Candidatura de Jorge Salgado à presidência do Vasco pode dividir votos de beneméritos
Jorge Salgado testará a capacidade do Conselho de Beneméritos do Vasco de se manter coeso. Ao se lançar candidato à presidência como cabeça de chapa do grupo "Mais Vasco", formado majoritariamente por nomes mais novos dentro da política vascaína, o empresário de 73 anos criou um novo cenário para a ala mais veterana.
Os beneméritos são numerosos, não apenas dentro do Conselho Deliberativo, onde possuem metade das 300 cadeiras, mas também no quadro social: são quase sempre décadas de vida ativa na política do clube, cada um deles com um vasto número de sócios de menor representatividade, mas também votantes, conectados por laços familiares, de amizade ou de troca de favores.
Quando unificam o voto, fazem a diferença, como aconteceu na votação para a aprovação da ata da Reforma Estatutária, onde apenas um benemérito, Otto de Carvalho Júnior, foi contra o texto que é alvo de críticas de grupos formados por membros mais novos da política, casos da "Mais Vasco" e da "Sempre Vasco".
Entretanto, tanto adversários quanto aliados de Jorge Salgado acreditam que sua candidatura tem a capacidade de abocanhar parte dos beneméritos. O empresário é visto como um nome com bom trânsito tanto entre os mais velhos, dos quais faz parte, quanto entre os mais jovens, agora escorado no grupo que tem investido pesadamente no relacionamento com os torcedores nas redes sociais. A chance de ser escolhido por dois perfis de sócios diferentes, que normalmente não possuem o mesmo voto, pode ser um trunfo para o candidato.
Silvio Godói, presidente do Conselho de Beneméritos, reconhece o poder fragmentado depois da morte de Eurico Miranda, em março do ano passado. "Ele era uma liderança nata", lembra. Godói celebra a vitória que conseguiu na questão da Reforma Estatuária, mas admite que para a eleição para presidente o cenário ainda está incerto:
— Não tenho nada definido (sobre candidato para a presidência), Salgado é mais um novo nome. Acredito que terá de haver algumas composições, é inviável um número tão grande de candidatos (são seis até o momento). Nosso grupo está muito fragmentado, hoje é dificil canalizar. Eu tive uma vitória, com a aprovação da Reforma Estatutária, foi uma coesão maravilhosa. Mas quanto à presidência, está muito fragmentado. Campello ainda não se declarou candidato, Brant, também não. Eu não tenho preferência nenhuma.
Um desafio para Jorge Salgado, caso se disponha a buscar ativamente parte dos votos dos mais veteranos, será conciliar possíveis demandas de grupos que, até o momento, andaram em caminhos opostos. Tido em São Januário como dono de um perfil conciliador, terá de colocar em prática seu poder de negociação.
Fonte: O Globo Online