Rubro-negra vira sócia-torcedora do Vasco sem saber; clube acredita em fraude de cambistas
Sexta-feira, 18/10/2019 - 08:04
Lize estava viajando e quando voltou para o Rio, no último dia 6, uma das primeiras coisas que fez foi checar a caixa do correio. A administradora se surpreendeu com o que havia dentro dela. Descobriu entre as correspondências um envelope que trazia uma carteirinha de sócio-torcedor do Vasco no seu nome. Não era possível: ela não havia se associado. E nem sequer é vascaína.
Ao conversar com a reportagem, torcedora do Flamengo de 33 anos preferiu que rosto e sobrenome não fossem divulgados. Não gosta de exposição e segue intrigada com o caso. Diz não saber como o fato ocorreu. Segundo ela, não liga para futebol, não tem parentes ou pessoas próximas vascaínas, ninguém que possa ter aplicado um trote.
O que mais a espanta é o fato de que terem tido acesso ao seu endereço e ao seu CPF. Na carta, não havia carimbo dos correios ou remetente. Ao questionar os porteiros do prédio onde mora, descobriu que um motoqueiro havia feito a entrega da carteirinha no local.
Não está claro. A carteirinha de Lize é de sócia-torcedora. Ou seja: não tem direito a voto, o que descarta a possibilidade de ter sido envolvida em um esquema de associação visando a eleição do ano que vem. O pacote Caldeirão Mais tem como principal benefício o direito a desconto de 100% no preço do ingresso de arquibancada nos jogos em que o Vasco é o mandante. Mas Lize não tem o menor interesse, obviamente.
A administradora entrou em contato com o Vasco para saber o que tinha acontecido. Ela foi informada que alguém tinha feito a associação com seus dados e que a associação seria cancelada sem a sua autorização, assinala. Lize queria ter mais informações sobre como seus dados chegaram até o Vasco.
- Meus amigos brincam que tem alguém que quer muito o meu mal – diz a rubro-negra.
Vasco se posiciona
A reportagem procurou o Vasco para tentar entender o que aconteceu com Lize. O clube confirmou a associação da torcedora rubro-negra e o canceladamento da adesão, além do estorno do valor pago no cartão de crédito, que não é da flamenguista – a taxa de adesão para qualquer categoria do sócio-torcedor "Gigante" é de R$ 25.
O clube disse ainda que não pode identificar o titular do cartão usado para fazer a adesão de Lize, o que poderia ajudar a indicar quem foi o responsável pelo fato. Para a diretoria, a ação foi uma tentativa de fraude de cambistas:
"O Club de Regatas Vasco da Gama vem experimentando, em 2019, um aumento grande na proporção de sócios torcedores entre o público pagante de seus jogos em São Januário. Coincidentemente, à medida que a tarefa de adquirir ingressos nas bilheterias fica mais difícil, cambistas buscam alternativas para obter as entradas. Lize Dias da Cunha teve suas informações clonadas por alguém que se associou ao plano Caldeirão Mais, provavelmente, com o objetivo de retirar gratuitamente o e-ticket de alguma partida. Como todas as informações dela procediam, sua carteirinha de sócio torcedor foi confeccionada e enviada. Imediatamente após ser avisado pela mesma e detectar a fraude, o Clube cancelou a adesão e estornou o valor pago no cartão de crédito usado na transação. O Vasco da Gama reitera que vem tomando todas as providências para coibir ao máximo a ação destes fraudadores".
Este ano a Polícia Civil do Rio desarticulou quadrilha especializada em fraudes para a compra de ingressos para partidas de futebol e shows. Cartões clonados eram usados para a compra e posteriormente eram revendidos. O Flamengo estipula R$ 1 milhão de prejuízo.
Fonte: Extra Online