Nosso bate-papo de hoje é com Dorival Júnior, técnico que em 2009 conquistou a Série B com o Vasco, levando o time de volta à elite do futebol nacional. À frente do gigante da colina, o treinador teve um aproveitamento de 69,89%, um dos melhores de sua vitoriosa carreira. Em 62 jogos, foram 38 vitórias, 16 empates e 8 derrotas. O planejamento feito na época traduziu em campo a superioridade. Dorival iniciou um projeto de reestruturação do departamento de futebol e teve um casamento perfeito com o Vasco.
Dorival Júnior começou sua trajetória como atleta, em 1982, jogando pela Ferroviária-SP. Chamado apenas de Júnior, o ex-volante construiu sua carreira em times do interior de São Paulo e em Santa Catarina e se destacou no cenário nacional nas passagens por Coritiba, Palmeiras e Grêmio. Aos 33 anos, pendurou as chuteiras no Juventude em 1995.
Mais tarde, se preparou para comandar um clube dentro das 4 linhas. Em 2002, então auxiliar-técnico do Figueirense, aceitou um convite da Ferroviária e voltou a Araraquara para iniciar a carreira de treinador. No ano seguinte, se transferiu para o Figueirense, onde permaneceu por duas temporadas, conquistando o estadual em 2004. Dorival Júnior chegou a treinar o Fortaleza, Criciúma, Avaí, Juventude e Sport, antes de retornar ao cenário paulista, em 2006, para defender o São Caetano. Em 2007, recebeu a oportunidade de dirigir o Cruzeiro e conseguiu classificar o time para a Libertadores. Acabou saindo no fim do ano para assumir o Coritiba.
O belo trabalho no time catarinense o credenciou, em 2009, para participar da volta à série A pelo Vasco, que havia sido rebaixado no ano anterior. O resto da história, todos já conhecem. Tanto que em 2013, seu nome foi lembrado novamente no Vasco. Porém, dessa vez, Dorival não conseguiu repetir o mesmo sucesso de sua passagem anterior. Em 29 partidas no Brasileirão, foram 9 vitórias, 8 empates e 12 derrotas. Um aproveitamento de 40,23%.
De qualquer forma, Dorival Júnior hoje é um dos técnicos mais respeitados no atual cenário nacional. Sua experiência aliada a boa visão como treinador têm sido diferenciais nessa caminhada. Seus maiores títulos são a Copa do Brasil de 2010 com o Santos através de um futebol envolvente comandado por Robinho, Neymar e Ganso e a Recopa Sul-Americana de 2011 com o Internacional. Dorival ainda liderou camisas pesadas como Atlético-MG, Fluminense, Palmeiras, São Paulo e Flamengo. Atualmente, é técnico do Athletico-PR.
Muito gentil e solícito, Dorival Júnior me concedeu essa entrevista na qual fala sobre sua brilhante passagem pelo Vasco em 2009, os fatores que influenciaram na campanha ruim em 2013, se um dia pensa em voltar e sua torcida para que o clube reencontre o caminho das conquistas.
Confira!
Após a primeira queda do Vasco, você foi o escolhido para participar da reconstrução e da volta à elite em 2009. Como foi treinar esse clube e participar de um momento como aquele?
Dorival Júnior: Pra mim foi um momento muito importante da minha carreira. Eu tenho um respeito muito grande pela história do Vasco, pela entidade e foi prazeroso ser escolhido pra poder fazer parte de um pequeno capítulo, mas muito importante da história desse clube. Eu fiquei muito feliz e sou sincero: foi um dos trabalhos desafiadores. Porque não era só reconduzir o Vasco à série A do Campeonato Brasileiro, mas acima de tudo alcançarmos o título daquela competição, porque era uma obrigação do clube, era uma obrigação do Vasco pela sua grandeza e, graças a Deus, nós atingimos esse objetivo.
Quais fatores foram determinantes para em 2013 não repetir a mesma passagem que teve com brilhantismo em 2009?
Dorival Júnior: Eu acho que a equipe alcançou uma recuperação depois de estarmos na zona de rebaixamento. Quando nós chegamos, a equipe atinge a 8ª colocação de um campeonato como o Brasileiro. A partir daí, nós perdemos alguns valores importantes. Éder Luis mesmo, que vinha muito bem, fazendo um papel importantíssimo na equipe, acabou saindo e vendido. Alguns outros que nós perdemos e alguns problemas internamente que acabaram afetando consideravelmente o rendimento da nossa equipe. Foi uma pena, porque foi uma situação que acabou escapando de todos nós. E por mais esforço, dedicação e trabalho que tivessemos tido, não foi suficiente pra que conseguíssemos manter aquele mesmo rendimento que a equipe apresentava.
Sempre que há uma troca de técnico no Vasco, seu nome é especulado. Depois de sua última passagem, você chegou a receber alguma proposta ou sondagem do clube? Faz parte de seus planos um dia voltar, caso surja algo e esteja disponível?
Dorival Júnior: Muito feliz, porque em muitos momentos meu nome foi ventilado a um retorno à equipe. Eu acho que isso é prazeroso pra qualquer profissional, mas em todos esses momentos eu estava com trabalho, estava empregado e eu jamais faria isso, mesmo tendo uma consideração, um carinho e um respeito muito grande pelo Vasco da Gama. Um dia, quem sabe, só Deus, aliás, sabe, nós possamos retornar e finalizarmos o trabalho que eu ainda gostaria de completar à frente da equipe.
Como treinador que passou por lá e participou do processo de reconstrução, quais caminhos o Vasco deve seguir para voltar a conquistar títulos e recuperar o seu verdadeiro espaço no futebol brasileiro?
Dorival Júnior: É um trabalho moroso, um trabalho que exige e que, com certeza, é desafiador pelo momento. Mas eu não tenho dúvidas que as pessoas que estão à frente do Vasco têm capacidade pra poderem reconduzir o Vasco a um caminho de vitórias e de conquistas. Essa é minha torcida. O Vasco foi muito importante na minha vida e na minha carreira. Não tenho dúvidas que, em algum momento, na sequência, o Vasco reencontrará esse caminho que todo torcedor vascaíno deseja.
Fonte: Twitter Detetives Vascaínos