Número de sócios-torcedores do Vasco vem caindo durante a pandemia do coronavírus
Quinta-feira, 07/05/2020 - 12:17
Sem bola rolando, o amor à camisa está à prova durante a pandemia quando se trata de sócio-torcedor. Mais do que descontos, clubes brasileiros oferecem a ideia de pertencimento, do jogar junto. Evocada em situações de dificuldade, a sensação de ser membro da equipe, agora em isolamento, consolidou-se no último mês, desde que os clubes começaram a tomar medidas para não perder adesões.
O desafio envolve manter a base de receitas. Em 2019, a arrecadação com sócios significou R$ 109 milhões para os quatro grandes do Rio. A maior fatia foi do Flamengo: R$ 61,6 milhões.
Com o maior número de associados do Brasil, o Vasco viu o rendimento com sócios crescer de R$ 12 milhões para R$ 36 milhões entre 2018 e 2019. Mas desde fevereiro perdeu 5,4 mil sócios: hoje tem 176.146. A renovação para quem se associou na Black Friday de 2019, cujo fim do desconto será em 24 de maio, traz como uma das opções três meses grátis para compensar o período sem jogos.
O Flamengo sofreu 20 mil perdas desde fevereiro, e tem agora 106.069 sócios. O clube envia desde o começo de abril mensagens aos seus torcedores oferecendo descontos na renovação, com upgrade de categoria e um mês grátis. Os textos e vídeos falam que "É hora de estarmos mais unidos", mas não há descontos nas mensalidades dos planos vigentes até o momento. Os pacotes de jogos seguem inalterados à espera da retomada do calendário.
Por ora, os clubes não consideram reembolso a quem comprou pacotes específicos, como os da Libertadores. A visão é que em algum momento o torcedor terá o "produto" para consumir. Hoje, ninguém sabe quando. E se as partidas tiverem portões fechados? A discussão fica para o futuro.
A política de evitar descontos é comum a clubes que têm grande base de sócios, como Grêmio e Palmeiras —o Avanti, do clube paulista, gerou R$ 46 milhões em 2019. O Grêmio tem cerca de 90 mil sócios ativos e em dia, que geram R$ 7 milhões por mês, receita importante para manutenção dos custos do futebol. Diretor-geral, Carlos Amodeo explica o motivo de a política de descontos não valer a pena depois de perder 15% de receita:
— Os clubes que têm programas muito robustos estão adotando uma mesma linha de raciocínio, porque conceder descontos impacta ainda mais no sufocamento que já estão vivendo.
Para compensar, e diante da impossibilidade de dar ao torcedor o benefício de ir ao estádio com prioridade, o Grêmio conferiu bônus adicionais. Quem se mantiver em dia ficará ainda melhor ranqueado para a compra de ingresso quando os jogos com público voltarem. Além disso, um agrado: um diploma do clube em reconhecimento pelo esforço, além de o nome escrito em nove painéis na Arena. Quem não conseguir pagar a mensalidade, pode negociar seu parcelamento, sem descontos, mas só se ficar em dia.
Apelo histórico
O Santos resolveu oferecer descontos apenas para novas adesões e conseguiu dois mil sócios novos em abril. Hoje são 24.103. As entradas e resgates de inadimplentes compensaram com sobra as saídas e entradas de inadimplentes no mesmo período.
A diretoria aproveitou o gancho do mês de aniversário do clube e lançou uma campanha publicitária com um manifesto sobre a importância do torcedor permanecer ao lado do clube. A promoção para novas associações teve desconto de 50% no plano básico. Citando a iniciativa, André Monnerat, diretor de negócios da Feng Brasil, avaliou os caminhos dos clubes:
— É preciso trabalhar a comunicação para ressaltar o significado de ser sócio: se torcer para o seu clube é uma parte importante de quem você é, manter-se sócio é uma grande afirmação.
Com cerca de 24 mil sócios, o Fluminense informou que teve ligeiro crescimento. Segundo o clube, para cada desistência nas últimas semanas houve três novas adesões. Em 2019, o tricolor arrecadou R$ 5,3 milhões no programa. O Botafogo, por sua vez, faturou R$ 6 milhões.
Fonte: O Globo Online