Após emplacar dois medalhões seguidos no cargo de treinador, o Vasco decidiu mudar um pouco. De perfil, não de filosofia, afinal o cruz-maltino segue apostando em nomes capazes de mobilizar jogadores e administrar tensões, tão comuns em tempos de dificuldades financeiras. Após Vanderlei Luxemburgo e Abel Braga, a aposta foi em Ramon Menezes. Junto a ele, outros nomes ídolos da torcida retornaram - em especial, Antônio Lopes e Carlos Germano.
Não é coincidência que o Vasco aposte em três nomes de fundamental importância do período mais vitorioso da história do clube para iniciar a sua reestruturação em 2020. Duas décadas depois, ele retornam para tentar fazer o cruz-maltino viver dias melhores. O GLOBO relembra a trajetória desses três profissionais, que terão a missão de tocar o clube após a pandemia do novo coronavírus.
Ramon Menezes
Novo técnico do Vasco, Ramon é apenas mais um da série de ex-atletas que assumiram a condição de comandante do cruz-maltino. Lista esta que conta com nomes como Valdir Bigode, Romário, Mauro Galvão e até mesmo o recém demitido Abel Braga. Neste ponto, o novo treinador se destaca pela boa avaliação interna, onde é considerado um dos nomes promissores para o futuro da categoria.
Ter a cabeça aberta para inovações é algo que Ramon carrega desde os tempos de jogador. Conhecido pela criatividade desde quando surgiu no Cruzeiro, se destacou até ser vendido para o futebol europeu. O Vasco oficializou a sua contratação em 1996, quando o tirou do Bayer Leverkusen, da Alemanha, para uni-lo a um dos projetos mais vitoriosos da história do futebol brasileiro.
Em São Januário, Ramon viveu o melhor momento da carreira durante as quatro temporadas em que foi figura de destaque nas campanhas que culminaram nos títulos da Libertadores de 1998, o Torneio Rio-São Paulo de 1999 e o Carioca de 1998. Além disso, foi vice-campeão do Mundial de Clubes de 2000. O agora treinador dividiu espaço com nomes como Juninho Pernambucano, Romário, Edmundo e muitos outros.
Graças as boas atuações, chegou a ser convocado para a seleção brasileira. Ramon deixou o Vasco em 2001, passando por Atlético-MG e Fluminense antes antes de retornar ao cruz-maltino em 2002. Nesta segunda passagem, foi o artilheiro do clube daquela edição de Campeonato Brasileiro, com 15 gols, sendo eleito o melhor meio-campista do torneio.
Já veterano, Ramon defendeu o Vasco pela última vez em 2006, em uma passagem já sem tanto brilho.
Carlos Germano
Para muitos, o melhor goleiro que já defendeu as traves do cruz-maltino. Carlos Germano foi efetivado na função de treinador de goleiros e será auxiliado por José Alberto Quitete, que integrava a comissão técnica do sub-20. Ele é o segundo jogador com mais partidas disputadas pelo Vasco da Gama (632).
Carlos Germano foi revelado nas categorias de base do Vasco e esteve no time profissional de 1990 a 1999, tendo o seu melhor momento no Campeonato Brasileiro de 1997, quando o cruz-maltino conquistou o tricampeonato e foi eleito o melhor goleiro da competição, e na conquista da Libertadores de 1998.
Graças ao Vasco, somou sete convocações para a Seleção Brasileira, sendo a primeira, o que culminou na convocação para a Copa do Mundo de 1998, na França, sendo o reserva imediato de Taffarel.
Ainda pelo Vasco, o goleiro atingiu a impressionante marca para a época de 933 minutos sem sofrer gols, entre 24 de Novembro de 1991 e 27 de Setembro de 1992. Ele deixou o clube em 2000, por causa de um desentendimento com a diretoria da época devido a renovação de contrato. Ele ficou de fora do Mundial de Clubes daquele ano mesmo estando inscrito na competição.
Veterano, Germano retornou ao Vasco em 2004 após uma situação curiosa. O goleiro aceitou proposta para disputar o Campeonato Carioca pelo Flamengo, mas não chegou a entrar em campo no rubro-negro pois o Vasco apareceu com uma proposta melhor - e com mais tempo de vínculo - e o levou para a Colina.
Após encerrar sua carreira de jogador, seguiu a carreira no futebol como treinador de goleiros e depois foi convidado para ser auxiliar técnico do Barcelona.
Antônio Lopes
Antônio Lopes é um velho conhecido da torcida do Vasco. O ex-delegado de polícia foi o treinador cruz-maltino durante a maior parte do melhor momento da história do clube. Agora, ele retorna a São Januário como coordenador técnico para ajudar Ramon Menezes no trabalho com o futebol.
Quem o vê, logo o associa à passagem entre 1996 e 2000 pelo Vasco, onde conquistou os principais títulos da história do clube. Porém, poucos lembram que aquela foi a quinta passagem do delegado pela Colina. Em 1981, após se destacar com times modestos, Antônio Lopes recebeu um telefonema do então Antônio Soares Calçada, para voltar ao clube no cargo de treinador. Ali, começou a sua história no clube.
Lopes é reconhecido por lançar nomes como Carlos Germano, Edmundo Pedrinho e Felipe aos profissionais, pedir a contratação de Mauro Galvão e Donizete, convencer Ramon e Juninho a permanecerem no clube, e cortar nomes como Macedo, Toninho, Tenório, Vitor e Ranieli para fazer um bom time. O delegado sempre teve carta branca junto a diretoria, o que considera um dos motivos do seu sucesso.
Após conquistar a Copa do Mundo de 2002 como diretor-técnico da seleção brasileira, Antônio Lopes retornou ao Vasco em 2002. Grandes jogadores tinham saído, como Romário, Felipe, Leonardo Moura, Euller e Juninho Paulista e carregava a expectativa de tirar o clube de uma seca de títulos. Em 2003, conquistou o Campeonato Carioca.
Em 2008, Lopes retornou ao comando do Vasco pela sexta vez em sua carreira como treinador. Porém, com a troca da diretoria e após uma derrota para o Coritiba, que marcou também o seu jogo de número 600 no clube, acabou demitido.
Fonte: O Globo Online