Revelado pelo empresário Luciano Hang, dono da Havan, no dia 24 de dezembro de 2019, o patrocínio da empresa ao Vasco ainda não foi anunciado pelo clube carioca. É questão, porém, de mera formalidade, conforme contou Jordan Hang, diretor de marketing da loja de departamentos.
Nesta quarta-feira, inclusive, haverá nova reunião - esta não presencial - para ajustar os últimos ponteiros da parceria. Que, pela repercussão positiva, deixa o protesto dada a posição política de Hang de lado.
- O engajamento do torcedor, de querer trazer a Havan junto ao clube, em meio a questão da situação financeira que o clube se encontra... Todos os posts desde o Luciano, até nos da Havan, até meu perfil pessoal, foi isso de "Vasco". Foi coisa de doido. A gente nunca viu algo parecido - afirmou Jordan Hang.
O valor do acordo não foi revelado. É pouco acima dos R$ 2,5 milhões especulados, sem qualquer variável -, ou seja, algo fixo por um ano de contrato. A Havan vai expor sua marca nas mangas da camisa de jogo, numa placa de publicidade em São Januário e em outra no Centro de Treinamento.
Jordan, em entrevista por telefone ao GloboEsporte.com, contou como se iniciou o namoro com o Vasco, que, na verdade, veio por intermédio de invasão dos vascaínos em redes sociais da Havan, do dono e dele próprio, os planos para a parceria e respondeu sobre os protestos e a divisão da torcida com a associação do clube à marca Havan.
Confira a entrevista logo abaixo.
GloboEsporte.com: Como, afinal, se iniciou esta possibilidade de patrocínio da Havan no Vasco?
Nós temos patrocínio no Athletico-PR, na Chapecoense. No Cascavel, no Brusque, da nossa cidade, que foi campeão da Série D. E a história do patrocínio no Vasco se deve muito ao clube do Brusque mesmo. Um dia a diretoria do Brusque veio trazer na nossa sede todos os troféus que conquistaram no ano. E aí o Luciano, no story do Instagram dele, perguntou qual clube que as pessoas gostariam que ele patrocinasse. O que vimos ali nos próximos dias e até hoje foi avalanche da torcida do Vasco. Pedindo patrocínio para o clube em tudo que é canal de mídia que existe. A gente nunca tinha visto isso. O engajamento do torcedor, de querer trazer a Havan junto ao clube, em meio a questão da situação financeira que o clube se encontra... Todos os posts desde o Luciano, até a Havan, até meu perfil pessoal, foi isso de "Vasco". Foi coisa de doido. A gente nunca viu algo parecido.
Vocês têm 12 milhões de seguidores nas redes sociais. Conseguiram mensurar essa manifestação de torcedores do Vasco nas redes de vocês?
Claro que a gente tem todas as análises, mas foi algo tão alto, um volume tão impressionante, que não precisamos de estudo nenhum. De 300 mensagens, 250 eram a palavra "Vasco". Mesmo assim a gente fez (estudo) e o engajamento da torcida foi algo diferenciado. Ainda mais depois da questão do sócio torcedor, que virou o maior número de sócios no Brasil, o quinto maior do mundo.
Efetivamente essa mobilização de torcedores, tanto na procura da empresa, quanto na campanha de sócios, fez com que essa parceria fosse antecipada? Existia algo já previsto?
Não. Tivemos contato prévio com a diretoria do Vasco no início do ano (2019), aí as coisas esfriaram. Depois, veio esse movimento todo que eu contei e a gente se reuniu no fim do ano.
A Havan tem duas lojas no Rio, mas fora da cidade. Essa chegada ao Vasco quer dizer uma expansão para o Rio?
A gente brinca que somos empresa de marketing que até vende produtos. O que a gente percebeu é que a torcida do Vasco vai muito além do Rio de Janeiro. Brusque tem sede do Vasco, tem muitos torcedores. É a quinta maior torcida do Brasil. Acredito que abre portas na cidade, no estado, só que nosso grande objetivo é o Brasil todo. Vieram mensagens literalmente de todo o Brasil e até de fora do país que pediam o patrocínio da Havan no Vasco. Buscamos esse cenário nacional e não apenas estadual. Há previsões de abrir 30, 40 lojas, com terreno já negociados, até o ano que vem. O projeto da Havan é fechar até o fim do ano que vem 200 lojas, depois 500 lojas, e com certeza o Rio está contemplado nesse projeto. Mas não tenho data agora para dizer, porque depende de negociações, mas o Rio está no nosso projeto, sim.
