Segundo melhor ataque do Campeonato Brasileiro, Vasco tem queda brusca no setor ofensivo
Segundo melhor ataque do Brasileirão, com 15 gols, o Vasco atravessa seu maior jejum de gols sob o comando de Ramon Menezes. Há três jogos sem marcar, o time passou em branco no confronto contra o Botafogo pela Copa do Brasil, além da partida diante do Coritiba, no domingo.
Mais do que o fato de não ter marcado gols, a forma como a equipe se portou em campo, com pouca agressividade, chamou atenção. Nos dois jogos contra o Botafogo pela Copa do Brasil, por exemplo, fora uma boa jogada entre Benítez e Cano no Engenhão, o Vasco só levou algum perigo em chutes de fora da área. Muito pouco para um time que planeja permanecer no alto da tabela do Brasileirão.
Seria injusto criticar o segundo melhor ataque da competição, ao lado de Inter e Corinthians, atrás apenas do líder Atlético-MG? Talvez ainda não seja motivo de alarde, mas o desempenho ofensivo nos últimos jogos liga o alerta e levanta questões.
Extrema dependência dos gols de Cano
Não é novidade que Cano e Benítez são as peças-chave da boa campanha do time no Brasileiro. O que preocupa, porém, é a dependência em relação à dupla.
Cano marcou 16 dos 29 (55%) gols do time no ano. O problema é que, quando a bola não chega ou ele não está inspirado, o ataque não ajuda.
Os números dos demais atacantes do elenco em 2020 provam isso. Reserva, Ribamar marcou só dois gols em 19 jogos. Titular em 20 partidas, Talles Magno balançou a rede somente uma vez no ano. Catatau e o meia Benítez também marcaram uma vez. Jogadores defensivos completam a lista de artilheiros da temporada.
Cano - 16 gols
Fellipe Bastos - 4 gols
Ribamar - 2 gols
Werley - 2 gols
Andrey - 1 gol
Henrique - 1 gol
Benítez - 1 gol
Catatau - 1 gol
Talles - 1 gol
Cano foi um achado e é extremamente eficiente. No entanto, começa a apresentar sinais de desgaste. Dependente de seu artilheiro, o Vasco não abre mão do argentino, que tem jogado todas. É o segundo do elenco que mais entrou em campo (25 vezes) no ano, atrás apenas de Fernando Miguel (26 jogos).
A bola tem que chegar
Para German Cano marcar seus gols, no entanto, é necessário que a bola chegue. E cada vez mais o Vasco depende de outro argentino para criar jogadas. Benítez caiu como uma luva com a camisa 10, mas quando ele não joga ou é bem marcado, a equipe não funciona.
Se nos primeiros jogos do Brasileiro o setor ofensivo teve uma maior aproximação dos volantes, como Bastos e Andrey, além da ajuda de Pikachu, nas últimas partidas isso não funcionou. Sem Benítez, o time foi mal contra Atlético-GO e Coritiba. Diante do Botafogo, com o camisa 10 sempre acompanhado por no mínimo dois defensores, a equipe assustou apenas em chutes de longa distância.
- Não podemos tirar o mérito do Botafogo. Eles marcaram muito bem e fizeram uma marcação mais próxima no Benítez. Até trocamos o Benítez de lado para tentar mexer um pouco na defesa deles. O maior mérito foi deles. Temos que trabalhar para criar situações de jogo para que o Benítez possa sair dessa marcação que estão fazendo nele – analisou Thiago Kosloski, auxiliar que vem substituindo Ramon Menezes, diagnosticado com Covid-19.
Busca pela solução
Encontrar soluções para a dependência da dupla argentina passa também por encontrar peças que consigam render ao lado de Benítez e Cano. Em tese, outro que poderia desequilibrar pela qualidade técnica é Talles Magno. O jovem de 18 anos, no entanto, teve uma queda de rendimento e não vem conseguindo jogar bem.
A busca pelo ataque ideal e a troca de nomes é constante e escancara a dificuldade do Vasco no setor. Marrony e Talles iniciaram o ano como titulares de Abel Braga, mas o primeiro, que também não passava por um bom momento, foi negociado com o Atlético-MG.
Após bons jogos no Carioca, Vinícius seria o herdeiro natural da posição. Habilidoso, o garoto teve boas atuações, mas conviveu com problemas clínicos e ainda não conseguiu ter sequência. No Brasileirão, por exemplo, ele participou de apenas dois jogos. Contra o Bragantino, no domingo, é provável que ele volte ao time titular
Outros nomes testados no setor ainda não se firmaram. Velho conhecido da torcida, Ribamar, deslocado para ponta direita, foi muito mal contra o Botafogo. Ygor Catatau oscilou bons jogos contra Santos e Botafogo (pelo Brasileiro), com atuações apagadas. E Guilherme Parede ainda não disse para que veio.
O Vasco pensa em ir ao mercado para encorpar o setor, com as contratações de mais um meia e um atacante. Por ora, no entanto, nenhum nome parece próximo. Enquanto isso caberá a Ramon e ao seu elenco encontrar soluções para que o setor ofensivo volte a funcionar como um todo, sem depender tanto dos argentinos.
Fonte: ge