Reunião na véspera do clássico e treino fechado foram cruciais para montagem do esquema de Luxemburgo
Era terça-feira quando o técnico Vanderlei Luxemburgo sentou-se com seus auxiliares para a costumeira reunião que antecede às partidas do Vasco . Mas havia um ingrediente diferente: era preciso traçar uma estratégia para frear o rival Flamengo , em termos de resultado, do badalado técnico Jorge Jesus .
Além de Luxemburgo, estavam à mesa os auxiliares Ramon Menezes e Mauricio Copertino , além do analista de desempenho Lucas Vergne . Animados pelo desempenho do Vasco contra o CSA, eles tiveram como lição de casa assistir aos cinco jogos anteriores do Flamengo: contra o próprio CSA, Goiás, Corinthians, Botafogo e Bahia. Cada um viu sozinho para posteriormente trazer suas impressões ao treinador.
O rubro-negro vencera quatro partidas e empatara uma, mas alguns aspectos chamaram a atenção. O Vasco precisava conter a inquestionável capacidade ofensiva do Flamengo. Tentar suplantar em posse de bola? Não. Ficar recuado esperando para ver o que aconteceria? Muito menos.
O staff vascaíno notou que o sistema defensivo do Flamengo se complicou quando precisou lidar com jogadores velozes jogando em cima dos zagueiros. E olha que Rodrigo Caio é um dos melhores nesse atributo. Michael, do Goiás, deu dor de cabeça, assim como Artur, do Bahia. Quem não conseguiu usar esse expediente - o Corinthians - sofreu muito mais: levou 4 a 1.
A chave, então, foi mudar o local de injeção de velocidade no jogo vascaíno. Não seria com os extremos, abertos pelas pontas, numa configuração de três atacantes. Mas, sim, em uma faixa mais centralizada do campo, forçando o embate direto e constante com os zagueiros rubro-negros. Veio a ideia do 4-4-2.
A estratégia também dificultaria a saída de bola com Willian Arão e Gerson, já que Marrony e Rossi também poderiam recuar para forçar uma saída de bola rubro-negra com os zagueiros.
Facilidade nas pontas
Para a adaptação ao novo esquema, colaborou o fato de Flamengo ter dois laterais construtores de jogo. Filipe Luís e Rafinha afunilam e trabalham como uma espécie de meio-campistas. Assim, os responsáveis pela marcação deles - neste caso, Marcos Júnior e Raul - não precisariam ser ponteiros tão velozes, acostumados ao jogo pela ponta.
O treino fechado naquela tarde de terça-feira no CT do Vasco, medida incomum na gestão Luxemburgo, foi justamente para transpor ao campo os pensamentos que vieram na reunião. Foram cerca de 15 minutos detalhando aos jogadores como seria o posicionamento do time. A surpresa do time não o impediu de comprar a ideia.
Ao centralizar Rossi e Marrony, a comissão técnica do Vasco sabia que, por vezes, o enfrentamento ataque x defesa contra o Flamengo poderia ficar no 8 x 8. E isso exigiria dedicação dos marcadores, num embate mano a mano. Jogadas individuais poderiam desestabilizar o sistema vascaíno: foi o que Reinier fez, gerando o gol aos 38 segundos.
Mas a confiança se manteve alta nas ideias discutidas no dia anterior. O movimento de Luxemburgo no banco foi pedir calma ao time. Foi um jogo de trocação. Toma lá, dá cá. A comissão técnica tinha um plano B para aplicar contra o Flamengo, caso a estratégia inicial não desse certo. Ele não precisou ser usado, já que o placar final de 4 a 4 aponta o sucesso da operação, mesmo sem a vitória.
Fonte: O Globo Online