Jorge Salgado: 'O elenco tem muito jogador, de muito baixa qualidade técnica, recebendo salários altos'
Jorge Salgado tenta a presidência do Vasco provavelmente pela segunda e última vez. O grande benemérito, que durante décadas se recusou a mergulhar de cabeça na espinhenta política do clube, topou repetir o desafio de 1997. É agora ou nunca para o empresário de 73 anos.
Ele é o segundo dos cinco candidatos a responder às perguntas de O GLOBO sobre os maiores desafios no horizonte do Cruz-maltino: gerar receitas, reduzir as despesas, crescer estruturalmente, administrar os problemas a curto prazo e, principalmente, voltar a ter um futebol vencedor. Para todos que pretendem ocupar a cadeira mais alta da Colina, mais importante do que saber o que se pretende fazer, é como fazeer.
O cabeça da chapa "Mais Vasco" promete mudanças no futebol do clube aumentando a eficiência do departamento. Jorge Salgado se compromete a dar continuidade ao trabalho da atual gestão na parte de infraestrutura, concluindo a construção do centro de treinamento e analisando o projeto de modernização de São Januário, abrindo a possibilidade de alterações no trabalho atual.
A candidatura se viabilizou depois da aproximação de Salgado com Adriano Mendes, ex-vice-presidente de controladoria da gestão Campello. Trata-se da união de um dos nomes mais tradicionais da política do Vasco com uma ala mais nova de agentes políticos, em ascensão nos últimos anos. Durante a campanha, Salgado conseguiu o apoio de ex-aliados da "Sempre Vasco", como o empresario e ex-deputado estadual Carlos Roberto Osório, que virá como primeiro vice-presidente geral.
Como melhorar a arrecadação do clube?
Vamos melhorar a arrecadação ampliando o número de sócios. Vamos ter uma área de sócios e novos negócios estruturada. Para se ter uma ideia, são cinco, seis pessoas hoje trabalhando na área. Nós vamos ampliar isso muitas vezes. Temos muitas coisas para monetizarmos, em termos de sócios. O Vasco não está presente, as lojas do Vasco não estão presentes na maioria dos estados do Brasil, sendo que 60% da torcida é de fora do Rio. Essa área está se estruturando para aumentar a receita do clube. Então, será via novos negócios e marketing e alguma coisa em torno de televisão, bilheteria e premiação em campeonatos.
Como diminuir/administrar a dívida?
A dívida vai ser diminuída reestruturando-a. É fazer uma captação de recursos a medio, longo prazo, com taxa de juros bastante compatível com esse cenário de juros atual, que é baixo, e trocar por uma dívida cara. Vamos sair de uma dívida cara para uma barata, uma de curto prazo para outra de longo prazo. Com isso, a gente melhora o perfil da dívida, substancialmente. você está alongando a dívida e diminuindo seu valor.
Quais são seus planos para a infraestrutura (São Januário, CT...) do clube?
São Januário tem o projeto de reforma. Essa administração assinou uma carta de intenção com a WTorre. A gente assumindo, vai, através de um grupo de trabalho, analisar essa questão, analisar o projeto, ver se tem alguma questão a se discutir em termos de projeto. Mas somos amplamente favoráveis. Chegou a hora de fazer uma reforma de São Januário. Não sei se exatamente igual ao projeto que o Vasco tem, mas alguma coisa vai ser feita. Em relação ao centro de treinamento, pretendemos também dar sequência e concluir as obras. Temos mais ou menos quatro ou cinco campos para conluir. É um investimento ao redor de R$ 30 milhões. Vamos tentar fazer uma captação de recursos para concluir isso. Na Rodovia Washington Luiz, a mesma coisa. Já temos obras em andamento e vamos trabalhar pela conclusão. Quanto às sedes do Calabouço, da Lagoa, na medida que tenhamos alguma sobra de recursos, querermos dar uma modernizada nessas sedes.
Como melhorar o desempenho do futebol?
Se eu tivesse uma varinha mágica... Mas olha só, podemos melhorar melhorando a eficiência da gestão do futebol. Ela deixa muito a desejar atualmente no Vasco. O elenco tem muito jogador, de muito baixa qualidade técnica, recebendo salários altos. Temos de atacar esses problemas no futebol. Achamos que tem muito desperdício de salário e desperdício no sentido de quantidade de jogador no elenco. Temos de dar uma melhorada, temos de ser mais criteriosos nas contratações, não ter mais três, quatro treinadores por ano. Se essa fórmula funcionasse, seríamos pentacampeões. Nos últimos cinco anos, tivemos quase 20 treinadores. No fundo, isso não resolve nada. Temos de ter mais eficiência no futebol.
Qual é a prioridade nos primeiros 100 dias de gestão?
A prioridade nos primeiros 100 dias são duas: olhar as questões financeiras, tentar equacionar os primeiros seis meses do clube do ponto de vista financeiro, e também organizar o futebol para os próximos seis, 12 meses. Vamos atacar as financças e também trabalhar muito forte no futebol, fazer as mudanças que têm de ser feitas, mudando a mentalidade, introduzindo uma gestão diferente.
Fonte: O Globo Online