Hoje no Gama, Nunes lembra passagem pelo Vasco em 2010 e 'bagunça' com Carlos Alberto e Zé Roberto
Ainda na ativa aos 38 anos, e fazendo gol atrás de gol pelo Gama-DF, o atacante Nunes teve, há exatamente uma década, passagem pelo Vasco.
O centroavante estava com 28 anos, idade considerada como auge físico dos jogadores, mas não conseguiu repetir em São Januário o excelente desempenho que teve com a camisa do Santo Andé, seu time anterior, pelo qual foi vice-campeão paulista em 2010, contra o Santos de Neymar e Ganso.
Em entrevista à ESPN, ele revelou que teve que jogar no sacrifício com a camisa cruzmaltina, o que seria a explicação para o desempenho ruim na equipe carioca: 14 jogos realizados e apenas três gols marcados.
Essa história, na verdade, começa antes do Paulistão 2010.
"Antes do início do Estadual, o Botafogo queria me contratar, porque eu já vinha de um 2009 muito bom com o Santo André. E também teve uma situação do São Paulo se interessar. Todo mundo sabe que eu sou são-paulino doente, então eu queria ir para o São Paulo. Só que a proposta era de empréstimo, e o presidente do Santo André disse que não se interessava, porque aí apareceu o Cruzeiro querendo me comprar", lembrou.
"Aí eu disse que não queria ir para o Cruzeiro. Falei que, se fosse pra sair do Santo André, iria para o São Paulo ou para lugar nenhum. Era meu sonho, sempre tive esse namoro com o São Paulo. O Rogério Ceni gostava do meu jeito de jogar, e sabia que eu era são-paulino. Na época, falei com o Miranda, com o Milton Cruz. Estava tudo encaminhado. Mas o presidente do Santo André queria que eu fosse para o Cruzeiro. Então, não deu em nada", completou.
Nunes, então, acabou permanecendo no Santo André, e fez excelente campanha com o time, ficando a uma bola na trave de ser campeão em cima do Santos.
Logo após o Paulista, veio a proposta de empréstimo do Vasco, e dessa vez ele aceitou.
Só que as coisas não deram certo...
"Eu quis ir embora, pois, se não saísse naquele momento, não conseguiria nenhuma outra equipe. Só que eu joguei o Paulista inteiro machucado, no sacrifício. Quando cheguei no Vasco, disse para o (diretor de futebol) Rodrigo Caetano: 'Preciso de uns 20 dias para tratar a lesão e ficar 100%'. Mas ele falou que era agora ou nunca, que, se eu fosse para o Vasco, tinha que ser naquele momento e estar pronto para jogar", relatou.
"Eu fui, mas não joguei 100% no Vasco. A verdade é essa: fui para o sacrifício. Fiquei dois meses tratando uma pubalgia e jogando ao mesmo tempo, porque tinha contrato de empréstimo só até o final do ano", rememorou.
Hoje, o centroavante confessa arrependimento em ter aceitado a situação.
"Eu terminava os jogos morrendo de dor e pensava: 'Não é possível isso'. Eu jogava três partidas e tinha que parar. Esse foi meu arrependimento: de ir para o Vasco nas condições que eu fui", lamentou.
"A torcida e a imprensa não sabiam dessa situação, mas me cobravam de maneira forte. Eles não sabiam o que eu estava passando. É claro que eu queria jogar no Vasco, porque não queria passar despercebido no resto do ano em 2010, mas não estava bem", afirmou.
"Eu gostaria muito de ter continuado no Vasco em 2011, mas infelizmente não deu. É um grande orgulho que eu tenho, porque jogar lá foi uma recompensa para o esforço que fez na minha carreira. Desde moleque tinha o sonho de chegar a uma equipe grande, e posso dizer que consegui", complementou.
APRONTADA COM 'GALERA DA PESADA'
Apesar de ter ficado pouco tempo no Vasco, Nunes teve tempo de viver algumas histórias hilárias.
A melhor delas aconteceu ao lado de dois dos maiores "medalhões" do elenco: o meia Carlos Alberto e o atacante Zé Roberto, apelidado no mundo da bola como "Zé Boteco".
"Essa foi bem engraçada (risos)", recorda Nunes, às gargalhadas.
"Foi na época da Copa do Mundo de 2010, quando fizemos uma intertemporada. O (treinador) PC Gusmão liberou para a gente tomar uma cerveja de leve no quarto, mas não tinha como a gente conseguir. Aí o Zé Roberto ligou para o Emerson Sheik, de quem ele é bem amigo e que tinha uma casa em Mangaratiba: 'Sheik, traz umas cervejas pra gente?'. O Sheik colocava as latas numa mochila e vinha de jet ski até o hotel. Ele deixava na praia e a gente ia lá buscar e trazia de volta para o quarto. Ele fez umas três viagens, e nós ficamos a tarde toda assim (risos)", sorriu.
O plano parecia perfeito, até que alguém se animou demais. A história teve final "trágico", mas muito engraçado.
"O Carlos Alberto viu a gente com as cervejas e se empolgou. Ligou na recepção do hotel e pediu cigarro e uma porção de camarão (risos)", relatou.
"Só que o pessoal da recepção perguntou ao PC Gusmão se estava liberado para os atletas pedir porção de camarão e cigarro, e falou que nosso quarto tinha pedido. De repente, alguém bate na porta e a gente foi todo 'grandão' para abrir e pegar o pedido. Quem estava segurando a bandeja? O PC Gusmão (risos). Ele só entregou a porção, balançou a cabeça e foi embora", relembrou.
A bronca que eles levaram no dia seguinte também entrou para a história.
"Na hora, todos pensaram: 'Deu ruim!'. Foi o maior tumulto, e corremos para pedir desculpas ao PC. No dia seguinte, o Rodrigo Caetano veio dar a maior dura em mim: 'Você veio já machucado aqui para o Vasco e agora está no meio da bagunça'. Eu falei que não estava na bagunça, mas confirmei que estava no quarto. O Caetano falou que eu podia ir embora que ele ia me devolver ao Santo André. Fiz minha mala e já preparei tudo para voltar", contou.
"Mas quando ele me viu com as coisas, mandou eu colocar de volta no lugar que e gente ia conversar sério. Aí tomei uma dura ainda pior (risos). O PC também ficou puto comigo. Depois, o tempo passou e a gente acabou rindo da situação. Para piorar, foi na minha primeira semana no Vasco (risos)", finalizou.
Fonte: ESPN.com.br