Atualmente um dos destaques do Cuiabá na Série B do Campeonato Brasileiro, Jean Patrick teve uma rápida passagem pelo Vasco, em 2015. Uma fratura na fíbula, porém, impediu que o volante conseguisse deslanchar no clube da Colina. Apesar disso, ele guarda boas lembranças dos tempos em que jogou no Rio de Janeiro.
"Eu tinha algumas propostas naquela época, mas o Vasco conversou diretamente comigo e senti mais confiança. Também gostei da grandeza do clube e achei um lugar mais fácil para aparecer. Uma pena que me lesionei", disse, ao ESPN.com.br.
Jean estava jogando o Carioca (algumas vezes como lateral-direito) antes de se machucar em um treino.
"O pessoal do clube me ajudou muito e tenho um carinho grande. O Luan e vários colegas iam me cumprimentar no departamento médico. Sempre alguém passava na minha casa e me levava e buscava nos treinos quando estava em tratamento", agradeceu.
O volante lembra que recebeu ajuda de Valdir Bigode e dos outros funcionários do clube. Após ficar alguns meses afastado, ele não conseguiu espaço na equipe, que já estava entrosada, e deixou o Vasco no final do ano.
"Eu precisava de um pouco de ritmo porque fiquei muito tempo parado. Tive pouco tempo para mostrar meu futebol. Hoje, com a experiência que tenho hoje tudo seria diferente. Queria poder jogar, mas conheci coisas que levo para a vida toda. Não tenho o que falar mal. Alguns torcedores me falam nas redes sociais que eu poderia voltar. Quem sabe, né? Tenho um carinho grande", admitiu.
Funileiro que virou jogador
Nascido no Paraná, Jean Patrick perdeu aos seis anos a mãe - sua grande incentivadora no futsal - em um acidente de carro. Depois disso, ele passou a morar com o pai e se desanimou com o futebol.
"Eu estava um pouco revoltado quando meu pai recebeu uma oferta para trabalhar como operador de máquinas em um cafezal no Mato Grosso. Nesta época, nós morávamos em uma casa muito pequena e voltei a jogar bola", contou.
Em 2008, Jean mudou com seu pai para outra fazenda, em Rondonópolis-MT.
"Eu jogava futebol e também trabalhava como funileiro de carros em uma oficina. Também cheguei a vender picolés para os caminheiros com meu tio", contou.
Depois, a família voltou ao Paraná e o volante desistiu de ser jogador. Em 2010, porém, recebeu uma oferta do Rondonópolis Esporte Clube para ir à base. Após se destacar, o jovem foi emprestado ao sub-20 do Grêmio e passou por Mixto-PE, Rio Verde-GO, Sorriso e Luverdense.
Depois de ir bem na Série B do Brasileiro de 2014, o jogador foi para o Vasco, do qual saiu no final do ano seguinte.
"Eu preciso estar jogando porque quem não é visto não é lembrado", explicou.
Dono de complexo esportivo
Jean defendeu Rio Claro-SP, Albirex Niigata-JAP e Ponte Preta antes de chegar ao Fortaleza por indicação de Rogério Ceni, em 2018. No meio da Série B, porém, ele teve uma lesão séria e perdeu espaço.
O jogador voltou neste ano ao Novorizontino e depois foi para o Cuiabá para jogar a Série B do Brasileiro.
"Pensei muito no lado familiar porque nunca tive umas férias com me pai. Minha vida estava passando e queria ficar mais tempo com ele".
Desde então, o volante tem se destacado na equipe do Mato Grosso com seis gols na Série B.
"Meu momento é muito bom e só tenho que agradecer. Eu trabalho para caramba, sempre chego antes dos treinos e vou embora depois. Meu forte é a chegada na frente. Eu tenho 6 gols. Recebi alguns convites de clubes, mas quero focar no Cuiabá. Se fizer o melhor aqui será natural que coisas boas possam acontecer eu ficando ou saindo daqui", afirmou.
Além disso, Jean Patrick montou um complexo esportivo - com duas arenas e lanchonetes - que é alugado para eventos na cidade de Rondonópolis. O volante, que está construindo uma piscina, pretende ampliar o empreendimento.
"Consegui tirar meu pai das fazendas para trabalhar por conta. Ele sempre acordou às 4h e chegava em casa muito tarde trabalhando para os outros. As coisas nunca foram fáceis, mas me considero um vencedor. Poder ajudá-lo é o meu maior orgulho. Ele sente prazer em trabalhar em algo que é nosso", finalizou.
Fonte: ESPN.com.br