Werley fala sobre titularidade, relação com Leandro Castan, efetivação de Ramon e projeta 2020 do Vasco
O ano do Vasco não é bom. Tem remotas chances no Carioca e sofreu para conseguir classificações na Copa do Brasil e na Sul-Americana. A defesa, porém, tem saldo positivo - a zaga titular foi vazada apenas seis vezes em 11 partidas disputadas. Um dos responsáveis por isso é Werley, que, além de fazer o seu papel lá atrás, tem atacado de goleador. É o vice-artilheiro da equipe no ano, com dois gols.
É bem verdade que os gols do zagueiro de 31 anos saíram num jogo só, na vitória por 3 a 2 sobre a Portuguesa, em fevereiro. E representaram um alívio. Estava no Vasco desde janeiro de 2018 e, embora sua função primordial seja defender, Werley criou o hábito de ir às redes desde os tempos do Grêmio, clube pelo qual marcou 14 vezes. Foi dele, aliás, o último gol da história do histórico Estádio Olímpico - na vitória por 1 a 0 sobre o Veranopólis, em 17 de fevereiro de 2013.
- Por onde passei, pude fazer gols. Uma virtude que tenho é o cabeceio ofensivo. Eu já estava ansioso, porque todo mundo fica cobrando: "Não vai fazer um golzinho?". No ano passado eu tive muitas oportunidades, contra Avaí e Fortaleza, os goleiros fizeram milagres. Contra o Corinthians, cancelaram meu gol, eu não estava impedido.
- Fiquei muito feliz. A bola parada define muitos jogos, e temos uma bola parada muito boa não só comigo, mas com Marrony, Castan e o Cano. São jogadores que atacam muito bem a bola. Que a gente continue trabalhando e que eu possa ter mais oportunidades para dar alegria ao torcedor.
Em relação ao bom momento defensivo, Werley acredita que a longevidade do quinteto dentro de São Januário tem sido fundamental.
- A gente já se conhece há muito tempo, está junto desde 2008. Me sinto muito bem ao lado do Castán, o conheço desde a base do Atlético-MG. Apesar de ele ser dois anos mais velho, a gente se conhece há muito tempo. Casou bem. Desde 2018 a gente tem feito grandes jogos. No ano passado, a gente só tomou um gol na Taça Guanabara em que fomos campeões invictos.
- Nossos números em geral são muito bons. Henrique, Pikachu e Fernando estão há muito tempo. Acho que todos têm se ajudado muito no sistema defensivo. Quando não leva o gol, não é mérito só dos dois zagueiros. É o geral, são os volantes, são os atacantes que recompõem. Quando se leva muito gol também, a culpa não é só dos dois zagueiros.
Werley também falou de Ramon, Abel, salários atrasados e anos anteriores no Vasco. Confira a entrevista na íntegra abaixo:
O que o Werley projeta para o 2020 dele?
Meu sonho mesmo é ir novamente com o Vasco para a Libertadores. Que a gente inicie o Brasileiro muito bem e termine muito bem, como foi no ano passado, quando não começamos bem. É importante iniciar bem.
Temos a Copa do Brasil, temos a Sul-Americana. Que a gente venha conquistar algo grande. Esse grupo merece um título. O nosso grupo merece, nós somos muito trabalhadores. A gente vem desde 2018 caminhando a passos lentos, mas caminhando. O Vasco é um gigante do futebol brasileiro, tem as suas dificuldades, mas o grupo é sensacional.
Meu sonho é que esse grupo conquiste um título dentro do Vasco, porque merece muito. Vamos fazer de tudo, vou trabalhar muito para que possamos conquistar algo e disputar a Libertadores.
Como tem sido essa experiência de ser titular absoluto depois de duas temporadas com menos jogos (23 em 2018 e 29 em 2019)?
Eu cheguei em 2018 com o Zé (Ricardo, treinador). Ele tinha definido o Paulão mais o Erazo, e eu fui buscar meu espaço. No Brasileiro, pude ter mais espaço, mas aí quebrei meu braço. Fiquei quatro meses parado. Assim que voltei, eu quebro o pé contra o Vitória. Graças a Deus, voltei a jogar me senti muito importante. Eu e Castan conseguimos terminar muito bem, nos livrando do rebaixamento.
No ano passado, iniciei jogando. Foi um ano muito difícil em relação a tudo. No segundo semestre, comecei jogando com o Vanderlei também e depois tive a lesão na minha panturrilha. Fiquei muito tempo parado, Henríquez, e o Vanderlei deu sequência. O time começou a ganhar e não tinha como tirar. Acho que as lesões me atrapalharam muito em 2018 e 2019.
Sequência em 2020
Voltei com a condição de titular, acredito que venho fazendo grandes jogos, os números comprovam isso. O nosso sistema defensivo no geral tem feito grandes jogos. Claro que a temos que melhorar como equipe porque as dificuldades só vão aumentar, mas, aos poucos, temos conquistado nossos objetivos na Sul-Americana e na Copa do Brasil. No Carioca a gente tem deixado a desejar em termos de classificação, mas ainda temos chances.
