Últimos 8 técnicos do Vasco não chegaram a 1 ano no cargo e saíram com dinheiro a receber
Quarta-feira, 21/10/2020 - 10:47
Abel Braga, sincero, foi apresentado no Vasco em dezembro de 2019 afirmando que sabia que não iria receber do clube. Acertou, mas esqueceu de dizer também que não ficaria muito tempo à frente da equipe, outra constância do departamento de futebol. Dez meses depois, Ricardo Sá Pinto começa a escrever sua história na Colina contra o Corinthians, às 21h30, pelo Campeonato Brasileiro, na esperança de que possa quebrar o círculo vicioso de interrupções de trabalhos e gerações de novas dívidas.

Ele é o nono a assumir o time desde 2017, ano da última boa campanha do Vasco no Campeonato Brasileiro — a equipe conseguiu a classificação para a fase preliminar da Libertadores. Antes dele, todos os treinadores se despediram de São Januário com dinheiro para receber.

Alguns deles entraram na Justiça. Cristóvão Borges somou a dívida da primeira passagem, de 2011 a 2012, à da segunda, no começo de 2017, e teve decisão favorável para que o clube pagasse R$ 112 mil de imagem.

Depois dele, veio Milton Mendes, que também acionou o Vasco, só que na Câmara Nacional de Resolução de Disputas da CBF. A decisão favorável saiu na mesma época que a de Cristõvão, fevereiro deste ano: cerca de R$ 950 mil.

Veio em seguida Zé Ricardo. O treinador pediu para sair em 2018 e parcelou a dívida que ficou. As parcelas pararam de ser pagas na pandemia.

Na sequência, veio Jorginho. O técnico acumulou dinheiro a receber — o clube já devia referente à primeira passagem, entre 2015 e 2016. Depois de seguir o caminho judicial, foi incluído na fila de credores que recebem diretamente da receita dos direitos de TV.

Sua segunda passagem foi curta e logo veio Alberto Valentim. O treinador evitou o rebaixamento no fim de 2018 e caiu logo depois do Estadual de 2019. Mais uma vez, o Vasco foi acionado judicialmente. Em outubro, foi notificado pela Justiça do Trabalho de que teria de pagar R$ 1,4 milhão.

Coube a Vanderlei Luxemburgo substituí-lo e levar o Vasco a uma campanha no Brasileiro "longe da zona da confusão", mesma tarefa de Sá Pinto este ano — ele estreia esta noite com o time a dois pontos do Z-4, no começo da rodada. Luxemburgo não topou a renovação, se transferiu para o Palmeiras e ainda tem dinheiro a receber do clube carioca, de setembro a dezembro.

Abel Braga assumiu e, três meses depois, foi demitido. Recebeu apenas um mês, na CLT. Faltam dois e mais os três de direitos de imagem. Ramon Menezes veio na sequência e foi demitido com um mês de vencimento pendente. Na terça-feira, o clube completou dois meses de atrasados com jogadores e três com funcionários.

Rotatividade

O Vasco conseguiu regularizar Ricardo Sá Pinto e também Leonardo Gil, reforço argentino que pode estrear como volante. Além disso, o clube acertou com a CBF que o goleiro Lucão, o volante Bruno Gomes e o atacante Talles Magno só vão para o período de treinos com a seleção sub-20 quinta-feira — inicialmente o trio estava previsto para se apresentar nesta quarta.

Com isso, com exceção de Ricardo e Juninho, Ricardo Sá Pinto deverá ter todos os jogadores à disposição para a partida em São Januário.

Será o início de um trabalho que, se seguir a média de duração dos oito trabalhos anteriores, não passará de cinco meses e meio. O contrato assinado por ele é curto, vai apenas até o fim do Brasileiro, em fevereiro.

Esta noite, a estreia será em um duelo de nervos à flor da pele. Há oito jogos sem vencer na temporada, o Vasco entrará em campo pressionado. Do outro lado, terá o Corinthians, em situação ainda pior no Brasileiro, a uma posição da zona do rebaixamento e vindo de goleada para o Flamengo.



Fonte: O Globo Online