Goiás e Vasco voltam a se enfrentar hoje (26), às 21h30, no estádio da Serrinha (GO), cinco meses depois do jogo de ida da terceira fase da Copa do Brasil, que aconteceu em São Januário (RJ). Na ocasião, o país já enfrentava o início da pandemia, mas, mesmo assim, o duelo foi realizado com portões abertos, casa cheia e com direito a pancadaria entre vascaínos na arquibancada. Os goianos venceram por 1 a 0 e, uma semana depois, o futebol brasileiro foi paralisado por conta do surto do coronavírus.
Naquele dia, 17.970 torcedores estiveram presentes, público considerado alto para a capacidade do estádio cruz-maltino. O Vasco, porém, enfrentava um momento ruim sob o comando do técnico Abel Braga, que já era vaiado ainda no primeiro tempo.
Com a má atuação dentro de campo, outros passaram a ser vítimas das vaias, casos do lateral direito Yago Pikachu e do atacante Marrony, hoje no Atlético-MG.
No fim do segundo tempo, boa parte do estádio passou a xingar o presidente do clube, Alexandre Campello. Em seguida, o UOL Esporte flagrou em vídeo (a partir dos 18 segundos acima) um grupo saindo do lado esquerdo em direção à organizada que fica atrás do gol e iniciando a confusão, que teve agressões e instrumentos atirados indiscriminadamente em direção ao público que corria, não se importando nem mesmo com mulheres e crianças que estavam na aglomeração.
A pancadaria generalizada foi parcialmente controlada com a chegada dos policiais, que ocuparam o local com bastões e escudos. Sprays de pimenta foram utilizados para dispersar os vândalos.
No setor social, onde ficam muitos dirigentes, conselheiros e sócios, o clima também esquentou, com bastante discussão entre correntes partidárias opostas, precisando que a segurança agisse. Do lado de fora, mais briga na rua General Almério de Moura, com garrafas de vidro atiradas e um homem retirado de um táxi para, posteriormente, ser espancado.
O saldo de toda confusão teve um total de zero prisões e muitos pertences pessoais perdidos sendo relatados nas redes sociais, como mochila infantil, cordões, carteiras e celulares.
Incerteza pairava; não houve protocolos
Já antes da partida a incerteza pairava por conta da proliferação rápida do coronavírus. No entanto, nenhum tipo de protocolo de segurança foi adotado entre as equipes, os jornalistas, os funcionários que trabalhavam no jogo ou os torcedores.
Após o duelo, o que estava cogitado era que o jogo da volta, que aconteceria na semana seguinte, fosse realizado com portões fechados, uma vez que o Governo de Goiás já havia decretado esta ação para os jogos do Estadual.
Técnico da equipe goiana na ocasião, Ney Franco demonstrava aceitar a situação por um bem maior de saúde:
"A sociedade toda vai sofrer. Qualquer ação para diminuir essa multiplicação do vírus, o contágio, ela tem que ser considerada e respeitada. A decisão é do Estado de Goiás e, se chegaram a uma definição disso, corre-se um risco e tem que se respeitar. A tendência era o estádio estar lotado, mas a decisão foi acertada", disse na ocasião
Três dias após o duelo em São Januário, o Vasco enfrentou o Fluminense pelo Carioca, e o Goiás encarou a Aparecidense pelo Goiano, ambos os jogos com portões fechados. Foram os últimos dos clubes antes da paralisação do futebol brasileiro por conta da pandemia do coronavírus.
Jovem que morreu com suspeita de Covid esteve no jogo
Um jovem de 26 anos, morador do Cachambi (zona norte do Rio), esteve no Vasco x Goiás, em São Januário, e faleceu dez dias após a partida. Jornais da época, como "O Globo", publicaram que a suspeita da causa da morte foi a Covid-19.
Abel caiu logo depois
Muito pressionado, o técnico Abel Braga durou apenas mais um jogo após o Vasco x Goiás da Copa do Brasil. Foi no clássico com o Fluminense, três dias depois, pelo Campeonato Carioca, já com os portões fechados no Maracanã.
Em seguida, houve a paralisação do futebol brasileiro por conta da pandemia e o treinador deixou o cargo durante este período, sendo substituído pelo então auxiliar Ramon Menezes.
Goiás tem a vantagem do empate
O Goiás tem a vantagem do empate após vencer o jogo de ida por 1 a 0 em São Januário (RJ). Para o Vasco obter a classificação direta, terá que vencer por dois ou mais gols de diferença. Em caso de apenas um gol, a decisão será nos pênaltis.
Os goianos não poderão contar com o atacante Lucão do Break, com uma lesão muscular. Já os vascaínos têm dois desfalques: o lateral direito Cláudio Winck (lesão muscular) e Bruno Gomes (testou positivo para a Covid-19).
Fonte: UOL