São apenas seis gols sofridos em 11 jogos com a defesa titular. O entrosamento é mais com o Castan ou se estende à defesa toda com Fernando Miguel, Pikachu e Henrique?
A gente já se conhece há muito tempo, está junto desde 2008. Me sinto muito bem ao lado do Castán, o conheço desde a base do Atlético-MG. Apesar de ele ser dois anos mais velho, a gente se conhece há muito tempo. Casou bem. Desde 2018 a gente tem feito grandes jogos. No ano passado, a gente só tomou um gol na Taça Guanabara em que fomos campeões invictos.
Amizade com Leandro Castan
A gente é próximo. Castan é 86, eu sou 88. Moramos na mesma concentração e depois jogamos no profissional do Atlético-MG. A gente cresceu junto, é um cara que eu gosto muito. Como jogador é fora de série, mas o Castan tem que ser valorizado muito mais como pessoa. É um cara sensacional, o nosso capitão, o nosso líder.
É um cara muito positivo, de muito caráter. A gente fica feliz por ter pessoas assim ao nosso lado. Hoje convivo mais com ele no dia a dia. Venho aprendendo muito com ele no dia a dia.
O Coronavírus é uma tragédia, a pandemia é uma tristeza que tem matado muita gente, porém é possível tirar algo de positivo dessa pausa, concorda? Está bem mais próximo da família, né?
Momento muito chato que a gente está vivendo, pandemia que parou o mundo. Acho que nunca tive essa oportunidade de estar com meus filhos, do meus pais, meus irmãos. Da família em geral, né?
Desse momento triste, acho que a gente tem de tirar um lado positivo, que é esse. Estar perto da família. Estou aproveitando o maior tempo possível para ficar em casa, para ir à fazenda. Tenho aproveitado muito esse tempo. Estamos ansiosos para voltarmos a trabalhar e que voltem os campeonatos para que a gente possa dar sequência à nossa rotina.
Como você reagiu à escolha pelo Ramon?
Fiquei muito feliz pelo Ramon, é um cara sensacional, muito inteligente e estudioso. Já foi treinador, trabalhou no Tombense, no Joinville. Está preparado, conhece o Vasco como poucos. Foi campeão ali dentro. O grupo adora o Ramon, e tenho certeza que vamos fazer de tudo para dar todo o suporte para que ele possa passar suas ideias.
E que a gente venha ter um Vasco forte assim que voltarem as competições. Espero que o Ramon possa ter uma carreira vitoriosa de treinador, porque ele merece muito. Esperamos dar esse pontapé inicial juntamente com ele e que a gente faça um grande ano.
Como você e outros líderes podem ajudar o Ramon nesse início?
Manter o que a gente vem fazendo no dia a dia, que é dar exemplo. Se dedicar ao máximo nos treinamentos, de se cobrar ao máximo. Acho que a postura de todos tem sido essa para que o Ramon possa passar todo o seu conhecimento.
Por que não deu certo com o Abel?
Abel é um cara sensacional, um grande treinador. Muita gente fala que no futebol não tem sorte. Eu acho que tem sorte, sim. Hoje o pessoal fala que o nosso time tem poucos gols no ano, mas acho que o Vasco é o time que mais cria e mais finaliza na Série A. Isso foi fruto também do trabalho do Abel, só que a bola não estava entrando, cara. Goleiro fazia milagre, a gente perdia, então acho que isso foi dificultando.
Os resultados no Carioca não chegaram, e o Abel decidiu sair, até pela postura que ele tem. Você vê o caráter do cara. Ficamos tristes porque perdemos um grande cara. Desde já agradecer ao Abel por tudo que fez por nós. Que ele possa continuar tendo glórias. Nós vamos seguir nossa vida, e o Abel vai seguir a dele.
Quando você fala em "grupo sensacional", esse elenco tem encarado problemas de atrasos constantes. Como é conviver com isso diariamente num clube tão grande como o Vasco?
Fácil não é. Independentemente do valor que você ganha, você tem os seus compromissos. Os funcionários sofrem muito com isso. Em toda empresa, quem trabalha quer receber em dia. Mas esse grupo vem segurando a barra desde 2018, num ano que foi bem mais tranquilo. No ano passado que começou a ter mais dificuldade.
O grupo está muito comprometido com o Vasco, com o presidente, com a diretoria e com o torcedor, que é o maior patrimônio do clube. O grupo sabe o que quer dentro desse clube apesar de todas as dificuldades. Sempre botamos na cabeça que vamos vencer no Vasco, que vamos conquistar algo.
Acho que isso que nos move. É o calor da torcida, jogar em São Januário. A torcida é apaixonada, onde você vai tem torcedor. A gente sonha e tem certeza que o amanhã vai ser diferente. Uma hora as coisas vão mudar, vão melhorar. Depende muito de nós, e temos feito da melhor maneira possível dentro de campo.
Fonte: GloboEsporte.com