Roberto Monteiro: 'Sou defensor do estatuto e contra a ingerência de fora para dentro'
Quarta-feira, 04/11/2020 - 10:43
O sócio do Vasco precisa, acima de tudo, ter resiliência. Com diversas nuances, a eleição presidencial do clube teve capítulos derradeiros ontem, primeiro com a decisão dos candidatos de se adiar o pleito e depois com a Justiça acatando a ação do presidente da Assembleia Geral, Faues Cherene Jassus, determinando que a votação aconteça 100% de maneira online e no dia 14 de novembro.
Mas afinal, após estas movimentações, quais ainda são as pendências e o que está por vir no processo eleitoral que definirá o presidente cruz-maltino para o próximo triênio?
Definição da empresa em reunião
Está marcada para amanhã (5) uma nova reunião entre os candidatos e os presidentes de poderes do clube. Em pauta, a definição da empresa que irá gerir a votação online.
Faues Jassus - conhecido na política vascaína como Mussa e que, segundo a Justiça até aqui, é o único responsável por definir as regras do pleito - já sinalizou anteriormente ser favorável a contratação da "Eleja Online", que administrou a votação virtual da Assembleia Geral Extraordinária (AGE), onde foi definida a eleição como direta pela primeira vez na história do clube.
O dirigente, porém, colocou como opções mais duas empresas para apreciação dos envolvidos no pleito.
Chapas precisam convencer Mussa por eleição híbrida
A decisão da eleição 100% online não agrada a maioria das chapas e nem a maioria dos presidentes de poderes. Somente o grupo "Sempre Vasco", do candidato Julio Brant, não se mostrou favorável, num primeiro momento, a um pleito híbrido, ou seja, com o sócio podendo escolher entre votar online ou presencialmente.
A "SV" se manifestou dizendo que prefere aguardar um parecer técnico da empresa que será contratada.
Entre os presidentes de poderes, Alexandre Campello, presidente da Diretoria Administrativa e que tenta a reeleição, e Silvio Godói, presidente do Conselho de Beneméritos, são favoráveis à eleição híbrida.
Roberto Monteiro, presidente do Conselho Deliberativo, e Edmilson Valentim, presidente do Conselho Fiscal, não compareceram à reunião e não se manifestaram.
Ao UOL Esporte, no entanto, Monteiro deu sua opinião sobre a decisão judicial.
"Sou defensor do estatuto e contra a ingerência de fora para dentro. Não existe isenção nenhuma do Presidente da Assembleia Geral. Sempre o que esteve por trás era a possibilidade de fazer a eleição com a empresa dele para beneficiar os filhos dele", disse o presidente do Conselho Deliberativo, numa insinuação de que os filhos de Mussa são integrantes da chapa Sempre Vasco.
Mussa não pretende mudar decisão
A Justiça acatou a ação de Mussa e determinou que a eleição aconteça 100% virtual e no dia 14 de novembro, mas este cenário pode mudar caso assim queira o presidente da Assembleia Geral.
O estatuto permite que o dirigente defina a data e o formato de acordo com sua avaliação, mas uma nova mudança não parece ser algo que agrade o dirigente.
Ontem no fim da noite, por exemplo, ele emitiu uma nota oficial confirmando que manterá as determinações judiciais, justificando que uma eleição híbrida exige mais tempo para a estruturação e cadastro dos sócios, o que irá infringir o estatuto, que em seu artigo 58 diz que o pleito precisa ser marcado na primeira quinzena de novembro.
Mussa também acusou Campello de omissão em não aceitar as sugestões previamente e de tentar se perpetuar no cargo por mais tempo.
Eleições municipais
Outro ponto que, teoricamente, dificulta uma eleição híbrida no dia 14 de novembro é o fato de São Januário receber as eleições municipais no dia seguinte. Segundo o Tribunal Regional Eleitoral (TRE), as zonas que receberão as votações precisam estar liberadas 48 horas antes. Logo, a sede estará impossibilitada, restando a opção de que se realize o pleito vascaíno na sede da Lagoa ou do Calabouço, caso desistam da eleição 100% virtual.
E os "off-Rio"?
A decisão de adiar a eleição causou revolta em sócios de fora do Rio de Janeiro que já haviam comprado passagem para o dia 7 de novembro. Alguns pretendem ingressar na Justiça alegando prejuízo com a mudança.
Fonte: UOL