Jordi fala sobre momento no CSA e apelido de Jordida e revela que gostaria de ter sido melhor aproveitado no Vasco
Sem espaço no Vasco, Jordi foi emprestado ao CSA em abril deste ano. Chegou para disputar posição com o até então titular João Carlos, experiente goleiro de 31 anos. Mas a expulsão do companheiro logo na primeira rodada do Campeonato Brasileiro, em jogo contra o Ceará, na Arena Castelão, deu a Jordi a oportunidade e, especialmente, a sequência de jogos que ele tanto buscou no time carioca - e não conseguiu. Na equipe alagoana, ele não deixou passar a chance recebida.
Jordi soube aproveitar a campanha irregular do CSA - que passou 19 rodadas na zona de rebaixamento e só a deixou no último fim de semana - para mostrar serviço, segurança debaixo da trave e não só ganhar a posição de João Carlos, mas também se tornar o principal destaque do time alagoano, desde seu primeiro jogo como titular, contra o Palmeiras, na segunda rodada.
Mas foi contra o Santos que Jordi ganhou os noticiários e fez uma de suas grandes atuações no Campeonato Brasileiro. Foram grandes defesas que conseguiram parar a equipe de Jorge Sampaoli, uma das candidatas ao título. "Gostei muito da minha atuação da rodada passada contra o Ceará [vitória por 1 a 0]. Mas acho que fui bem contra o Santos [0 a 0], Flamengo [derrota por 2 a 0] e Chapecoense [vitória por 2 a 0]", diz em entrevista exclusiva ao UOL Esporte.
Bastante exigido no CSA, Jordi brinca com a frequência que precisa trabalhar nas partidas, especialmente as fora de casa. "Eu prefiro ser pouco acionado [risos]. Mas, falando sério, quando aceitei o convite do CSA, sabia que seria um aprendizado. Um clube com uma torcida apaixonada, mas que não tinha o mesmo poder de investimento de tantos outros clubes que estão na Série A. O principal objetivo era ter uma sequência de jogos e poder mostrar meu valor. Acredito que até agora tenho deixado uma boa impressão. Desde o início sabia que no CSA seria muito exigido. Já peguei dois pênaltis no Brasileiro e fiz várias partidas regulares. Eu vim para Alagoas justamente para buscar essa regularidade", afirma o arqueiro de 26 anos.
Com 87 defesas difíceis nos 19 jogos que esteve em campo com a camisa do CSA, Jordi lidera este quesito no Campeonato Brasileiro, segundo dados do Footstats. Passando por sua maior sequência de partidas na carreira, ele mesmo admite viver a sua melhor fase como goleiro.
"Me sinto cada dia mais maduro e estou tendo uma sequência de jogos, que é importante para qualquer goleiro. Tudo isso está sendo refletido dentro de campo com boas atuações. Estou curtindo esse momento, mas com muita tranquilidade e serenidade. Primeiro, porque o objetivo principal é manter o CSA na elite do futebol brasileiro e o campeonato ainda está em andamento. Conseguimos tirar o CSA da zona de rebaixamento pela primeira vez desde o início do Brasileiro, mas queremos afastar esse fantasma de vez", analisa.
"Segundo, porque não deixo boas atuações subirem na minha cabeça. Todo dia chego para treinar como se fosse o último pelo clube. Além de me cobrar muito", acrescenta Jordi, que espera acumular outras boas atuações contra Palmeiras - hoje, às 19h15, no Pacaembu - e Santos - domingo (29), na Vila Belmiro.
A promessa é de mais trabalho para Jordi, uma vez que os ataques dos rivais estão entre os melhores do Campeonato Brasileiro, atrás apenas do líder Flamengo. Enquanto o Palmeiras soma 31 gols, o Santos aparece logo atrás, em terceiro, com 30, empatado com o Grêmio.
"Não tenho dúvida que os dois jogos serão de muita pressão. Primeiro, porque são times ofensivos e que precisam buscar a vitória, principalmente o Santos, que vem de alguns tropeços. Apesar de Palmeiras e Santos serem um dos melhores ataques do Brasileiros, são equipes que jogam bastante diferente. Certamente vamos adotar estratégias individuais para cada jogo. Mas, como falei anteriormente: é preciso ter inteligência para jogar contra esses times. No primeiro turno tivemos dificuldade para nos impor em Alagoas, mas soubemos nos defender muito bem para conseguir somar pontos contra essas duas excelentes equipes", analisa.
