O ano de 2019 ficará marcado para sempre na história do Vasco. Não por questões esportivas ou conquistas especiais no gramado, mas por fatores fora dele que mexeram bastante com o clube.
Primeiro, as mortes dos dois últimos presidentes mais vitoriosos do Cruz-maltino: Eurico Miranda e Antônio Soares Calçada. Depois, a impressionante onda de adesões ao programa de sócio-torcedor, que colocou a instituição como a primeira no ranking do Brasil. E, por fim, a aprovação de eleições diretas pelo Conselho Deliberativo.
Confusão no título da final da Taça Guanabara
O ano começou com o título da Taça Guanabara diante do Fluminense, mas a partida realizada no dia 17 de fevereiro, no Maracanã, foi marcada por uma grande confusão nos bastidores e, consequentemente, do lado de fora do estádio. A briga das diretorias pelo lado da arquibancada acabou parando na Justiça, que chegou a determinar portões fechados por "omissão do contrato na falta de acordo entre as partes por setor sul e risco iminente de conflitos". As torcidas só foram liberadas para entrar no decorrer do jogo. O Vasco foi campeão com um gol de Danilo Barcelos.
Mortes de Eurico Miranda e Calçada
Fora de campo, o ano ficou marcado para sempre pelas mortes de dois dos mais importantes presidentes da história. Aos 74 anos, Eurico Miranda morreu em um hospital na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio de Janeiro, no dia 12 de março, vítima de câncer no cérebro. Ele ocupava o cargo de presidente do Conselho de Beneméritos. No dia 5 de agosto, foi a vez de Antônio Soares Calçada, que comandou o clube de 1983 a 2000, período em que o Vasco conquistou alguns de seus principais títulos, como a Taça Libertadores de 1998 e o Campeonato Brasileiro em 1989, 1997 e 2000. Calçada era presidente de honra.
Rescisão de contrato de Thiago Galhardo
Ainda no Campeonato Carioca, uma polêmica envolvendo Thiago Galhardo movimentou os bastidores do Vasco. Por problemas internos, o jogador acabou afastado do elenco horas antes ao duelo contra o Bangu, pela semifinal. Internamente, algumas atitudes comportamentais do meia, como cobranças pela titularidade e por salários atrasados, causaram desagrado na diretoria. Galhardo sentiu-se exposto pelo clube e conseguiu rescisão na justiça. Logo depois, foi anunciado pelo Ceará.
Era Luxemburgo
Depois de sofrer até a última rodada do Campeonato Brasileiro de 2018, o Vasco começou a edição desse ano, aparentemente, mostrando que repetiria o problema. Na lanterna, a diretoria se viu na obrigação de mudar o comando do time e contratou o experiente Vanderlei Luxemburgo. O acertou cousou certa incerteza na torcida, pois o técnico não vinha de um bom trabalho no Sport, mas o tempo mostrou que foi a escolha certa. Com ele, o time mudou sua postura em campo, chegou a sonhar com a Libertadores e acabou a competição com uma vaga na Sul-Americana. Sem acordo para uma renovação de contrato, o técnico decidiu sair.
Fim do romance com Maxi Lopez
Principal jogador do Vasco, Maxi López teve sua relação com o clube afetada após ser cobrado por uma melhor condição física nos comandos de Alberto Valentim e Vanderlei Luxemburgo. O argentino não repetia as mesmas atuações do final de 2018, quando foi decisivo e ajudou o Vasco a fugir do rebaixamento, e estava visivelmente acima do peso. Os técnicos chegaram a fazer um trabalho específico com ele, que não digeria muito bem a ideia. A relação chegou ao limite após ficar fora de uma partida contra o Fortaleza, pelo Brasileiro. Maxi não aprovou a atitude de Luxemburgo e pediu rescisão de contrato com o Vasco.
Talles Magno
Se no campo o Vasco não teve grandes conquistas, ganhou, pelo menos, uma grata surpresa na temporada: Talles Magno. Aos 17 anos, o atacante chamou a atenção do técnico Vanderlei Luxemburgo em treinos com a equipe profissional, ganhou oportunidade e depois tornou-se indispensável para o time titular. Com lances de muita qualidade, logo foi apelidado de "Talles Mágico" pela torcida. Convocado para o Mundial sub-17, ele acabou desfalcando o Vasco nas últimas rodadas do Brasileiro. O jovem sofreu uma grave lesão na coxa durante a competição e não jogou mais em 2019.
Início obras do Centro de Treinamento
Um dos grandes sonhos do clube começou a ganhar forma em 2019. Depois de receber um terreno da prefeitura, a diretoria deu o primeiro passo para a construção do futuro Centro de Treinamento. Através de uma campanha na internet, o Vasco arrecadou mais de R$ 3 milhões junto aos torcedores e iniciou o trabalho de terraplanagem e construção do primeiro campo. A ideia do clube é que o elenco profissional já trabalhe no novo CT antes do Brasileiro de 2020.
Torcida dá show, e clube vira o n° 1 em sócios
Talvez o que mais tenha chamado a atenção no ano de 2019 foi o apoio demonstrado pela torcida nos jogos, principalmente, do segundo turno do Campeonato Brasileiro e, é claro, o impressionante aumento do número de sócios torcedores. Aproveitado a semana de Black Friday, a diretoria fez uma promoção de 50% no valor em vários planos e o resultado foi imediato. Em apenas duas semanas, o Vasco ganhou 146 mil sócios-torcedores tornando-se o número um do Brasil. Na última rodada, contra a Chapecoense, mais de 67 mil pessoas compareceram ao Maracanã e fizeram uma grande festa.
Aprovação de eleições diretas
Outro fator que marcou muito o ano de 2019 na história do clube, foi a aprovação de eleições diretas pelo conselho deliberativo. Desta forma, os sócios irão escolher a diretoria administrativa sem necessidade de a votação da Assembleia Geral passar pelos conselheiros. O voto foi nominal e a decisão foi unânime entre os conselheiros presentes, na sede náutica da Lagoa, no último dia 5 de dezembro.
A votação para as eleições diretas é um marco histórico no Vasco. O estatuto previa a eleição em duas etapas, primeiro com a votação dos sócios numa chapa - com a vencedora elegendo 120 conselheiros, a perdedora 30. Estes se juntavam a mais 150 natos e elegiam, dentro do Conselho Deliberativo, o novo presidente da diretoria administrativa.
Até a eleição de 2017, o Conselho Deliberativo sempre referendou a decisão dos sócios, mas na última eleição esta tradição foi quebrada. Julio Brant, candidato a presidente, e Alexandre Campello, candidato a vice, venceram com chapa conjunta e foram para a eleição no Conselho Deliberativo separados, depois de cisão às vésperas do pleito na Lagoa.
Fonte: GloboEsporte.com