As redes sociais são um prato cheio para a criatividade de torcedores empolgados. As fases de Botafogo e Vasco no Campeonato Brasileiro não são ruins, mas poderiam ser melhores se não fossem os tropeços recentes. Isso não impede, porém, que duas figuras chamem as atenções no clássico marcado para hoje, às 20h30, no Nilton Santos: os técnicos Ramon Menezes e Paulo Autuori. Os dois travam o duelo do "Ramonismo" contra o "Autuorismo", com ambos buscando equilíbrio e regularidade para suas equipes.
A brincadeira começou no lado cruz-maltino do clássico. Após o pedido de demissão de Abel Braga, Ramon Menezes foi efetivado como treinador e, de cara, ganhou a confiança da torcida pelos bons resultados no Brasileiro — venceu os três primeiros jogos e chegou a assumir a liderança da competição.
Virou, então, febre nas redes sociais o termo "Ramonismo", um apelido dado pela torcida cruz-maltino parafraseando o "Guardiolismo", uma vertente da filosofia do técnico catalão Pep Guardiola, que fez história no Barcelona.
— Sei que nesse momento o torcedor está empolgado. Eu sou um representante dele. Passei momentos inesquecíveis aqui. Tenho orgulho. Agradeço aos jogadores por estarem fazendo o Vasco jogar como Vasco. Não é a cara do Ramon, vejo as brincadeiras com o "Ramonismo". Mas não é isso, é a cara do Vasco — brincou Ramon.
Do outro lado, Autuori não carrega o mesmo prestígio com a torcida alvinegra, mas hoje a relação é bem mais amistosa. O "Autuorismo", na verdade, é apenas a identificação da nova postura que o Botafogo tem adotado em campo.
Tudo começou após a boa sequência do time, com vitória sobre o então líder do Brasileiro, o Atlético-MG, um empate que quase foi vitória com o atual campeão Flamengo e a classificação na Copa do Brasil eliminando o Paraná. Ainda não é o cenário dos sonhos, mas a avaliação do trabalho do comandante é positiva.
— Ganhar do Botafogo é muito difícil. Temos um time jovem. E mesmo algumas equipes com individualidades experientes não são uma equipe madura coletivamente. Nós tampouco poderíamos ser maduros coletivamente. Muitos jogadores jovens e uma equipe sendo trabalhada com pouco treino — disse Paulo Autuori.
De volta à realidade
Apesar da empolgação dos torcedores, Ramon e Autuori sabem que a realidade é bem mais dura fora das redes sociais. Principalmente após tropeços recentes que dificultaram os clubes a buscarem os seus objetivos.
Na zona de rebaixamento, o Botafogo enfrenta um problema sério: os pontos perdidos devido aos gols sofridos nos finais das partidas.
O alvinegro é o clube da Série A que mais sofre gols depois dos 40 minutos do segundo tempo, e já deixou seis pontos escaparem nesta situação (contra Flamengo, Corinthians e Athletico). Com esses pontos, estaria dentro da zona de classificação para a Libertadores.
Para o clássico, Autuori ficou sabendo que poderá ter Salomon Kalou. Ele viajou à França para se formar em Administração, mas chega de volta hoje e fica no banco.
Já Ramon viu o Vasco ter o seu primeiro tropeço grave no Brasileiro na rodada anterior ao ser derrotado por 2 a 1 pelo Atlético-GO, em São Januário. Um dos motivos foram as trocas que não surtiram efeito.
Após sequência de atuações consistentes, a equipe perdeu o padrão, a defesa foi mal e a opção por Bruno César e Carlinhos como titulares não funcionou.
Contra o Botafogo, o treinador terá o retorno de Martín Benítez. A boa fase de Germán Cano segue sendo a principal esperança cruz-maltina. Mesmo quando a equipe vai mal, o atacante argentino tem deixado a sua marca.
Fonte: Extra Online