Levantamento de Peso: Atleta vascaína Nathasha Rosa afirma estar sendo prejudicada pela CBLP
O presidente da Comissão de Atletas do COB (Comitê Olímpico do Brasil), Tiago Camilo, enviou na última terça-feira uma representação para pedir que o Conselho de Ética do comitê investigue denúncias contra o presidente da CBLP (Confederação Brasileira de Levantamento de Peso), Enrique Montero Dias (foto acima). A entidade afirmou que não cometeu irregularidades (leia mais abaixo).
As acusações, feitas pela atleta da modalidade Natasha Rosa Figueiredo, foram endereçadas por ofício por Camilo ao presidente do Conselho de Ética, Sami Arap.
De acordo com a argumentação de Camilo, Natasha afirmou ter sido "prejudicada no critério de escolha do bolsa pódio pois foram transmitidas informações que não condiziam com a verdade em relação ao seu resultado". E que os resultados atestam que ela está entre as 12 melhores atletas do mundo em sua categoria, o que lhe confere condição de receber o apoio do governo federal e dá condições de classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio.
A seguir, o ofício disse que a indicação feita para receber o Bolsa Pódio - que cabe à CBLP - foi destinada a uma outra atleta que é treinada por um dos técnicos da seleção brasileira.
Natasha também protestou à Comissão de Atletas que foi impedida pela confederação de participar da Copa do Mundo de Roma, em janeiro passado, um torneio que distribui muitos pontos e é importante para a corrida olímpica para os Jogos de Tóquio, porque a CBLP "alegou que a atleta não informou seu paradeiro à WADA" e ficou inelegível para o evento [Agência Mundial Antidoping, que exige que os atletas informem suas localizações antecipadamente para testes antidoping surpresa]. A única representante do país na disputa do torneio na capital italiana foi Luana Oliveira Madeira, que ficou na oitava posição.
Além disso, a atleta relatou que precisou depositar R$ 8.276,84 na conta da entidade para custeio de passagens aéreas, hospedagem e despesas com antidoping, mas posteriormente descobriu que nem sequer havia sido inscrita na lista preliminar.
No documento, Camilo afirmou que Natasha argumentou que as ações contra si favoreceram uma outra atleta, que é treinada pelo pai do presidente da CBLP, Enrique Montero Dias.
Natasha ainda relatou que foi inscrita em um Campeonato Sul-Americano em Cali, na Colômbia, sem consentimento - ela não tinha ciência do registro. Isso em datas muito próximas do Grand Prix romano.
Por fim, a atleta acusa a CBLP de não repassar bolsa da entidade de R$ 1.500. Enquanto isso, sua rival treinada pelo pai do presidente Enrique Montero Dias capta o valor.
- Como demonstram os fatos acima, a atleta vem sendo prejudicada sem qualquer justificativa pelo presidente da CBLP, de modo que pedimos a apuração dos fatos e orientação da entidade para que cessem as medidas tomadas em prejuízo da atleta e, por consequência, para o Time Brasil - escreveu Camilo no final do ofício.
O que diz a Confederação Brasileira de Levantamento de Pesos
O assessor jurídico da CBLP, Marcelo Jucá, afirmou que Natasha deu causa à não participação na Copa do Mundo de Roma porque ela não preencheu datas de seu paradeiro que devem ser informadas à Wada entre o final de dezembro e a primeira semana de janeiro - sem as informações, a Agência Mundial Antidoping considera o atleta passível de punição.
- Defendo pessoalmente a ética, transparecia e o melhor da gestão para as entidades que represento. As afirmações lançadas pelo atleta Thiago Camilo não são verdadeiras. Muito me estranha um procedimento ético pautado pelo sigilo ser comunicado a público com tom absolutamente inverídico e sem qualquer ética, esta que deveria ser a base do requerimento - disse Jucá.
Ainda segundo Jucá, como o custeio da viagem de Natasha a Roma havia sido paga com dinheiro público da Lei Agnelo Piva, o fato de ela não participar geraria glosa na prestação de contas ao COB. E, por isso, informou à atleta em comunicado em 27 de janeiro que lhe repassaria os custos.
- A atleta foi inscrita preliminarmente e foi realizada a inscrição final. Tanto que foi analisada a inelegibilidade da atleta. Além de realizada a inscrição preliminar e final, recebemos a invoice da participação da atleta e realizado a transferência bancária, pagamento de impostos (33,33%), compra da passagem aérea - disse Jucá.
Em relação ao Bolsa Pódio, a argumentação é de que a documentação de Natasha estava correta, mas sua indicação não foi aprovada pela comissão tripartite formada por COB, confederação e governo federal.
Procurado, o COB afirmou à reportagem que as denúncias são formalizadas no Canal de Ouvidoria que é administrado pelo Gerente de Conformidade de forma confidencial e independente. Igualmente, as representações formuladas no Conselho de Ética são processadas de forma confidencial.
Fonte: GloboEsporte.com