Em live na VascoTV, Campello fala sobre salários atrasados, balanço, pandemia, CT, eleições e sócio-torcedor
Em longa entrevista coletiva promovida pela Vasco TV, Alexandre Campello e o vice de finanças Carlos Leão foram os entrevistados desta quarta-feira. Um dos temas importantes tratados pelo presidente é a possibilidade de atletas procurarem a Justiça para pedir a rescisão de contrato de forma unilateral. Vale lembrar que o clube ainda não pagou salários em 2020, e um jogador pode solicitar o encerramento do vínculo quando o débito chega a três folhas na carteira de trabalho.
Campello afirmou não acreditar que os atletas tomem esse caminho da rescisão unilateral pelo comportamento que apresentam desde 2018, ano em que assumiu o clube.
- O Vasco tinha apenas dois meses de atraso salarial antes da paralisação. A partir do terceiro mês de atraso, o atleta pode ingressar na justiça pedindo a rescisão do contrato. Obviamente que o Vasco não pôde honrar seus compromissos com essa pandemia. Se já tinha a dificuldade antes da pandemia, essas dificuldades aumentaram e muito. Estamos trabalhando bastante no sentido de tentar solucionar essa questão financeira.
- Pela parceria e pela forma que os jogadores se comportaram ao longo dos anos de 2018 e 2019, sempre entendo o esforço da direção e sempre sendo parceiros do clube. Eles abraçaram o clube, passaram por momentos difíceis sempre se mostrando parceiros. Eu não acredito que num momento como esse, de grande dificuldade pelo qual passa o mundo inteiro, alguém ingresse na Justiça com esse pedido. Não tivesse informação de nenhum atleta que estivesse pensando em fazer esse movimento.
O presidente do Vasco também anunciou que o balanço patrimonial do clube será divulgado nesta quinta-feira. Prometeu que o documento será histórico e apresentará um aumento na ordem de R$ 40 milhões em receitas recorrentes.
- Nesse balanço que será publicado, a gente vai poder observar o compromisso dessa gestão em relação ao equilíbrio financeiro. Quando assumimos em 2018, conquistamos um aumento da receitas recorrentes, que são aquelas que entram com frequência, de maneira ordinária. É um patrocinador, que você assina contrato e vai ter um recebimento de forma permanente por alguns anos. É o direito de transmissão...
- Como o nome diz, são receitas recorrentes. Não são excepcionais. Trouxemos dinheiro novo já em 2018. Em 2019, vocês vão poder observar que conseguimos aumentar em R$ 40 milhões essas receitas recorrentes. Isso demonstra que essa gestão está trabalhando muito trazer para o que chamamos de dinheiro novo. Houve aumento em royalties, bilheteria e sócio-torcedor. Por outro lado, o nosso compromisso em manter o controle sobre os custos. Gastamos menos em 19 do que 18.
Se Campello pôde comemorar o aumento de receitas recorrentes, o mesmo avaliou que há uma estimativa de prejuízo da mesma ordem. Segundo o presidente, o Vasco deve ter um saldo negativo de R$ 40 milhões em função da pandemia.
- A gente estima que esse impacto seja de pelo menos R$ 40 milhões. Mas nesse momento não há como precisar o tamanho do problema, até porque a gente não sabe quando as atividades vão voltar, quando os campeonatos vão retornar. Hoje ainda não dá para medir isso, mas estimo que não deva ser menor do que R$ 40 milhões o impacto dessa pandemia.
Mais elogios ao balanço que será divulgado
Balanço que orgulha muito a mim e a toda a equipe que participou dessa confecção, dessa demonstração financeira. É um balanço limpo, com total transparência, mostrando números que vão dar orgulho a qualquer por conta disso. Muito provavelmente sem nenhuma restrição por parte da auditoria, diferentemente do que aconteceu no anterior.
Haviam pequenas ressalvas que foram sanadas. Amanhã muito provavelmente publicaremos um balanço sem ressalvas. Devemos manter o otimismo e a esperança. É uma gestão comprometida com o clube e com a resolução da questão financeira para que no futuro possamos voltar a investir no futebol e a ter grandes conquistas.
