Vasco deve 4 meses a parte dos funcionários, que podem entrar em greve, e descumpre acordo com jogadores
Quarta-feira, 14/10/2020 - 21:39
Enquanto elabora uma engenharia financeira para tentar comprar Martín Benítez e aguarda a chegada do técnico português Ricardo Sá Pinto e de sua comissão técnica, o Vasco se vê diante de outra demanda: resolver os salários atrasados em todo o clube. O Cruzmaltino acumula problemas com pagamentos a jogadores e, principalmente, funcionários.

Prestadores de serviços de ao menos quatro departamentos sem envolvimento com o futebol relataram um débito que já acumula quatro meses dos vencimentos. Entre aqueles do futebol, são três meses. Já os jogadores, pela lei, estão há dois, mas existe um acordo interno para o pagamento até o dia 20. O clube questiona a informação relatada ao UOL Esporte por funcionários de diversos setores e afirma que são "apenas" dois meses aos funcionários - o terceiro sendo completado dia 20 e um mês aos jogadores - o segundo completa dia 20. A reportagem sustenta a apuração.

Ao menos quatro funcionários - de três diferentes setores - reforçaram mais uma vez que ainda não receberam os pagamentos do mês de junho, quitados até o quinto dia útil de julho. E também lembraram que o pagamento dos funcionários não envolvidos com o futebol não ocorre no dia 20, mas no início do mês.

Clima ruim

O clima entre os trabalhadores vascaínos é de apreensão, principalmente por conta da proximidade da eleição, que acontecerá dia 7 de novembro, e da indefinição quanto ao futuro da gestão. Alguns dizem que os dirigentes falam abertamente que não há previsão de pagamento.

Em relação aos jogadores, há ainda um descumprimento após um acordo de repactuação das dívidas, onde os atletas aceitaram o parcelamento em 12 vezes dos meses de março, abril e dos direitos de imagem que estavam em atraso. A promessa era a de que, com esta medida, o ano transcorresse de maneira mais equilibrada. No entanto, o dinheiro deste acerto não cai na conta dos atletas há dois meses.

Campello promete pagamento

Em participação no canal "Machão da Gama", o presidente do Vasco, Alexandre Campello, prometeu efetuar o pagamento de parte dos atrasados em breve. A ideia é que isso aconteça na próxima sexta (16) ou, no mais tardar, na terça da semana que vem, segundo o próprio:

"Era para um recurso desse salário ter entrado na semana passada, mas houve um problema de documentação. Isso está sendo sanado, e a nossa expectativa é de que a gente consiga pagar até sexta. Se não for na sexta, na segunda ou na terça, espero que isso seja resolvido. Nossa expectativa é muito grande de que a gente pague até sexta-feira".

Campello ainda revelou que conversou com os jogadores para explicar a situação, mas não estipulou uma data.

"Ontem (terça) tive uma conversa com os jogadores mais experientes, me foi perguntado isso, e eu expliquei para eles. Sempre trato com muita clareza, nunca dou data de pagamento. Digo o que está acontecendo e o que está sendo feito. É muito ruim você dar uma previsão e não conseguir pagar", declarou.

Alexandre Campello buscará sua reeleição na eleição do dia 7 de novembro. Ele representa a chapa "No Rumo Certo".

Ameaça de greve

Diferentemente dos jogadores, os funcionários já esgotaram a paciência. Classificando a situação como "insustentável", ele se articulam para promover uma greve contra os salários atrasados, algo que não seria uma novidade nos últimos tempos.

Ano passado, por exemplo, professores do colégio Vasco da Gama fizeram uma paralisação por conta da situação. A escola, aliás, será reinaugurada amanhã (15) após obras e é aguardado um evento.

No caso do elenco, a chamada "lei do silêncio" chegou a ser adotada no início de 2020 também por conta dos salários atrasados.



Fonte: UOL