Vinícius, Martín Benítez e Bruno César devem disputar posição que era de Marrony no time do Vasco
A negociação entre Vasco e Atlético-MG nunca esteve tão próxima de ser concluída. Um indício claro foi a liberação de Marrony dos treinos do Gigante da Colina para acertar os últimos detalhes contratuais com a diretoria do Galo e seu empresário.
A saída do até então titular, por um valor que ficará na casa dos R$ 20 milhões, vai ser uma missão para Ramon Menezes e, por isso, a coluna de hoje vai analisar todas as opções que o Vasco tem no clube para suprir a ausência de Marrony. Vale lembrar que o destino do dinheiro da negociação serão os salários atrasados e as dívidas, logo, dificilmente o Gigante da Colina fará uma reposição investindo dinheiro e à altura da joia revelada em São Januário, apesar de mapear o mercado em busca de opções sem custo.
VINÍCIUS
Com Abel Braga no comando, o Vasco teve pouquíssimos pontos posivos, mas com certeza Vinícius é um deles. Aos 19 anos, o garoto começou a ganhar espaço nos profissionais e, em praticamente todos os jogos que fez, foi um dos destaques. Pode - e deve - atuar como ponta direita, mas também joga pelo esquerdo do ataque ou como segundo atacante.
Habilidoso e partindo para cima dos adversários, mostrou personalidade quando exigido. É destro e, ao lado de Talles, tem o "mano a mano" mais qualificado do elenco. É comum entenderem "criação" no futebol passando só pelos meias. Porém Vinícius é o tipo de jogador que não cria dando um passe magistra. Ele cria pela individualidade nas pontas, movimentação e pela característica de nunca tratar a bola cadenciando ou não visando ao gol. Em um dia inspirado, é perigo constante.
Precisa amadurecer e ser um pouco menos 'fominha', mas tem potencial e é visto como substituto natural de Marrony por grande parte da torcida. Na minha visão, é realmente o atleta mais preparado do elenco para ocupar esse espaço.
MARTÍN BENITEZ
O argentino que chegou para vestir a camisa 10 do Vasco da Gama já atuou pelas pontas, porém não sendo um jogador agudo e de linha de fundo, mas sim abrindo espaços pela qualidade no passe e habilidade. Encaixa no 4-4-2, como meia centralizado, ou no 4-3-2-1, como ponta abrindo as jogadas para o centro.
Benítez chegou ao Vasco emprestado pelo Independiente, tem 25 anos, e ainda não teve tempo e nem condições físicas de mostrar seu futebol, já que se recuperou de lesão, fez dois jogos como reserva pelo Gigante da Colina e depois viu a pandemia interromper sua progressão.
No ataque vascaíno, Talles e Cano são tidos como titulares absolutos, e a opção de Vinícus para completar o tridente foi dada acima. Mas se Ramon Menezes, que gosta de jogar com um meia armador, quiser implantar outra formação, Benítez, pelo que fez no time argentino, parece ser a melhor opção. É um atleta mais técnico e que pode dividir a responsabilidade da criação com Guarín no meio-campo ou mesmo jogar pela esquerda abrindo para o meio e dinamizando as jogadas do Cruz-Maltino.
BRUNO CÉSAR
Após chegar ao Vasco com status de grande contratação, a trajetória do meia no Gigante da Colina até aqui é para se esquecer. Tirando uma partida contra o Fluminense pelo Campeonato Brasileiiro 2019, em São Januário, o meia de 31 anos não chegou perto de desempenhar bom futebol e claramente esteve acima do peso durante esse tempo. Quesitos que fizeram o departamento de futebol descar o meia e tentar uma negociação com outros clubes.
Porém nada disso teve sucesso e, com Ramon Menezes apostando na volta por cima do jogador, ele foi reintegrado ao elenco. Durante a pandemia, teve clara perda de peso e, apesar de não ter nenhuma característica parecida com Marrony - além da perna predominante ser a esquerda -, ele também é uma opção para o novo técnico do Vasco.
Se escolhido ou testado, será mais uma aposta na função clássica do camisa 10: organizando o meio-campo e criando para municiar o ataque. Diferente de Benítez, a única chance de Bruno César atuar no time é centralizado. Porém, para mim, está muito atrás de Vinícius e do argentino como opção, mesmo sendo algo plausível na cabeça do técnico Ramon Menezes, que gosta de ter um armador.
OUTRAS OPÇÕES NO ELENCO
Com três escolhas mais claras no momento, Ramon também tem o garoto Gabriel Pec, que foi utilizado como meia por Abel Braga e não correspondeu. Porém, quando subiu aos profissionais com Luxemburgo, foi na ponta que ele chamou atenção do ex-treinador e também é observado desde então por Ramon, antes auxiliar técnico permanente do clube.
Lucas Santos é outro nome da base que vai ser observado. Tem características semelhantes às de Martín Benitez e pode fazer funções parecidas. Tido como uma joia desde que era da base, ainda não engrenou nos profissionais.
Seguindo a linha do meia centralizador e que pode dividir a criação com Guarín, Caio Lopes aparece. Não tem condições de atuar na ponta, entretanto tem um passe qualificado, pode dar consistência no meio e possui uma característica que nenhum meia tem no elenco vascaíno: pisa na área para marcar gols.
OLHO NA BASE
As opções variam, mas há um nome na base, que treina constantemente nos profissionais e tem características muito parecidas com Vinícius e também tem potencial de crescimento: João Pedro. Canhoto, o garoto é mais baixo do que Marrony, mas tem mais habilidade e já merece mais oportunidades nos profissionais há tempo. Com a espaço deixado por Marrony, João Pedro pode começar a ganhar espaço como o reserva que "põe fogo no jogo" e ir se consolidando aos poucos.
SEM CHANCES
A temporada de Abel Braga, como disse, tem pouquíssimos pontos positivos, mas muitos negativos. Um deles foram as escolhas insistentes em Tiago Reis e Ribamar, centroavantes de ofício - e que nem na posição deles estavam rendendo -, para atuar como pontas em diversos momentos do jogo. Não há a mínima condição de dar certo. Tiago Reis tem faro de gol, mas é lento e pouco sabe jogar pelas pontas. Ribamar é rápido, mas apresenta dificuldade de raciocínio para construir jogadas e também para carregar a bola por muito tempo. Este é um erro que Ramon não pode cometer.
Fonte: Coluna Lucas Pedrosa - Bolavip