confira os passos abaixo:

5 de junho - Presidente da Assembleia Geral convoca junta para revisar lista de sócios aptos a votar no Vasco


Presidente da Assembleia Geral do Vasco, Faués Cherene Jassus, o Mussa, convocou para o dia 10 do mesmo mês os outros quatro presidentes de poder para deliberar a respeito do quadro associativo. Ele, Alexandre Campello (Diretoria Administrativa), Roberto Monteiro (Conselho Deliberativo), Edmilson Valentim (Conselho Fiscal) e Silvio Godói (Conselho de Beneméritos).

Um fato, porém arrastou, a apreciação. Alexandre Campello não entregou a lista de sócios nas primeiras sessões previstas para junho. Entre faltas e adiamentos pedidos por conta de compromissos em federações, Campello chegou a ser ameaçado de suspensão ou até mesmo de exclusão do quadro social do Vasco.

Nesse ínterim, Roberto Monteiro, desafeto de Campello, e Edmilson Valentim conseguiram junto à Justiça decisão que determinava que o presidente do Vasco teria de entregar a lista.

A lista, enfim, foi entregue no final de junho e, após diversas discussões e brigas judiciais, definiu-se em 29 de julho que 8.807 associados estavam aptos a voto para referendar ou não a reforma estatutária. Mas isso se alteraria num espaço inferior a duas semanas...

10 de agosto - Justiça anula decisões da Junta Deliberativa sobre lista de sócios do Vasco


Há quase três meses a Justiça do Rio de Janeiro anulou as decisões da Junta Deliberativa sobre a lista de sócios com direito a voto: a inclusão dos não recadastrados e a exclusão dos anistiados (cerca de 746). Na mesma decisão, ficou estabelecido que cabe a Faués Cherene Jassus, o Mussa, presidente da Assembleia Geral, coadjuvado por Alexandre Campello, presidente da Diretoria Administrativa, a identificação dos associados que podem participar das votações.

29 de agosto - Justiça nega recurso de presidente do Deliberativo do Vasco para cancelar Assembleia Geral Extraordinária


O presidente do Conselho Deliberativo, Roberto Monteiro, teve negado recurso no qual pedia o cancelamento da Assembleia Geral Extraordinária. A escolha da empresa que realizou o pleito em ambiente virtual, Eleja Online, também gerou muitos ruídos. Por isso, Alexandre Campello queria que a AGE fosse realizada em 10 de setembro e não em 30 de agosto, como Mussa definiu.

Pela decisão ficou definido que os sócios do Vasco, então, votariam de maneira online pela aprovação ou não da eleição direta para presidente. Apenas este item seria avaliado, afinal, a reforma do estatuto foi retirada da pauta por outra decisão judicial.

31 de agosto - Assembleia aprova eleições diretas com 1.362 votos de sócios; resultado está sub judice


A Assembleia Geral Extraordinária aprovou as eleições diretas para presidente no Vasco. Após semana de idas e vindas com decisões judiciais, o resultado da votação online apontou 1.362 votos a favor (98%), 22 contra e seis em branco. Os efeitos deste resultado, porém, estão sub judice. No sábado, o desembargador André Emilio Ribeiro, no plantão do judiciário, concedeu liminar a dois sócios do clube que questionam ritos do processo comandado pelo presidente da Assembleia Geral, Faues Cherene Jassus, o Mussa. Por isso, suspendeu os efeitos da AGE até ser analisado pelo relator competente no Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro.

5 de setembro - Presidente da Assembleia Geral anuncia eleições presidenciais do Vasco para 7 de novembro


Uma semana após a Assembleia Geral Extraordinária online e novas sessões da Junta Deliberativa, Faués Cherene Jassus, o Mussa, anunciou que as eleições seriam realizadas em 7 de novembro. A esta altura, o número de sócios aptos a voto já havia sido alterado (reduzido para 7.981).

29 de outubro - Justiça devolve direito a voto de anistiados no Vasco, e resultado da eleição poderá ficar sub judice


Após quase dois meses de relativa calmaria política, houve nova intervenção jurídica nas eleições do Vasco no fim de outubro. Desta vez, ficou determinado que a eleição deveria garantir o direito a voto dos anistiados no pleito. Pela determinação judicial, os contemplados votariam "em separado" enquanto o mérito seguiria em discussão nas instâncias judiciais. Ou seja, o resultado poderia ficar sub judice, o que já aconteceu em 2017, quando a urna 7 foi anulada.

