Em fim de contrato, Fernando Miguel quer seguir no Vasco: 'No que depender de mim, essa história vai continuar'
Em São Januário desde 2018, Fernando Miguel é figura consolidada no Vasco. Seguro debaixo das traves e com voz ativa para representar o grupo em conversas com a diretoria, é considerado uma liderança positiva dentro do clube.
A exemplo do que ocorre com colegas de elenco, Fernando, de 35 anos, encontra-se em situação que lhe permite deixar o clube via Justiça. O Vasco não pagou salários a grande parte do grupo em 2020 - somente os atletas com salários inferiores a R$ 50 mil receberam a folha de janeiro. Mas, se a vontade do goleiro prevalecer, "a história vai continuar".
O vínculo de Fernando Miguel com o Vasco vence em dezembro, e, apesar de ser tido como uma das prioridades da direção, as conversas para a renovação ainda não foram iniciadas. O jogador, porém, lembra que atingiu a maioria das metas estipuladas no contrato assinado em 2018.
- As conversas ainda não se iniciaram. Existem alguns gatilhos no meu contrato, que foi assinado há algum tempo, que já foram cumpridos. Acho que identificação, lealdade e essa construção entre atleta e clube precisam existir para que as histórias continuem sendo escritas.
- No que depender de mim, essa história vai continuar. Mas vou repetir: ainda não foi iniciada uma discussão sobre renovação de contrato apesar de eu já ter cumprido praticamente todas as metas que estavam lá estipuladas.
No papo com o GloboEsporte.com, Fernando Miguel também falou da escolha por Ramon Menezes como novo treinador, da comissão técnica e revelou o desejo de que o retorno ao futebol seja feito a "passos seguros".
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Como foram os primeiros contatos com o Ramon? Acredita que o fato de ele conhecer bem vocês pode facilitar o trabalho?
O convívio com o Ramon não se estreitou somente agora, é um convívio que já é bastante estreito com todo o elenco há pouco mais de um ano. Acredito que essa afinidade que ele tem com todos possa, sim, ser um facilitador nesse processo de entendimento das ideias que ele vai colocar em prática junto com a gente. Uma coisa é você saber de alguém, outra é conhecer. Ramon já conhece grande parte do elenco que está aqui há mais de um ano, então a gente espera ter menos dificuldades nesse ponto.
O Vasco agora tem uma comissão muito identificada com o clube, com Ramon, Carlos Germano e Antonio Lopes. Esse conhecimento da casa é positivo?
De fato são pessoas que conhecem muito bem o clube. Ramon tem uma histórica rica, o Germano também. O Antonio Lopes é o único com quem gente não teve um contato mais próximo, mas a história dele fala por si só. Quanto mais você conhece o ambiente que está, mais importante é para que esse trabalho tenha um resultado ainda melhor. Acredito que tudo se resume às apresentações da equipe, aos resultados que a gente for conquistando e à evolução que todos vão ter e que esperam ter.
Fico muito feliz de estar trabalhando com pessoas que, além de terem história no futebol e de terem escrito sua história dentro do clube, ainda buscam avançar. São pessoas sedentas por crescimento, e fazer parte de um projeto assim é de entusiasmar qualquer um. Espero que a gente possa ter felicidade no desenvolver desse trabalho junto do Ramon e de todos esses vencedores que já têm suas histórias marcadas no clube.
Como tem sido a sua rotina nessa quarentena, desde as férias ao retorno aos trabalhos sob orientação do Vasco?
Acredito que essa quarentena tem sido de muita ansiedade e muita apreensão para todos. Comigo não tem sido diferente. Não consigo me ver diferente do que qualquer outro cidadão brasileiro ou do mundo que está sofrendo as consequências disso. Mas a gente precisa ter força e capacidade de se manter firme com muita fé.
E crendo que os passos que forem liberados daqui para frente sejam passos seguros para esse início de volta à normalidade. Não tem sido fácil, mas a gente espera que os dias tragam notícias melhores, perspectivas melhores e que as coisas comecem a caminhar em direção à normalidade.
Você está em sua terceira temporada de Vasco, e o clube prioriza a sua renovação. Já começaram a conversar para isso? Você quer seguir no clube?
É minha terceira temporada aqui no clube, próximo dos 100 jogos (soma 82) já. É motivo de muita alegria para mim fazer parte de um clube tão expressivo e com uma história tão rica, tão grande. Acho que é motivo de orgulho para todos que vestiram essa camisa com lealdade, disposição e muita entrega. Essas são as minhas características, e aproximar a minha história junto à história do Vasco é motivo de grandeza, fico muito feliz e honrado.
Em relação à renovação de contrato, as conversas ainda não se iniciaram. Existem alguns gatilhos no meu contrato, que foi assinado há algum tempo, que já foram cumpridos. Acho que identificação, lealdade e essa construção entre atleta e clube precisam existir para que as histórias continuem sendo escritas.
No que depender de mim, essa história vai continuar. Mas vou repetir: ainda não foi iniciada uma discussão sobre renovação de contrato apesar de eu já ter cumprido praticamente todas as metas que estavam lá estipuladas.
O fato de vocês, líderes do grupo, terem priorizado o pagamento dos atletas que recebem menos reforça a união desse elenco?
Acho que o gesto do nosso grupo mostra o valor do ser humano. É um momento em que todos enfrentam dificuldades, então a gente precisa começar a olhar as dificuldades das pessoas que estão próximas de nós, ao nosso lado, para que a gente possa ser solidário e para que alguém se potencialize e se revigore com essa atitude que o nosso grupo teve. Foi uma atitude nobre e que engrandece o trabalho de todos dentro do clube, mas principalmente o elo que existe entre nós mesmos.
Quais os melhores momentos vividos no Vasco até hoje?
Não gosto de destacar um único momento, eu vivo a vida com intensidade e aquilo que eu faço com muita paixão e disposição. E tem sido assim em todos os clubes por onde passo. Vivo muito feliz por esse tempo que já vesti essa camisa, com números que são bons. Espero seguir da mesma forma, prefiro continuar acreditando que as coisas vão ficar tudo bem e que tudo vai voltar à normalidade.
E quando isso voltar, seguir com a mesma paixão, com a mesma entrega e a mesma lealdade que eu tenho demonstrado até aqui ao clube. Espero, junto de todos que estão aqui no Vasco da Gama, continuar avançando.
O ano de 2018 foi muito difícil, escapamos de um momento muito delicado. Em 2019, foi um pouco melhor, conseguimos conquistar um título. Por mais que não seja da expressão que o clube está acostumado a conquistar, mas uma Taça Guanabara é algo significativo. Todos os atletas que passaram pelo futebol carioca valorizam, e eu não sou diferente. Com a construção de tudo isso, eu só poderei fazer um apanhado geral só lá no final, quando encerrar minha passagem pelo clube.
O que gostaria de viver ainda com a camisa do Vasco?
O que espero junto com o Vasco é o que todo atleta que aqui está deseja. É continuar crescendo, avançando e por que não avançar ao nível de conquistar um título importante? Que marque de fato o nosso nome na história do clube e no coração do torcedor. Que seja significativo tanto para o clube quanto para o atleta. Acho que esse é o sonho de todo atleta que joga em grandes equipes, como é o nosso caso no Vasco. Vamos trabalhar muito para que esses sonhos possam se tornar realidade ou para que voltem a se tornar realidade na história de um clube que é muito rica em títulos de grande magnitude.
Fonte: GloboEsporte.com