A aposta do Vasco no desconhecido atacante angolano Toko Filipe, de 21 anos, foi uma surpresa para torcedores vascaínos e imprensa. Como joga o ponta, quais são suas características e onde deu seus primeiros passos? O ge conversou com pessoas que estiveram com o atleta desde que este deixou as ruas de Luanda para ingressar na AFA, Academia de Futebol de Angola. Todos o destacaram como um jogador veloz e com capacidade de desmontar defesas no mano a mano.
O primeiro a ser ouvido pela reportagem foi Carlos Chaba, zagueiro brasileiro e capitão do Louletano, equipe da terceira divisão portuguesa. Chaba, que atuou ao lado de Toko de 2019 a 2020, disse que o ex-companheiro era conhecido de outra forma dentro da equipe lusitana, trocando inclusive a grafia do nome (o próprio Instagram do clube se refere ao vascaíno como Felipe).
- Mais conhecido como Felipe Angola. Ele é extremo, um jogador com muito recursos, muita qualidade técnica e muito veloz. No um contra um é muito difícil de pará-lo. Gosta muito da profundidade, tem um bom passe, um bom cruzamento e finaliza bem no gol - elogiou Chaba, corroborado pelo também brasileiro e companheiro de Louletano PH Oliveira:
- Canhoto, driblador, bom no um contra um e muito habilidoso - resumiu o meia Oliveira.
Primeiro técnico de Filipe na AFA cita evolução física
Mas nem sempre foi assim como Chaba narrou. Toko Filipe, ou Felipe Angola, chamava atenção por sua fragilidade física quando foi captado em 2013 pela AFA, cujo diretor geral é o brasileiro José Luís Garrido.
Um dos treinadores com maior participação no desenvolvimento de Filipe, o também angolano Eddie Cardoso esteve com o atleta desde o início na AFA até o Louletano, último clube que defendeu antes de se transferir para o Vasco. Um dos desafios de Eddie foi coordenar a transição do futebol de rua para o de campo.
- O Filipe quando chegou à Academia de Futebol de Angola tinha 15 anos, era um jovem franzino, magrinho, mas já destacava pela sua velocidade e qualidade técnica. É óbvio que era um jogador que nunca tinha jogado ainda em equipes organizadas, ele vinha do futebol de rua.
Com o ganho físico, Filipe mostrou-se, segundo Eddie Cardoso, um atacante capaz de atuar pelas duas pontas do ataque. Ele exemplificou como pode ser a movimentação do vascaíno.
- Durante os anos em que esteve conosco, foi se desenvolvendo fisicamente, e ficou muito mais forte. É um jogador que é muito forte no um contra um, tem uma explosão incrível nos primeiros metros e pode jogar em qualquer uma das alas. Do lado direito a vir para dentro e também do lado esquerdo a ganhar a linha de fundo. Se destaca pela sua capacidade de ultrapassar facilmente os defesas em situações de um contra um e pela sua velocidade.
Eddie reencontrou Filipe em 2019 no Louletano, clube com o qual a Academia de Futebol de Angola tem parceria. Foi seu comandado no time B, mas logo foi convocado para o time principal. A pandemia, porém, atrapalhou o garoto.
- Em 2019, ele fez alguns jogos pela equipe B e rapidamente chegou à equipe A, mas numa primeira fase foi pouco utilizado pelo plantel A. Houve muitos jogos em que foi relacionado, mas não chegou a entrar. Depois quando a sua oportunidade estava a chegar, houve esta situação da pandemia e aí parou tudo - encerrou, Eddie, apostando em sucesso de Filipe com a camisa do Vasco:
- É um jovem com uma margem de progressão incrível, e acho que vai ter muito sucesso no Brasil, há poucos com as suas características.
Um dos 40 escolhidos entre 1000 garotos em 2013
Diretor técnico da Academia de Futebol de Angola, o catalão Toni Cortés faz um resumo da trajetória de Filipe da AFA ao Louletano e citou um estágio pelo Porto.
- Começamos a desenvolver o projeto da AFA em 2013, e o Filipe está inserido nesse processo. Depois de uma seleção de 1000 atletas, escolhemos os 40 melhores para formar as equipes de Juvenil A e Juvenil B
- Ele é um atleta que vem do futebol de rua, onde há muita qualidade e talento, mas muitas dificuldades no trabalho tático. Se desenvolveu nos juvenis e depois passou para a equipe júnior. Mostrou muita qualidade e passou por um estágio no Porto. A AFA esteve na Espanha para jogar contra equipes importantes, como Celta-ESP, Porto, Sporting-POR e Vitória de Guimarães-POR. Depois disso, ele foi para o Louletano B e posteriormente estreou no Louletano A.
Conhecedor do futebol brasileiro e torcedor do Barcelona, Cortés não escondeu a felicidade de ver um atleta que passou por suas mãos chegar ao clube onde Roberto Dinamite é o principal ídolo.
- Estamos muito felizes pela chegada de um atleta da AFA ao Vasco. Eu, que sou torcedor do Barcelona, tenho a referência de um 9 que veio do Vasco. O Roberto Dinamite, o primeiro que veio do Vasco para o Barcelona. Depois veio o Romário, que é um fenômeno e estreou fazendo três gols contra a Real Sociedad.
Como o nome de Toko Filipe chegou ao Vasco
O projeto do Louletano, que tem como principal investidor o empresário brasileiro Hugo Garcia, prioriza que seus jogadores de destaque logo se transfiram para grandes clubes de Portugal e do exterior.
Através de Hugo, o nome de Toko Filipe chegou ao Vasco. A diretoria vascaína gostou do que viu e acertou empréstimo válido até outubro de 2021.
Vale destacar que a AFA, parceiro do Louletano, emprestou o jovem ponta angolano Ramiro João Paulo ao Palmeiras em fevereiro. Os termos foram semelhantes: um ano de contrato.- Estamos muito felizes pela chegada de um atleta da AFA ao Vasco. Eu, que sou torcedor do Barcelona, tenho a referência de um 9 que veio do Vasco. O Roberto Dinamite, o primeiro que veio do Vasco para o Barcelona. Depois veio o Romário, que é um fenômeno e estreou fazendo três gols contra a Real Sociedad.
Fonte: ge