Da Colômbia à Europa, novo reforço vascaíno Fredy Guarín superou projeções
Sexta-feira, 04/10/2019 - 08:52
Ali pelo começo do novo milênio, em 2002, o ex-jogador da seleção colombiana Bernardo Redín estava em seu primeiro trabalho como treinador, no modesto Atlético Huila. Um dia, foi assistir ao treino dos atletas que treinavam no time de aspirantes, chamados de reservas no país. Foi quando se encantou com um garoto de apenas 16 anos, alto para a idade e com boa condição técnica.

O menino era Fredy Guarín. E Redín não perdeu tempo: logo passou o garoto para o elenco profissional do Huila. Foi sucesso de cara.

- Ele estava nos reservas. Eu o vi jogar e me chamou a atenção. Era um garoto de muita personalidade, com boa condição técnica. Logo o tirei dos reservas e o levei para o profissional. Começamos a trabalhar com ele para fortalecê-lo e potencializá-lo - contou Redín, que ficou famoso no Brasil por ser auxiliar do técnico Reinaldo Rueda durante passagem pelo Flamengo.

Guarín logo achou seu espaço no profissional e virou titular. Mas, até ali, ninguém imaginava que ele iria crescer a ponto de construir uma carreira de sucesso na Europa e na seleção colombiana, pela qual jogou a Copa do Mundo de 2014, no Brasil.

- Ninguém achava que ele ia chegar tão longe. Mas sim que poderia participar com o time profissional. Ele começou jogando poucos minutos, depois foi se consolidando e chegou à seleção sub-17. A partir daí, foi se fortalecendo cada vez mais - completou Redín.

Do Huila, Guarín foi para o Envigado, clube famoso na Colômbia por revelar grandes jogadores, como James Rodríguez e Juan Fernando Quintero. Também ficou pouco tempo, captado pelos olheiros do Boca Juniors.

Depois, veio o salto para a Europa: Saint-Étienne, Porto e Inter de Milão. No clube português, fez parte de um timaço que marcou época e conquistou a Liga Europa em 2011. Guarín era peça-chave daquele time pela capacidade física e os longos chutes de fora da área: um deles, marcado sobre o Marítimo, foi escolhido o melhor gol da temporada pelo jornal inglês The Guardian.

A carreira de Guarín na Europa foi longeva, mas de poucos times. Isso remete a uma característica citada frequentemente por pessoas que conhecem o colombiano: a postura profissional e a capacidade de se comprometer com o clube. Somente uma proposta irrecusável da China o tirou do Velho Continente: no Shanghai Shenhua, chegou para ganhar cerca de 12 milhões de dólares (RS 49 milhões) por ano.

Nível alto na China

Hoje auxiliar de Vanderlei Luxemburgo no Vasco, Mauricio Copertino pôde acompanhar Guarín de perto em duas oportunidades. Em 2015, durante um intercâmbio na Inter de Milão, viu os treinos do colombiano por 10 dias. Depois, como técnico na China, viu o volante ser um dos destaques do Shanghai Shenhua.

- Na Inter de Milão, em 2015, ele era o protagonista do time. O (Roberto) Mancini o elogiou muito. Disse que era um cara empenhado, muito bom jogador, com um bom trabalho dia a dia. Na China, era o principal jogador do Shanghai Shenhua. Esperamos que ele aumente a performance aqui no Brasil - contou Copertino.

Guarín rescindiu com o Shanghai em julho deste ano. Ao todo, foram 98 jogos, com 26 gols marcados. Lá, passou a atuar mais adiantado, perto do compatriota Giovanni Moreno, principal atacante da equipe chinesa.

- Na China, pela questão técnica, ele jogava mais adiantado ainda, por trás do centroavante. Eu gostava muito dele nesse posicionamento, que vinha de trás, armando o jogo. É um cara forte, tem um arremate de média e longa distância muito bom. Um cara muito inteligente, muito acima da média tecnicamente - analisou Copertino.

E no Vasco?

Guarín chega ao Vasco para um período curto de trabalho. Em sua apresentação, não escondeu a ideia de jogar nos Estados Unidos no ano que vem. Mas mostrou animação com o Vasco, confiança em Luxemburgo e disposição para se integrar: vai morar no Brasil com o filho Jacobo e a noiva, Sara Uribe.

Sara, inclusive, foi primordial no acerto com o Vasco. Ela se animou com a possibilidade de morar no Rio de Janeiro e topou o desafio.

- São elas que mandam, né? - disse, bem-humorado, o jogador, ao contar o apoio que recebeu de Sara para fechar com o Vasco.

Dentro de campo, a expectativa é de que Guarín consiga elevar o patamar do Vasco. Para Redín, tudo dependerá da condição física do jogador.

- No futebol brasileiro, no Vasco, é muito difícil dizer neste momento, porque não sei em que nível está. Creio que, se estiver em bom nível, pode ser uma boa ajuda. É muito importante que ele esteja em boa condição para poder ajudar.

Guarín sabe disso. Em sua apresentação, afirmou que espera ficar à disposição o mais rápido possível. Neste compromisso de dois meses, o novo desafio é desfrutar a cada dia e mostrar por que chegou onde chegou, contra todas as projeções iniciais.



Fonte: GloboEsporte.com