Volante Amaral relembra passagem pelo Vasco e disputa do Mundial de 2000
Quarta-feira, 10/06/2020 - 23:46
Nosso bate-papo de hoje é com Amaral, uma das figuras mais folclóricas e carismáticas do futebol brasileiro. No Vasco, o atleta jogou entre 1999 e 2000 e levantou a Taça Guanabara (2000). Mesmo com pouco tempo de clube, o ex-volante conquistou o carinho do torcedor vascaíno pela raça e determinação em campo. Antes de chegar ao Vasco, Amaral viveu uma grande fase pelo Palmeiras na década de 90. Ganhou dois Brasileiros (93 e 94), três Paulistas (93, 94 e 96) e um Rio-São Paulo (93). Para coroar esse trabalho, faltava uma convocação para a seleção brasileira. E ela veio juntamente com a conquista do bronze nos Jogos Olímpicos de Atlanta em 1996.

Apesar de nunca ter sido coveiro, Amaral carrega tal apelido por ter trabalhado, durante sua juventude, em uma funerária de Capivari-SP, sua cidade natal. Mas isso ficou pra trás e tão logo iniciou no futebol, conseguiu alçar vôos mais altos na carreira e brilhar mundo a fora. Além do verdão e Vasco, teve a honra de vestir camisas pesadas como Corinthians, Atlético-MG, Grêmio, por exemplo, além de times da Europa, Oriente Médio, Austrália e Indonésia.

Aposentado desde 2013, após atuar por Itumbiara e Poços de Caldas, o jogador chegou a ensaiar uma volta ao futebol em 2015, aos 42 anos. Assinou com o Capivariano para disputar o Campeonato Paulista. Depois de ficar quase 2 meses fora devido a um estiramento muscular, conseguiu dar a volta por cima e ajudar o time a se livrar do rebaixamento. Seu envolvimento com o projeto mostrou, mais uma vez, o vencedor que é.

Amaral deixou o Vasco em 2000, após a perda do Mundial de Clubes para o Corinthians. Mas, mesmo de longe, o gigante da colina ficou eternizado em seu coração. Nessa entrevista, o ex-volante fala de sua satisfação em vestir essa camisa, lamenta não ter dado continuidade no Vasco, revela que se emocionou com a torcida em sua última visita a São Januário e manda um recado ao vascaíno.

Confira!

No Vasco, mesmo com pouco tempo de clube, você conquistou o carinho do torcedor pela raça em campo e pelo seu carisma. Qual o peso que essa camisa deu a sua carreira?

Amaral: Para mim foi uma satisfação imensa ter jogado no Vasco. Eu cheguei meio desacreditado, porque não estava jogando no Corinthians. A torcida me recebeu com um carinho imenso. Através dessa passagem minha pelo Vasco, eu consegui resgatar o meu futebol. Podia até ter tido uma oportunidade na seleção brasileira, porque eu tenho certeza que eu consegui fazer um bom campeonato da Taça Guanabara e um bom Mundial.

Em 2000, apesar da perda do Mundial de Clubes pro Corinthians, o Vasco formou uma verdadeira seleção. Como foi, pra você, fazer parte daquele celeiro de craques?

Amaral: Em 2000, quando o Vasco fez esse projeto para disputar o Mundial, foi muito triste. Eu queria ser campeão do mundo pelo Vasco, mas fui vice. Fizeram uma seleção muito grande. Eu até falava: "Bom, eu não sou considerado craque da forma de tantos jogadores que tem aqui". E todo jogo, quando acabava, eu era sempre escolhido melhor jogador em campo. Eu ficava muito feliz do carinho dos meus jogadores, da confiança que a torcida tinha em mim e isso me inspirava muito. Eu só posso dizer que tenho muita gratidão. Através desse Mundial que eu fiz, fui vendido para a Fiorentina, quando era muito difícil um jogador de centro-campista, ser vendido para a Itália.

Hoje, mais experiente, você acredita que poderia ter esperado mais e construído uma carreira mais sólida no Vasco antes de se transferir para a Fiorentina, onde já deixou claro que perdeu bastante dinheiro jogando por lá?

Amaral: Foi um momento, né? Como eu fiz um bom campeonato do Mundial, surgiu essa oportunidade pra mim de ir pra Fiorentina. Eu ia ganhar mais. Fui com o coração partido, porque eu recebi um carinho muito grande no Vasco. Tinha jogadores mais importantes que eu como Romário, Edmundo, Juninho Pernambucano, Felipe, Ramon, Helton, Carlos Germano, Mauro Galvão, que são considerados bandeira do Vasco. E eu consegui resgatar o meu futebol. A torcida me carregou no colo, né? Até tive uma experiência. Depois de 20 anos voltei a São Januário, quando o Marcelo Bimbi, amigo meu e casado com a Nicole Bahls, que é vascaíno, me levou pra ver um jogo do Vasco lá. E a torcida começou a cantar meu nome, gritar e eu comecei a chorar igual criança. Falei: "caramba, como que é gostoso a gente plantar bem". Não ganhei título, mas quando vestia o manto sagrado do Vasco, eu me transformava dentro de campo. A torcida cantando "Uh Uh é Amaral". Então, acho que isso marcou muito. Hoje, eu recebo muito carinho dos vascaínos e sou feliz de ter essa passagem tão rápida no Vasco, mas deixado um legado muito grande.

E agora, fora dos gramados, como o Amaral tem aproveitado a vida?

Amaral: Eu faço spinning, jogo futebol, tênis, aproveito fazendo pouco aquilo que eu não fiz na minha infância. Ir num parque de diversão... tudo que a bola me proporcionou hoje. Graças a Deus eu tenho uma família abençoada, uma casa, um carro, comer bem...Então procuro viver minha infância hoje. Posso dizer pra você que eu sou um bebezão. Jogo videogame... antigamente não tinha condições de ter um carrinho, um videogame dentro de casa. Então, graças a Deus, eu tenho! Isso é tudo graças ao futebol. Sou muito grato a todos os clubes que passei. Eu sempre falo que nunca fui um craque, sempre joguei com os melhores e sempre enfrentei os melhores.

Deixe um recado final para o torcedor vascaíno que tanto te admira.

Amaral: O Vasco passa por um momento difícil, mas vascaíno que é vascaíno tem que apoiar agora o Ramon. Que o Vasco possa sair dessa situação e pensar grande, porque o Vasco é grande! E eu tenho gratidão à torcida do Vasco pelo carinho e por tudo que eles fizeram por mim, no pouco tempo em que estive no clube.



Fonte: Twitter Detetives Vascaínos