Germán Cano diz que tem saudade da torcida do Vasco cantando 'Uh, tá maneiro, Germán Cano é artilheiro'
Quarta-feira, 03/06/2020 - 08:11
Em entrevista nesta semana ao canal argentino TYC Sports, o atacante Germán Cano, artilheiro do Vasco em 2020 com cinco gols, falou do medo de ir às ruas por conta da Covid-19. Em papo com o GloboEsporte.com com duração de exatos 14 minutos, número que o gringo leva às costas, voltou a falar da preocupação com o vírus, mas também botou para fora o quanto sente falta da torcida vascaína.

A palavra "saudade" não existe em espanhol, mas, após ser apresentado e adicioná-la ao seu portunhol em desenvolvimento, nem pensou duas vezes. Até cantou para expressar o quanto gostaria de rever os vascaínos em São Januário o mais rapidamente.

- Sinto muita falta de quando a torcida canta: "Uh, tá maneiro, Germán Cano é artilheiro". E fazer gols. A torcida do Vasco cantou essa música e ficou marcado no meu coração. Sinto muito falta disso e de entrar em São Januário para jogar e fazer muitos gols. Sinto muita falta - insistiu o centroavante.

Aliás, você escuta Cano cantando a música dele e respondendo a outras perguntas no Podcast GE Vasco #50 a ser publicado no início da tarde desta quarta-feira.

Após dois dias de avaliações e exames em São Januário nesta semana, Cano afirma ainda estar se acostumando com as novidades, mas revela satisfação com coisas simples.

- O sentimento é estranho, mas por outro lado estou contente porque já pude colocar a chuteira e pude pisar na grama. É importante começar a fazer o trabalho de campo, mas tudo é um pouco estranho por tudo que está acontecendo no mundo.

Cano também tratou de tranquilizar vascaínos que temem perdê-los diante do fato de o Vasco não ter pago salários a uma parte do elenco em 2020. Sair do clube por agora é algo que rechaça por completo.

- Não passa pela minha cabeça sair do Vasco. Vim para cá para fazer história, não quero sair agora. Quero ficar por muito tempo no Vasco, ter esse carinho de toda a torcida sempre fazendo gols ou não.

Confira outros tópicos do papo com Cano:

Você falou à TYC Sports, da Argentina, do medo de ir às ruas. Como está convivendo com essa situação?


Estou bem e minha família também, o que é importante. Estamos com saúde, e isso é o principal. Obviamente todo mundo tem medo por conta deste vírus que está assustando a sociedade não só aqui no Brasil, mas no mundo inteiro. Está morrendo muita gente. Temos que ter o cuidado necessário porque qualquer um pode se infectar e contagiar a família.

Idas às ruas com máscaras

Fui ao supermercado e à farmácia sempre com máscara. Mas não saí muito porque temos que ficar em casa protegidos. O medo sempre vai existir porque não sabemos como esse vírus pode nos afetar.

Como foi a reapresentação junto aos jogadores em São Januário?

Muito boa. É estranho, porque algo é tudo muito diferente em relação ao que era antes. Treinar com cinco companheiros e com cinco ou seis metros de distância é estranho. Quando chegava ao treinamento, você cumprimentava os companheiros, se abraçava e agora não se pode fazer isso.

O sentimento é estranho, mas por outro lado estou contente porque já pude colocar a chuteira e pude pisar na grama. É importante começar a fazer o trabalho de campo, mas tudo é um pouco estranho por tudo que está acontecendo no mundo.

Você relatou ter perdido cerca de três quilos ao canal "Atenção, Vascaínos". Ficou feliz por isso ou foi uma perda muscular?

Há mais de dois meses que estou treinando em minha casa. Estive muito bem porque o preparador físico do Vasco enviou para mim um trabalho personalizado.

Tinha um objetivo de perder dois ou três quilos para estar muito melhor e voltar um pouco mais fininho (falou em português). Me sentia um pouquinho pesado e queria abaixar dois ou três quilos para estar bem em forma. Estou contento porque me sinto mais magrinho, que era o que eu queria.

Como não tem encontrado os companheiros, você certamente perdeu um pouco no português, não?