Fim das férias dos atletas: Campello ainda não define o retorno do elenco, respeitando o poder público
O final das férias era inevitável, porque não tem como você prorrogar após 30 dias. Se encerra agora no dia 30. Teoricamente a partir do dia 2 os funcionários deveriam se apresentar, e a partir do dia 1º atletas e comissão deveriam se apresentar. Nesse período de paralisação, nos preparamos para ter todas as condições para recebê-los de acordo com os protocolos criados pelos médicos, dentre eles os médicos do Vasco.
Criamos também condições para que o Vasco trouxesse os treinos para São Januário. Temos totais condições de retomar as atividades. Se elas vão ser retomados ou não, vai depender das autoridades sanitárias e de poder público. Enquanto elas não autorizarem, vamos permitir sem atividades.
Acaba o período de férias. Aí é preciso entender o que vai ser feito em relação aos profissionais. Existe uma MP em que você pode propor redução salarial ou suspensão de contrato. Vamos pensar em tratar disso a partir do momento que tivermos uma definição do governo se será estendido ou não o distanciamento social.
Volta a São Januário para os treinos e como estão as obras no estádio do Vasco para que este seja usado como local de treinamento
Toda nossa preocupação é no sentido de preparar o clube no momento em que a volta do futebol for autorizada. A gente procura sempre se antecipar para criar as condições necessárias para volta.Entendendo que o futebol ficaria paralisado por muito tempo, o Carlos Leão devolveu o CT, que era um CT alugado. Gera uma economia de mais de R$ 500 mil.
Para isso acontecer, era necessário que a gente viabilizasse o nosso campo anexo, o departamento médico e outras áreas. Esse trabalho tem sido feito. A gente estima que até sexta-feira isso será concluído.
Doutor Marcos, Rodrigo, Carlos e Vitor participaram ativamente da criação de um protocolo para a retomada das atividades. Os treinamentos serão iniciados com pequenos grupos, as salas de musculação não devem ser usados.Monitoramento com testes com os atletas e com as pessoas que têm contato com os atletas.
Carlos Leão, vice de finanças e responsável pelas obras no CT, diz que Nosso CT deve estar pronto em julho
Não tenho dúvidas de que estaremos com o CT disponível em julho. Estão numa velocidade satisfatória. Entendo que a gente conseguiu manter velocidade importante para entregar. A gente pede que o torcedor vascaíno não desanime, as doações precisam continuar acontecendo.
Campello endossa palavras de Leão
Apesar da pandemia, apesar dessa paralisação, a gente conseguiu manter o ritmo da obra do CT com uma previsão de manutenção dos prazos de entrega do CT. A gente espera que de fato em julho os jogadores já possam estar treinando. Vai ser de grande orgulho para essa gestão, mas principalmente para o torcedor, que participou de forma decisiva para que esse projeto siga de pé.
Impacto da Covid-19 nas finanças do Vasco
Campello responde: A gente estima que esse impacto será de uns R$ 40 milhões, mas ainda não dá para precisar.
Carlos Leão também fala dos impactos nas finanças do Vasco
A gente teve uma perda importante de patrocinador, o Azeite Royal rescindiu o contrato. Também tivemos perdas com licenciamento. A receita de TV foi impactada pelo Covid-19, e as bilheterias nem preciso dizer.
Estamos encarando com muita responsabilidade e muito ânimo. Tem que continuar encarando de frente esse problema. Presidente Campello tem liderado uma missão importante nos custos operacionais. Não tem operação, não há jogos. A gente tem tido sucesso bastante expressivo na negociação de interromper pagamentos que a gente vinha pagando. Conseguimos estancar isso para endereçar para pagamentos de salários. Nesse ano, já fizemos alguns pagamentos de folhas de 2019.
Economia de R$ 500 milhões com entrega do CT das Vargens
Leão: Entregamos o CT das Vargens, e vai ter uma redução de R$ 500 milhões de reais pra gente. Por outro lado, a gente vem trabalhando na geração de receitas. A gente vinha trabalhando uma operação financeira pioneira no mercado que ia gerar R$ 10 milhões, mas isso foi atrapalhado pela pandemia. Continuamos conversando com o parceiro, mas essa monta acaba sendo prejudicada.
