Apenas 5 clubes cariocas têm suas sedes tombadas: Vasco, Fluminense, Bangu, Portuguesa e São Cristóvão
Com a decisão da Câmara de Vereadores de tombar a sede localizada na Rua Figueira de Melo, o São Cristóvão se juntou a Fluminense, Vasco, Bangu e Portuguesa numa seleta lista no Rio de Janeiro. Esses são os cinco clubes de futebol do estado cujas sedes receberam importância de patrimônio cultural e histórico e, portanto, foram tombadas.
De acordo com a lista disponibilizada pelo Instituto Estadual de Patrimônio Cultural (INEPAC), Fluminense e Bangu tem suas sedes tombadas desde a década de 90. A casa do clube da Zona Oeste, situada na Avenida Cônego de Vasconcelos, adquiriu a ordem de tombamento definitivo em setembro de 1990. E o histórico centro de treinamento do Flu, na Rua Álvaro Chaves, em Laranjeiras, em dezembro de 1998.
A respeito do Vasco, a fachada de São Januário foi reconhecida como patrimônio histórico e cultural apenas na esfera municipal. Por isso, não consta nas listas nem do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e nem do INEPAC. É o mesmo caso da Portuguesa da Ilha do Governador, cuja sede com marquise projetada por Oscar Niemeyer foi tombada em setembro do ano passado.
O America, outro clube tradicional do Rio de Janeiro, chegou a ter sua sede tombada em 2012, num decreto assinado pelo então prefeito Eduardo Paes, com o objetivo de impedir que o prédio fosse demolido para a construção de um shopping center. No ano passado, no entanto, o prefeito Marcelo Crivella revogou essa decisão e autorizou as obras do shopping.
Fundado em 1898 e clube que revelou Ronaldo Fenômeno, o São Cristóvão espera se fazer valer do tombamento para angariar recursos tanto com o poder público quanto com o privado para tentar amenizar a crise financeira - a diretoria calcula, por exemplo, uma dívida de R$ 400 mil só em causas trabalhistas.
- Sei que foi uma iniciativa da gestão anterior, mas, como sou em prol do clube, é uma ótima notícia. Fico muito feliz que isso tenha sido feito e saído do papel. É muito positivo para o clube, pelo valor simbólico e turístico que eleva o São Cristóvão ao patamar que ele merece. Vai ser muito útil para nós na hora de conseguir concessões de impostos, isenção de taxas em obras de conservação que pretendemos fazer. Também podemos recorrer ao IPHAN para conseguir apoio em alguma obras. Enfim, não tem lado ruim nessa notícia. Independente de lado político, o clube ganha. Isso é o que importa - explicou Thiago Vancellote, gerente de marketing do clube.
- A situação financeira ainda não é boa. Nós conseguimos reduzir as causas trabalhistas de R$ 1 milhão para cerca de R$ 400 mil. E continuamos negociando. Infelizmente, com o problema do coronavírus, tivemos que dar uma pausa e provavelmente a bola de neve vai estar um pouco maior lá na frente. Mas nossa projeção é boa - completou.
Campo é protegido desde 2002
A ordem de tombamento extinguiu as chances de que o São Cristóvão feche as portas, tecla bastante batida nos últimos anos. Mas o Estádio Ronaldo Nazário de Lima, que inclusive completa 104 anos de fundação nesta quinta-feira, nunca correu o risco de deixar de existir porque é protegido por uma lei municipal de 2002. Redigida pelo atual Secretário de Turismo do Rio de Janeiro, Otávio Leite, a lei impede que edifícios sejam construídos em terrenos de diversos campos de futebol de dimensões oficiais.
São citados nominalmente na lei, além do estádio do São Cristóvão, por exemplo, General Severiano, sede do Botafogo; Ítalo del Cima, estádio do Campo Grande; João Francisco dos Santos, estádio do Ceres; Campo da Gávea, sede do Flamengo; Laranjeiras, sede do Fluminense; Conselheiro Galvão, estádio do Madureira; Antônio Mourão Vieira Filho, estádio do Olaria; São Januário, estádio do Vasco; entre outros.
Fonte: GloboEsporte.com