Vocês viram as reações contrárias ao patrocínio, pela figura do Luciano, o envolvimento dele Luciano com política (apoiador do presidente Jair Bolsonaro). Houve pichação contra ele, contra a marca. Como foi sentido isso?
Com o embate do "sim" e do "não" e do "positivo" e do "negativo", o barulho é muito maior. Isso fez a Havan ser o assunto mais comentado no Twitter algumas vezes. Sempre haverá quem goste e quem não goste. A estátua da Liberdade nas lojas é a mesma coisa. Tem algumas pessoas que não gostam, como foi em Bauru, em São Paulo. Há outras que gostaram e decidiram apoiar a geração de emprego. Assim como tem gente no Vasco que não queria o patrocínio da Havan por conta da posição política do Luciano e tem gente que sabe da situação financeira do clube e apoiou a parceria. Para a gente, foi tranquilo. O carinho que a Havan recebeu superou qualquer outro tipo de ataque que teve neste momento.
Por que o Vasco ainda não anunciou a Havan? Algo ainda não foi resolvido?
Não, está tudo resolvido. É questão de mera formalização. Nenhuma barreira. A reunião que fizemos, que o Luciano divulgou, aquela foi a primeira e as coisas caminharam muito bem e caminharam rápido. O contrato da nossa parte aqui já foi (assinado). Estávamos em recesso, algumas pessoas do Vasco também entraram em férias, mas sabemos que eles assinaram também. Mas não há nada que venha a ter surpresa no mercado, não. Temos as mangas da camisa de jogo, mais uma placa no campo de jogo e outra placa no centro de treinamento. Essa é a nossa primeira etapa da nossa relação com o Vasco da Gama.
Já vai estrear essa marca no CT? A reapresentação do elenco é nesta quarta-feira.
A ideia é que já tenha a placa. E a partir dos primeiros jogos já tenha a logo da Havan, que a gente tá combinando, porque nosso contrato é de janeiro a dezembro.
É renovável automaticamente, alguma cláusula dessas?
Não colocamos nenhuma cláusula de renovação automática, mas sempre temos relação muito transparente com nossos parceiros. Estamos com o Athletico-PR três, quatro anos, com a Chape dois. Não temos dúvida que vamos fazer boa parceria para renovar para os próximos anos.
É possível confirmar os valores?
As notícias vão de R$ 2,5 milhões a R$ 4 milhões...O mercado de especulação, eu vi na internet, demos até risada, saiu entre R$ 2,5 milhões e até R$ 17 milhões, inclusive. Mas não posso confirmar. Esses valores (nem abaixo nem acima) não batem.
Mas o Vasco hoje é o maior patrocinado da Havan? Ou ainda é o Athletico-PR?
(Risos). Digamos que são parecidos. Mesmo patamar, vai. Não vamos causar discórdia entre nossos parceiros. O Vasco, realmente, tem mais torcida, mas nos últimos anos o Athletico-PR teve melhor desempenho. São duas coisas a colocar na ponta do lápis.
Havan pode participar da contratação de jogadores?
Não. Nos clubes de Série A e na Chape, que está na Série B, nós não atuamos dessa forma. A Havan atua muito forte na questão do estádio do Brusque. A gente está estudando fazer uma arena na cidade, com capacidade entre 15 mil e 20 mil pessoas para pode receber jogos de até semifinal da Copa do Brasil. A Havan já trouxe jogadores para o Brusque, pois queremos fazer um projeto de longo prazo e, talvez, chegar à Série A, como foi a Red Bull com o Bragantino.
O Vasco, na apresentação feita a vocês, expôs a marca no estádio, no CT. A empresa pretende participar da construção do CT e da reforma de São Januário?
O que impressionou na proposta do Vasco foi a complexidade dela. A quantidade de oportunidades que foi apresentada a Havan. E também o planejamento estratégico que tem ali. Então, até este momento, a Havan está envolvida apenas na questão do patrocínio da camiseta. Vamos por etapas e acompanharemos de maneira saudável. Mas, hoje, não estamos envolvidos em construção do CT ou em eventual setor da reforma do estádio.
As lojas vão vender camisas do Vasco?
Estamos em contato inicial com o Vasco sobre isso. Atualmente, vendemos aqui na cidade a camiseta do Brusque. Na região, vendemos ainda a da Chapecoense. Do Athletico-PR não vendemos. Estamos conversando para ver isso com o Vasco.
Haverá apresentação formal da parceria no Rio?
Não. Não há nada combinado.
Quando será o anúncio do Vasco?
Vamos ter uma conversa nesta quarta com o pessoal do Vasco para ver o anúncio. Será remoto, por telefone. O anúncio fica a cargo do clube.
Fonte: GloboEsporte.com