Campello fala do objetivo de manter o sócio-torcedor com alta adesão mesmo após período promocional
Criamos um comitê do sócio-torcedor para tratar especialmente disso. Venho cobrando muito que a gente faça planejamento com ações no sentido de aumentar a adesão desse sócio e a permanência do sócio que aderiu a partir do Black Friday. Por conhecimento de mercado, a gente sabe que todas essas ações que têm como objetivo de aumentar o número de associações, tem uma queda. Procuramos criar fatores para minimizar essa queda.
Momento de grande de dificuldade, o nosso torcedor também está passando por dificuldade, mas são nesses momentos em que a nossa torcida demonstra o amor ao clube. É um momento de esquecermos as diferenças.
Castan protestou contra PL que trata de redução da compensação para a rescisão unilateral
Isso difere do que acontece com qualquer outro tipo de trabalhador, acontece só com o atleta de futebol. Traz um problema muito grande para os clubes essa multa de 100%, traz um passivo muito grande. Entendo o posicionamento do atleta, que tem lá sua razão. Quando tem o contrato interrompido e não tem a possibilidade de encontrar um outro clube. Mas também entendo que é possível encontrar um meio-termo. A gente busca um equilíbrio entre os interesses do clube e os dos atletas. Em determinadas relações, o clube sai bastante prejudicado com essa multa de 100%.
Fundos de investimento que podem ingressar no Vasco? Campello trata como inviável
Desde que eu estou na presidência do clube, que tenho ouvido falar em fundos de investimento. Já conversei com vários. O que ocorre é que todo e qualquer fundo de investimento não coloca o seu dinheiro sem garantia de retorno.
É preciso que tenha lastro e algo que garanta esse investimento. Em relação ao Vasco, essas garantias não existem.Tenho ouvido muitas pessoas falando que vão trazer fundos, mas para você trazê-lo é preciso de lastro e garantias para isso.
Tivemos investimentos na modernização de São Januário, mas há a garantia do próprio estádio. Esse investidor ele tem a garantia de que vai utilizar o estádio por 20 anos, e isso vai remunerá-lo.
Tivemos uma preocupação muito grande de oferecer o que não temos hoje, que são camarotes, cadeiras especiais e estacionamento. Preservaríamos a arrecadação do clube com bilheteria e outras fontes. E cederíamos o que o Vasco não tem hoje para esse investidor até um certo limite.
Fundo de investimento para pagar salários, para fluxo, não existe a possibilidade. Todos eles querem que você vincule aos atletas, especialmente os da base. Isso absolutamente não é possível. Vasco não fará esse tipo de procedimento.
Eleições podem ser adiadas para 2021 em função de a Assembleia Geral ainda não ter sido realizada para a aprovação das eleições diretas?
O estatuto do Vasco tem uma série de regras. O Vasco tem cinco poderes. A diretoria administrativa, os conselhos de Administração, Deliberativo, Fiscal e a Assembleia Geral. A diretoria administrativa dá as condições para que a Assembleia Geral ocorra. Abrir o clube, providenciar mesa, sistema de informática... Enfim toda a estrutura para que ela aconteça.
Há um período para que você possa convocar essa assembleia. A gente não sabe até quando esse isolamento social vai manter as atividades paradas.
É preciso que a Assembleia Geral seja convocada, que seja criado uma junta para tratar dos sócios votantes. Esse rito é feito também para aprovação do estatuto. Não sei dizer se é possível porque a gente não sabe de que maneira o que vai acontecer em relação ao fechamento do clube e de outras as atividades.
É possível quitar as pendências com o elenco que estavam em aberto desde antes da paralisação? É possível pensar em reforços?
O credor tem sempre razão, e é natural que estejam insatisfeitos embora demonstrem que entendam o esforço do clube. Acho que a gente precisa sentar, conversar e mostrar o que está sendo feito. Não acredito que os atletas vão ficar afastados do clube nesse momento. Eles têm que trabalhar juntos para superarmos juntos essas dificuldades.
Nesse momento, acho que a gente tem muita coisa para pensar antes de pensar em reforços. Não é o momento de se pensar nisso. É o momento de pensar no que a gente tem, em sanar as atuais dificuldades.
O que o clube tem feito de operações para voltar a ter fôlego?
Estamos tentando negociar direitos de transmissões, tentando suspender pagamentos... O trabalho tem sido exaustivo, e a gente espera que gere frutos o mais rapidamente possível.
Fonte: GloboEsporte.com