Perdi sim, porque não tenho contato com ninguém. Está sendo um pouquinho muito difícil. Antes eu podia falar tudo com os companheiros, agora é um pouquinho mais difícil. Mas assistimos ao noticiário o tempo inteiro para não perder o português e entender o que estão falando.

O que mais sente saudade do Vasco no momento?

Sinto muita falta de quando a torcida canta: "Uh, tá maneiro, Germán Cano é artilheiro". E fazer gols. A torcida do Vasco cantou essa música e ficou marcado no meu coração. Sinto muito falta disso e de entrar em São Januário para jogar e fazer muitos gols. Sinto muita falta.

A torcida cantou em sua música em sua chegada ao Rio, em 6 de janeiro. Lhe marcou desde o primeiro dia de Vasco, certo?

Sim. Me envolvi completamente com essa música porque desde que cheguei não parei de ver vídeos cantando essa canção. Ficou marcada no meu coração, e eu nunca esquecerei o carinho de toda a torcida do Vasco. Aqui ninguém me conhecia, e o Vasco me abriu as portas. Peguei muito carinho por eles.

Qual o gol mais especial pelo Vasco?

Gostei muito do primeiro por ser o primeiro, de cabeça (contra o Boavista). Gostei muito também do que fiz em São Januário, pela Copa Sul-Americana, em que o Talles Magno me deu o passe. Pude fazer o gol e nós vencemos. Foi uma noite muito especial para mim porque fazer um gol em São Januário é uma sensação muito linda.

E o gol de bico contra a Portuguesa também foi um golaço...

Sim, foi um golaço. Nunca fiz um gol dessa maneira, porque levei muito tempo. Os zagueiros estavam esperando o que eu ia fazer e, por sorte, pude meter a bola entre as pernas deles e fazer o gol. Foi muito bonito.

O Vasco tem uma dívida importante com o elenco em salários. A torcida pode temer uma saída sua por conta desses atrasos?

Não passa pela minha cabeça sair do Vasco. Vim para cá para fazer história, não quero sair agora. Quero ficar por muito tempo no Vasco, ter esse carinho de toda a torcida sempre fazendo gols ou não. Para o artilheiro é muito importante ter essa confiança de toda torcida para fazer o melhor dentro de campo.

Quero dizer à torcida: Fiquem tranquilos, Germán Cano quer permanecer aqui muito tempo. Sou muito otimista de que as coisas aqui vão melhorar muito e que Vasco vai conquistar coisas muito importante.

Como têm as sido suas conversas com seu compatriota Martín Benítez, que jogou apenas duas vezes pelo Vasco?

Com Martín está tudo muito bem. Nos falamos sempre. Não podemos compartilhar o tempo juntos, mas ele estava tranquilo em casa com a sua família. Queremos que possa ajudar muito ao Vasco porque ele tem muita vontade de jogar com a camisa do clube.

Por que você escolheu a camisa 14?

Sou torcedor do Lanús. Na Argentina, a torcida do Lanús é conhecida como "La Barra 14". Me deram esse número na Colômbia. Gostei muito e me fez lembrar do meu início em Lanús. Sempre me dei muito bem com esse número, o utilizei em Colômbia, México e agora aqui. Então tem um significado muito especial usar a 14 aqui.

Você se manifestou contra o racismo via Instagram. Como combater algo tão feio?

É uma história muito antiga de racismo, não é de agora ou de ontem. O que aconteceu nos Estados Unidos nos tocou muito no coração. Ninguém quer estar na situação em que esteve a pessoa (George Floyd) que foi morta. Foi um momento muito doloroso para o mundo. Esperamos que isso o que se passou nos Estados Unidos possa levar mais informações ao mundo inteiro e que mostre que todos somos iguais.

Todos somos seres humanos, não importa a raça ou a cor. Tenho companheiros de diferentes cores e os trato da mesma maneira porque todos são pessoas e todos sentimos a mesma paixão pelo futebol. Todos caminhamos para o mesmo lado. Não é porque você é negro ou branco que temos diferenças. Temos que tratar todos igualmente e pensar desta maneira em todo mundo.



Fonte: GloboEsporte.com