Imagine o Flamengo perder um de seus principais jogadores para o arquirrival Vasco, como 'Gabigol', Bruno Henrique ou Arrascaeta. Talvez seja algo impossível hoje, mas foi o que aconteceu em 1989, com Bebeto.
A história, daquelas saborosas de se recordar, ainda mais em tempos de quarentena e com detalhes contados por quem participou diretamente dela, está no blog do jornalista da ESPN Brasil Mauro Cezar Pereira em seu blog no portal UOL.
Então com 25 anos, Bebeto já era um dos principais atacantes do Brasil e seu contrato estava por acabar com o clube rubro-negro. Decidiu, então, colocar a direção contra a parede e pediu alto, muito alto.
"Quando Bebeto quis renovar, pediu o dobro do que o Zico ganhava, que eram US$ 240 mil por ano. Sim, ele queria US$ 480 mil anuais. E o Vasco pagou o que o Flamengo oferecia, que eram US$ 200 mil por ano, mais do que o Júnior recebia."
A fala acima é de Gilberto Cardoso Filho, presidente rubro-negro naquele momento. Ele ligou para Mauro Cezar após ver o jornalista e outros colegas debatendo no programa Futebol no Mundo, da ESPN Brasil, da última terça-feira (7) sobre jogadores importantes que foram diretamente de um rival para outro.
Bebeto era ótimo, mas aquele era o Flamengo de Zico.
"Se eu aceito o que Bebeto pedia, Zico iria à minha sala e perguntaria: 'Sabe quem eu sou?'", explicou o ex-mandatário.
Gilberto Filho lembrou algo importante em relação ao assunto: que na mesma época, Renato Gaúcho voltou da Roma, da Itália, para o Flamengo por US$ 150 mil anuais.
Ele, hoje com 89 anos, também disse que Bebeto teria se arrependido da troca e que quis voltar atrás, uma vez que o Flamengo estava embolsando o dinheiro da venda do zagueiro Aldair para o Benfica.
Na viagem à Europa para fechar negócio com os portugueses, Gilberto Filho acertou o retorno de Renato Gaúcho, e a Roma poderia e tinha interesse em comprar Bebeto para repor sua perda por US$ 6 milhões.
E por que não aconteceu? O ex-presidente explica.
"Na ida para o Vasco ele faturou mesmo nos 15% da venda do passe que eram dele por direito. Se fosse para a Roma ganharia muito mais, mas já havia assinado. O Vasco pagou US$ 2,5 milhões, depositou, pois o jogador tinha uma carta do Márcio Braga (ex-presidente) que estipulava o valor para o passe."
E como o Vasco tinha este dinheiro todo? Na verdade, não tinha.
"Eu estava em Portugal e lá encontrei o então presidente [do Vasco] Antonio Soares Calçada. Ele me disse que não teria aquilo tudo, mas até US$ 1,5 milhão pagaria, pois havia vendido Geovani ao Bologna [da Itália], acertou dívidas e ficou com esse valor para investir no Bebeto", contou o ex-mandatário.
Ele ainda detalhou que "ilustre" vascaíno depositou a quantia restante, e o clube três anos mais tarde, em 1992, vendeu o atacante para o Deportivo La Coruña, da Espanha, pela mesma quantia.
Fonte: ESPN.com.br