Conselho Deliberativo se reúne nesta 3ª-feira para tentar finalizar votação da reforma do estatuto
O Vasco tentará mais uma vez votar a reforma do seu estatuto, nesta terça-feira, em nova reunião na Sede Náutica da Lagoa. Um dos pontos que mais gera controvérsia entre os políticos da Colina é tão sensível que foi postergado, da reunião passada para a desta terça. Trata-se de uma prática antiga em São Januário, que se configura, na visão de quem é crítico a ela, conflito de interesses: a possibilidade de conselheiros serem também prestadores de serviço remunerado para o clube.
No período da atual gestão, há pelo menos cinco casos de membros do Conselho de Beneméritos que, direta ou indiretamente, prestam ou prestaram serviços para o Vasco, recebendo por isso. O grande benemérito Paulo Reis, ex-vice-presidente jurídico do clube nos tempos de Eurico Miranda, trabalha para Alexandre Campello através de seu escritório, o Paulo Reis Advogados Associados. Seu filho, Daniel Reis, trabalha com ele, e é benemérito vascaíno.
Denis Carrega Dias, grande benemérito, também presta serviços remunerados de advocacia para o Vasco. Na reunião da semana passada, quando a pauta começou a ser discutida na Lagoa, alegou questão de ordem e teve a palavra. Sua sugestão surpreendeu a muito presentes: Dias defendeu que seja proibido que conselheiros prestem serviços remunerados para o Cruz-maltino, com a exceção dos advogados.
Na folha da vice-presidência de futebol, o grande benemérito Gilson Honório Ferreira aparece como prestador de serviços. Na da vice-presidência de esportes de quadra, a empresa do grande benemérito Fernando Antônio Portela de Lima, a FAPLIMA Assessoria e Consultoria Esportiva LTDA, consta como prestadora de serviço. A funcionária: Terezinha Celeste de Lima, esposa de Fernando.
Conselheiro pede inclusão de empresários de futebol
A prática de conciliar atuação política e vínculo econômico é permitida no estatuto atual do Vasco. No texto novo, que será votado nesta terça-feira, o Artigo 57, parágrafo segundo, afirma que "ficam impedidos de exercer mandato no Conselho Deliberativo e no Conselho Fiscal funcionário do clube enquanto perdurar o vínculo trabalhista e sócio que estiver prestando qualquer espécie de serviço remunerado ao clube ou que fizer parte de sociedade que estiver executando obras ou serviços onerosos ao clube".
Seus críticos afirmam se tratar de um quadro de conflito de interesses, em que a atuação política do indivíduo fica contaminada pelo interesse financeiro. Na reunião da semana passada, o conselheiro Renato Brito pediu pela inclusão de empresários de jogadores de futebol na lista de profissionais que não podem exercer cargo político no clube:
- Esse artigo sobre conflito de interesses tenta evitar que conselheiros, que participantes políticos do clube prestem serviço remunerado ou sejam contratados. Tentei incluir o empresário nisso. Se ele tem um atleta no Vasco, ele tem uma relação com a diretoria administrativa. Isso vai gerar o mesmo conflito de interesses dos outros profissionais.
Inelegibilidade na pauta
Outro ponto importante que será votado é a proposta de inelegibilidade por dez anos do gestor que tiver suas contas reprovadas. Na semana passada, o presidente Alexandre Campello teve as contas de 2018, primeiro ano de sua gestão, reprovadas pelo Conselho Deliberativo. Entretanto, a mudança estatutária não necessariamente afeta sua elegibilidade no próximo processo eleitoral, no fim deste ano, uma vez que a reprovação aconteceu antes da possível alteração.
Fonte: O Globo Online