Sabe-se lá a sensação térmica exata. O que importa é que foi debaixo de um sol escaldante que a torcida do Vasco deu mais uma demonstração de amor. Foram poucos, é verdade, mas é compreensível, em uma sexta-feira, às 11h, ter tido quem não pode comparecer a São Januário para ver a partida contra a Cabofriense, adiada na quinta-feira por causa das fortes chuvas.
Igor Marques, 23 anos, é motoboy de uma fármácia e pega no trabalho a partir das 14h. O jogo acaba às 13h e ele ainda assim foi à Colina. Completamente enxarcado de suor, reclamava do presidente Alexandre Campello, que fechou logo o setor da arquibancada que tem sombra - logo no começo da partida, a área foi aberta, para a alegria da torcida.
— Vim ao jogo na quinta, fiquei até 1h da manhã aqui, na esperança que fosse ter jogo, e vim hoje. É muito amor ao Vasco, igual só o amor aos meus filhos - afirmou, para responder em seguida, sobre o tempo curto para sair do estádio e ir trabalhar: - Vou direto, sem almoçar nem nada. Se eu me atrasar, o patrão já sabe o motivo. É o Vasco.
Perto dali, Rogério da Cunha Martins, de 55 anos, preparava assentos de papelão para os dois netos, Davi Lucas, de seis anos, e Miguel, de quatro. Os dois queriam sentar na arquibancada, mas o calor era demais, queimava a pele das crianças. Nem o papelão deu conta e eles tiveram de usar a camisa do Vasco para reforçarem o isolamento térmico.
Segurança, ele só pega no trabalho à noite. O passeio pela manhã foi levar os netos para São Januário, dar sequência ao trabalho de cultivar o amor pelo clube. Ainda que a experiência nesta sexta-feira não seja das mais agradáveis.
— Vou voltar bronseado, como se tivesse ido à praia — afirmou. — Amamos o Vasco e quero passar isso para os meus netos.
Em campo, os jogadores treinados por Abel Braga atuaram debaixo de uma lua. Sem papelão para protegê-los, sem sombra na arquibancada para amenizar o calor. É muito amor mesmo, seja pelo Vasco, seja pela profissão.
Fonte: Extra Online