Desfalques e desgaste físico ajudam a explicar queda de rendimento do Vasco no Brasileiro
Quinta-feira, 01/10/2020 - 16:30
O Vasco de Ramon Menezes surpreendeu e empolgou a torcida no começo do Brasileirão. Ao assumir um time com cenário de terra arrasada, que culminou na saída de Abel Braga, o treinador deixou para trás a realidade de atuações ruins, apenas quatro vitórias em 14 jogos e sequer um gol marcado em clássicos disputados no Carioca.

A rápida implantação de uma forma de jogar, um esquema tático definido, uma defesa forte e a qualidade principalmente da dupla Benítez-Cano levaram o time de São Januário à liderança do Brasileirão - na terceira rodada, com um jogo a menos - e a reverter a vantagem do Goiás na terceira fase da Copa do Brasil. Porém, a queda de rendimento chegou.

Mesmo com uma partida a menos do que os principais adversários, o Vasco se mantém na parte de cima da tabela. É o quinto no campeonato nacional. Mas passou a oscilar, perdeu jogos para times da parte de baixo (Atlético-GO e Coritiba) e foi eliminado da Copa do Brasil para o Botafogo. Mais: contando as duas competições, vive um jejum de quatro duelos sem vitória, tendo marcado apenas um gol.

O ge, então, aponta o que mudou. Veja cinco motivos que explicam a queda de rendimento do Vasco de Ramon.

Desfalques e desgaste físico

Era esperado que, dado o elenco curto, o Vasco fosse sofrer com a maratona de jogos em um calendário ainda mais apertado por conta da pandemia. Desde o começo do Brasileirão, por exemplo, o clube teve oito jogadores que testaram positivo para a Covid-19 - o total na temporada é de 27. O próprio Ramon foi diagnosticado com a doença.

Além disso, problemas musculares afastaram um total de sete atletas. Para evitar o aumento do número, alguns foram preservados. Resultado: Ramon não conseguiu repetir nenhuma vez a escalação nas 11 rodadas do Brasileirão.

O desgaste físico deixou o time mais lento e previsível. A marcação adiantada, uma marca no começo do trabalho, foi aos poucos deixada de lado.

Queda de rendimento de Pikachu e Bastos

Ramon estruturou a saída de bola do Vasco com três jogadores posicionados na defesa: Ricardo Graça e Leandro Castan (os zagueiros titulares) e Henrique, o lateral pela esquerda. A ideia foi adiantar Pikachu, que inclusive aparece no meio como elemento surpresa, o que abre o corredor para o atacante do lado direito.

Funcionou no começo. Agora, os adversários identificaram e passaram a marcar melhor. Além disso, Pikachu está em má fase técnica. Do atual elenco, ele é o artilheiro (38 gols) e quem mais deu assistências (20) pelo Vasco. Mas nesta temporada o jogador não repete o rendimento: ainda não balançou a rede e tem apenas duas assistências. Além disso, encara problemas na marcação aos adversários, como ocorreu com Tubarão no recente empate com o Bragantino.

Fellipe Bastos foi um dos pilares do começo de Ramon. Não à toa, tem quatro gols no Brasileiro. Conseguiu, no começo, jogar de área a área. Mas sentiu o desgaste e não tem sido eficiente na defesa e no ataque - foi reserva no domingo. Passou a errar muitos passes na saída de bola e deixar espaços na recomposição.

Talles encaixotado no lado esquerdo

Destaque em 2019, Talles não conseguiu deslanchar em 2020. Sofreu lesão grave, é verdade. Mas, no esquema de Ramon, atua pelo lado esquerdo, com pouca variação, e costuma ficar encaixotado na marcação adversária. Tem apenas um gol e quatro assistências, quesito em que lidera no elenco em 2020.

Mesmo que esteja em má fase técnica, cumpre as funções táticas. Ajuda na recomposição defensiva. Falta é apostar em lances mais simples, o que diminui a chance de erro, e que o time crie situações para que ele não receba marcação dobrada ou até tripla.

Esquema manjado

Ramon costuma dizer que entende o futebol pelo cumprimento de funções. E que, a partir disso, pode buscar variações. Atualmente, o Vasco tem um time fácil de ser marcado. Vide o fato de ter feito apenas um gol nos últimos jogos. É preciso apresentar algo novo.

O comentarista Pedrinho, no episódio 73 do podcast GE Vasco, deu uma sugestão para melhorar a construção ofensiva:

- Eu não vejo o jogo como plataforma de 4-4-2 ou 4-5-1 ou 4-3-3. Isso é só antes da transmissão, para ver o posicionamento ou na fase defensiva. O jogo é como função. Agora, na saída de trás, não precisa ser três zagueiros. Você pode puxar um volante e abrir os dois zagueiros. É a função. Com isso, empurra o lateral-esquerdo e, teoricamente, encurta o espaço dele. Ele vai ter só uns 20 metros para percorrer para fazer o cruzamento. Assim, o Talles fica mais perto do Benítez e do Cano. Fica mais fácil criar mecanismos para esses caras se encontrarem.

Falta de opções: reforços no meio do ano sem emplacar

Para o segundo semestre, o Vasco contratou Marcelo Alves (zagueiro), Neto Borges (lateral-esquerdo), Carlinhos (meia), Guilherme Parede (atacante) e Ygor Catatau (atacante). Nenhum virou titular. Apenas os dois atletas vindos do Madureira apresentaram rendimento satisfatório e somente em alguns jogos.

Ramon, portanto, não ganhou opções para qualificar o time. Tanto que apostou mais em Juninho, por exemplo. O elenco carece de qualidade, e a diretoria busca reforços: lateral-direito, meia e atacante.



Fonte: ge