Goleiro Cássio, do Corinthians, admite que sua defesa mais difícil foi contra o Vasco em 2012, pela Libertadores
Sábado, 28/09/2019 - 18:49
Corinthians e Vasco disputavam vaga na semifinal da Libertadores 2012. Aos 17min do segundo tempo, Diego Souza ficou cara a cara com Cássio, tocando no canto esquerdo. O goleiro, de 1,96 m, se esticou para desviar para escanteio.

— No futuro, quando falarem de Cássio, vão lembrar dessa defesa — diz , em entrevista para O GLOBO.

Naquele ano mágico, o primeiro de Cássio como titular, o Corinthians ganharia a Libertadores e o bi do Mundial de clubes. Hoje, o goleiro reencontra o rival da defesa histórica.

Em enquete de O GLOBO, você foi eleito o sétimo maior jogador da era dos pontos corridos. O que acha disso?

Me sinto privilegiado por estar entre os dez melhores do Brasileirão, no meio de tantos jogadores campeões. Fico feliz por representar o Corinthians. É uma honra.

Como foi o começo de sua passagem pelo Corinthians?

Quando cheguei, poucas pessoas acreditavam em mim. Estava acabando contrato com o PSV (Holanda). Pedi uns dias para vir para o Brasil e assinei um contrato sigiloso com o Corinthians. Foi uma aposta. O Andrés Sanchez (presidente do Corinthians) foi bastante criticado na época.

Como foi virar titular e viver aquele ano de grandes conquistas para o clube?

Cheguei ao Corinthians para compor o elenco. O Júlio César havia contribuído muito para a conquista do Brasileirão 2011 e era titular. Só que na minha cabeça estava: a hora que eu tiver uma oportunidade, não vou mais sair do time. Quando surgiu a chance, eu estava preparado. Entrei, e o time me passou confiança. Joguei à vontade e deu certo.

Em todos esses anos no Corinthians, qual foi a defesa mais marcante que você fez?

Acho que é a do chute do Diego Souza contra o Vaco, pela Libertadores de 2012. É inevitável. No futuro, quando falarem de Cássio, vão lembrar dessa defesa. Acho que vai ficar sempre marcando na memória dos corintianos. Foi uma defesa importante para a gente passar de fase. Na verdade, na hora, você não tem muita ideia do grau de dificuldade da defesa. Você simplesmente defende. O corintiano queria muito ser campeão da Libertadores. É a defesa mais importante da minha carreira.

No Mundial de clubes você teria outro grande momento, quando foi eleito o melhor da decisão contra o Chelsea. Como foi essa conquista?

Quando acabou o jogo, não tinha noção de que tinha ganhado (o prêmio de melhor jogador). Uma mulher chamou eu, o Guerrero e o David Luiz. Fiquei em primeiro lugar na fila. Então ela disse: ‘Não, você é o último. Tu foi (sic) o melhor. Você fez um monte de defesa, foi importante'. Eu estava tão feliz. Acho que esses prêmios individuais são secundários. Ter sido campeão foi o mais importante.

Você ganhou até o Mundial de clubes no primeiro ano no Corinthians. Como manter a motivação após tantos títulos?

Não tem como perder a motivação. Você saber a sensação de ser campeão, e pagar um preço de preparação para isso, te faz querer ser campeão de novo. Estou aqui há oito anos e quero buscar recordes. São a motivação.

Você é considerado por muitos o maior goleiro da história do Corinthians. O que acha disso?

O Corinthians sempre foi muito bem servido de goleiros. Tenho admiração pelo Ronaldo (Giovanelli). É um cara muito legal. Veio da base do Corinthians, conseguiu ser vitorioso no clube. Quero ultrapassar o número de jogos dele. Mas não quer dizer que, fazendo isso, vou faltar com respeito e admiração a ele. Ou apagar tudo o que ele conseguiu no Corinthians. Independentemente de rivalidade, acho que a história do Marcos (no Palmeiras) e do Rogério (Ceni, no São Paulo) são muito bacanas. Você pega o Fábio, do Cruzeiro também. Tem o Victor, no Atlético-MG. Acho que tem um monte de goleiros para a gente se espelhar. Temos que nos espelhar em jogadores vitoriosos. Então, esses caras são os que tenho que seguir como exemplo se eu quero ter longevidade no clube.

A torcida do Corinthians é diferente das outras?

Acho que a torcida do Corinthians tem de diferente é que você pode esperar tudo dela. O que eu vi no Japão foi inexplicável. No meu ponto de vista, você pode esperar o possível e o impossível que a torcida vai fazer. É uma torcida diferente. Estou aqui há oito anos, e são raras as ocasiões em que o espaço destinado ao nosso torcedor não estava preenchido. A gente já jogou em lugares bem difíceis de chegar. Não teve nenhum jogo que não teve corintiano presente. É uma torcida apaixonada. Acho que isso faz a diferença. Não é uma torcida que só apoia quando o time está ganhando. Às vezes a gente estava perdendo em nosso estádio, e a torcida gritou mais alto para empurrar a nossa equipe e isso ajudou.

Como é sua relação com os torcedores?

A torcida me trata bem. Infelizmente não consigo dar tanta atenção quanto gostaria. Nossa vida é corrida. Mas o que posso fazer é dentro de campo: dar o meu melhor. Às vezes a gente não consegue as vitórias e conquistas. Isso faz parte. Mas não é por falta de empenho. São coisas que acontecem no futebol.

Você ainda pretende jogar por muitos anos?

Sou novo ainda (está com 32 anos). Se a gente pensar em carreira de goleiro, acho que ainda tenho uns sete ou oito anos de alto nível para jogar. Quero fazer o melhor: ter o maior número de títulos conquistados, o maior número de partidas disputadas. Quero ajudar a transição dos meninos mais novos para o profissional do Corinthians. Hoje o Corinthians pode contar comigo dentro e fora do campo para o que precisar. Porque acho que tudo o que tenho hoje, o conforto, a minha família, ter uma visibilidade boa, o Corinthians me proporcionou.

O que o gaúcho Cássio já tem de paulistano após oito anos no Corinthians?

Acho que o sotaque, né? O mano. Já me considero paulistano, sabe? Já entrei na rotina do trânsito, do jeito, do humor. Dificilmente volto para o sul. Acredito que deva ficar em São Paulo (após encerrar a carreira). É uma cultura distante da gaúcha, mas é legal. Agregou muito para mim e para a minha carreira.



Fonte: Extra Online