Miranda vem ganhando espaço no time do Vasco: 'Respeitando os titulares, que são o Castan e o Ricardo'
Oito meses após ser chamado de macaco por um jogador do Independiente, da Argentina, durante partida pela equipe sub-20 do Vasco, Miranda vê de longe os casos de violência contra negros provocarem protestos no mundo dos esportes. Na época, o garoto sofreu na pele, chorou, se manifestou, mas aquilo que não mata, fortalece.
Foi um pouco dessa força que ele mostrou na Vila Belmiro, quarta-feira. Miranda, aos 20 anos, parecia um veterano contra o Santos. Foi titular depois que o técnico Ramon Menezes teve três desfalques de só uma vez na zaga: Ricardo Graça, Leandro Castan e Werley. Encarou o Peixe de peito aberto e ganhou pontos preciosos na disputa interna no elenco cruz-maltino:
— Respeitando os titulares, que são o Castan e o Ricardo, sigo trabalhando diariamente para que eu possa cada vez mais está mostrando meu futebol. O mais importante é o Ramon saber que pode contar comigo. O nosso grupo não tem vaidade. Aliás, Castan e Ricardo me ajudam muito e agradeço pela contribuição deles.
Se não tiver surpresas, deve continuar na equipe para a partida contra o Athletico, no domingo. Leandro Castan, poupado na quarta, está de volta, enquanto Ricardo Graça e Werley seguirão fora por Covid-19. Miranda, capitão nos tempos de sub-20, deverá formar dupla com o dono da faixa entre os profissionais.
Outra liderança enche os olhos de Miranda, só que fora dos gramados. Enquanto o mundo debate cada vez mais o racismo, impulsionado pela morte de George Floyd e outros casos de violência contra negros, especialmente nos EUA, Lewis Hamilton, piloto da Fórmula 1, se levanta contra o preconceito no esporte e além.
— O racismo é um tema bastante discutido nos dias atuais, seja acoplado no esporte ou em outras situações. A NBA e a Fórmula 1 são dois dos principais esportes no mundo e todos os protestos são válidos. Lewis Hamilton é um ídolo e uma grande referência, fiquei muito feliz dele ser um dos líderes nessa luta contra o racismo. No basquete também temos diversos grandes jogadores negros nessa batalha. Isso apenas mostra que somos iguais. Não queremos benefícios, apenas igualdade — afirmou.
A sequência de jogos pelo time de São Januário pode contar pontos para seguir o caminho de outras promessas do elenco. Em julho, o Vasco renovou com Ulisses, Cayo Tenório, Bruno Gomes, Gabriel Pec e Vinícius. Mês passado, foi a vez de Juninho. O próximo da fila pode ser Miranda, cujo contrato vai até dezembro de 2021. Ele é representado pelo mesmo agente de Ricardo Graça, com quem a diretoria tem bom relacionamento.
Tanto André Mazzuco, diretor de futebol do Vasco, quanto Diego Costa, empresário de Miranda, tratam a questão com serenidade e jogam mais para frente conversas sobre uma valorização do zagueiro. Seria o jogador a bola da vez para renovar?
— Espero que sim (risos). Quero deixar um legado aqui e fazer história. Sou novo, mas tenho planos audaciosos aqui dentro. Claro que tenho que esperar e respeitar meu momento, mas quero me tornar um ídolo para torcida vascaína. Sou muito grato por tudo que fizeram e fazem por mim, portanto quero retribuir dentro de campo. Quero ser lembrado pela torcida daqui a 20 anos, mesmo quando parar de jogar.
Fonte: O Globo Online