O roteiro estava pronto: Talles Magno, prodígio de 17 anos, destaque do Vasco no Campeonato Brasileiro, iria para a seleção brasileira, disputaria o Mundial Sub-17, seria o astro da equipe, voltaria para São Januário, uma proposta milionária do futebol europeu chegaria e a venda dos direitos do garoto traria o desafogo financeiro que o clube tanto precisa para fechar as contas de 2019.
Mas havia um "plot twist" no caminho, quando uma história sofre uma mudança radical no caminho aparentemente traçado. Na quarta-feira, ao sofrer uma lesão muscular na coxa direita durante a partida entre a seleção e o Chile, pelas oitavas de final de final do Mundial Sub-17, o garoto involuntariamente fez com que o tiro do Vasco saísse pela culatra.
O presidente Alexandre Campello, que também é médico, recebeu informações de que se trata de um estiramento grau 2, o que demanda cerca de três semanas de recuperação. Isso, mais o tempo para ganhar ritmo de trabalho com bola, deixaria o atacante sem condição de jogo até a última rodada do Brasileiro, marcada para o dia 7 de dezembro.
- Já pediu o retorno imediato dele para o Vasco. Ele será reavaliado pelos nossos médicos e teremos uma noção melhor da gravidade da lesão - afirmou.
O prejuízo, o primeiro que salta aos olhos, é o técnico. Desde que Talles Magno havia se tornado titular do Vasco, o aproveitamento da equipe foi de 50% dos pontos. Depois que ele foi para a seleção, o rendimento passou a cair lentamente. O time acumula quatro jogos sem vencer e soma 44% dos pontos disputados.
Diferentemente do Flamengo, que bateu o pé e impediu que Reinier disputasse o Mundial, o Vasco aceitou ceder seu principal jogador para a disputa da competição de base. Agora, se vê ameaçado de não escalá-lo mais este ano. A chance de ir à CBF para reclamar algum tipo de compensação pelo problema é remota.
- Eu nunca vi isso acontecer, mas vamos ver. O jogador é sempre utilizado e o clube arca com tudo. Ainda tenho de ouvir que a seleção valoriza o atleta. Para mim, quem traz valorização ao jogador é o Vasco - afirmou Campello.
Mas o dirigente foi voto vencido quando se discutiu a possibilidade dele ir ou não para a seleção. A CBF fazia questão do jogador e a recíproca foi verdadeira. Além do mais, a necessidade de colocar a promessa mais perto dos olhos dos grandes clubes europeus não poderia ser negligenciada.
Entretanto, antes mesmo da lesão, as coisas não ocorriam exatamente como o esperado em termos de exposição. Sem Reinier, imaginava que Talles Magno seria a referência técnica da seleção treinada por Guilherme Dalla Déa. Mas outros nomes também conquistaram seu espaço, como Kaio Jorge e Veron. Talles falou em alívio quando conseguiu marcar seu primeiro gol no Mundial Sub-17.
Neste sentido, vem o prejuízo financeiro no horizonte vascaíno. Com a lesão, Talles Magno perde a chance de assumir o protagonismo esperado na equipe de base do Brasil e tampouco poderá entrar em campo nas últimas rodadas do Brasileiro, duas ocasiões onde poderia reforçar seu talento para possíveis clubes interessados. Para completar, sem ele, o Vasco deverá ter mais dificuldades para terminar o Brasileiro entre os dez primeiros colocados, meta estabelecida pela diretoria de olho na premiação - o décimo colocado receberá cerca de R$ 18 milhões.
Fonte: O Globo Online