O voto em separado foi feito no último sábado na "urna 8". Assim que os sócios tomaram conhecimento de onde os anistiados depositariam suas cédulas, uma série de comparações e ironias vieram na internet, e a "urna 8" ganhou tratamento de "nova urna 7".

3 de novembro - Justiça acata pedido de Mussa e marca para o dia 14 a eleição online no Vasco


A Justiça do Rio de Janeiro havia atendido pedido de Faués Mussa e marcou para o dia 14 de novembro a eleição do Vasco. Pela decisão, a votação ocorreria de forma online. Vale lembrar que Mussa defendia a realização de um pleito exclusivamente via internet. Os candidatos Leven Siano e Sérgio Frias eram favoráveis a eleições presenciais, enquanto Alexandre Campello e Jorge Salgado preferiam o formato híbrido, com possibilidade de se votar em casa ou no clube. Julio Brant era favorável ao voto online.

A decisão, em caráter liminar, foi tornada pública pouco tempo depois de um encontro entre os candidatos em São Januário. Na reunião, os postulantes ao cargo fecharam um acordo para adiar o pleito, que fora marcado num primeiro momento para 7 de novembro e, após a decisão favorável a Mussa, remarcado para o dia 14.

6 de novembro - Desembargador derruba liminar de Mussa e marca eleição presencial no Vasco para este sábado


Até que chegamos, finalmente, à última sexta-feira. Em decisão publicada à noite, o desembargador Camilo Ribeiro Ruliére derrubou a liminar que determinava eleições online para o próximo dia 14. Tal movimento também remarcou o pleito para o sábado e instituiu que este seria realizado de forma exclusivamente presencial, em São Januário. Em nota enviada à imprensa às 23h08, o Vasco confirmou o pleito.

7 de novembro - Eleição no Vasco tem brigas pela manhã, é suspensa pela Justiça, mas mesmo assim termina a votação


Neste sábado, filas enormes em São Januário fizeram com que eleitores esperassem horas para poder votar presencialmente na sede do Vasco. Brigas e confusões do lado de dentro e de fora deram a tônica do pleito neste fim de semana. Às 20h25 a votação foi interrompida por causa de um pedido do presidente da Assembleia Geral, Faues Mussa, ao Superior Tribunal de Justiça. Inicialmente suspensa, os sócios que seguiram em São Januário votaram após a Mesa decidir dar continuidade mesmo assim, mas depositaram seus votos numa urna separada.

8 de novembro (madrugada) - Leven é o mais votado, mas ainda não leva


Apesar da decisão que suspendeu a eleição no início da noite de sábado, a mesa diretora do pleito do Vasco deu prosseguimento à votação. Pouco antes das 2h deste domingo, após procurar e não encontrar um lugar para deixar as urnas lacradas, a mesa decidiu abri-las e contar os votos. O candidato Leven Siano foi o mais votado (1.155 votos) na contagem que acabou às 4h20.

Pela decisão do presidente do STJ, a contagem de votos não tem efeito eleitoral no clube no momento.

Próximos passos: Mussa se organiza para votação online no dia 14, Leven tenta validar vitória


Vitorioso nas urnas no sábado, apesar de os números não terem validade, Leven Siano agora tenta validar sua vitória e derrubar decisão do STJ que suspendeu a votação. Além disso, ele pede a exclusão de Mussa, presidente da Assembleia Geral, do quadro associativo do Vasco.

- Nenhuma dúvida de que a gente vai cassar a liminar, a gente está preparado para enfrentar qualquer desafio no Poder Judiciário, esse é meu dia a dia. Sobre o Mussa, acho que precisa ser expulso do clube. Sua atuação não é isenta, não é imparcial. (...) O resultado mostra dados interessantes. A insatisfação do sócio com a administração do presidente Campello, que teve votação pífia. Outro que já se torna histórico por insistir, tentar e perder: Julio Brant. O sócio se cansou desse personagem - afirmou Leven.

Mussa, por sua vez, segue fielmente o que foi decidido judicialmente na tarde passada e garante já estar se mobilizando para a realização de eleições unicamente online já no próximo sábado.

- Esta Presidência da Assembleia Geral procurará os srs. candidatos para conversar e tentar obter algum consenso em torno da AGO (Assembleia Geral Ordinária) do dia 14/11/2020, cujos atos preparatórios, conforme decisão judicial ora restaurada, já se iniciaram.

Os próximos dias ou semanas prometem nova enxurrada de ações e reviravoltas. Será que teremos um novo presidente do Vasco ainda neste mês? Acompanhe os próximos passos aqui no ge.

Fonte: ge