Apelido de JorDida ganhou força após pegar pênalti de Loco Abreu
Revelado nas categorias de base do Vasco, Jordi viveu altos e baixos com a camisa cruzmaltina. Entre os grandes momentos, certamente está uma defesa que ainda está na memória do torcedor vascaíno: o pênalti que pegou do uruguaio Loco Abreu em uma vitória contra o Bangu, pelo Campeonato Carioca de 2017. O apelido de JorDida ganhou força entre os aficionados, e as penalidades continuam sendo um dos pontos fortes do arqueiro até hoje.
"Sempre gostei do Dida. Inclusive, a torcida do Vasco me chamava de JorDida algumas vezes. Quando atuava pelo Vasco defendi um pênalti do Loco Abreu, no Campeonato Carioca, e a brincadeira ganhou mais força. Em relação a treinamento para os pênaltis; tenho hábito de sempre ver vídeo dos batedores antes de enfrentar o adversário. Mas, claro, sempre prefiro o olho no olho na hora da cobrança e não tenho hábito de escolher lado. Sempre espero o último segundo do cobrador para tentar a defesa", conta Jordi, que defendeu dois pênaltis seguidos nesse Brasileiro, contra o Bahia, pela 17ª rodada, e diante da Chape, logo na jornada seguinte.
"Poderia ter sido melhor aproveitado no Vasco"
Na temporada em que mais jogou pelo Vasco, Jordi entrou em campo 15 vezes, em 2015. Número já ultrapassado por Jordi em menos de cinco meses de CSA. Para o goleiro, a história no clube carioca poderia ter sido diferente. Ele evita, porém, usar a palavra injustiça.
"Não gosto de falar de injustiça. Mas, acredito que poderia ser melhor aproveitado. Respeito a decisão dos profissionais e justamente por isso fui buscar meu espaço no CSA. Tenho mais um ano e meio de contrato com o Vasco e me sinto feliz no CSA. Claro que queria me firmar no Vasco, mas amadureci o suficiente para entender que era para mostrar meu trabalho em outro lugar neste momento. Tenho certeza que os torcedores e os profissionais do clube estão me acompanhando. Prefiro trabalhar em silêncio e focado", declara.
Jordi queria ser meia ou atacante. Não goleiro
Jordi passou pelas categorias de base do Volta Redonda-RJ antes de ser descoberto pelo Vasco, ainda aos 17 anos. A posição de goleiro já havia o cativado, mas não foi sempre assim. Em seus primeiros testes para jogador de futebol, ainda não passava pela cabeça de Jordi pegar no gol. A ideia fazê-los. Graças ao primo, porém, sua trajetória profissional foi (levemente) alterada.
A revelação veio após Jordi ser questionado pela reportagem se tinha algum goleiro que ele gritava o nome nas peladas que jogava durante a infância: "Essa é uma pergunta legal, porque sempre pensei em ser jogador de linha. Nunca pensei em ser goleiro. Quando fui fazer meu primeiro teste com meu primo, eu queria ser atacante, meia, mas meu primo falou: 'goleiro'. Aí, fiquei sem o que falar, porque sempre agarrava nas peladas, mas odiava ficar no gol. Não soube o que falar e fui para o gol. Aí comecei a treinar só no gol e me destacar", revela.
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O que fazer para seguir fora do Z-4?
Temos que continuar jogando da mesma forma e aperfeiçoar nosso estilo de jogo nos treinamentos. O objetivo do CSA é muito claro. Permanecer na elite do futebol. Já conseguimos fazer bons jogos mesmo com derrotas. O caminho é esse. Jogar com inteligência fora de casa e se impor, principalmente, nos jogos no Rei Pelé.
Relação com Martin Silva: "grande amigo e parceiro"
Martin é uma pessoa sensacional! Excelente profissional e uma pessoa que me ajudou muito. Foi muito importante dividir momentos com ele. Me passou muita coisa importante que levo até hoje comigo. Não só da vida profissional de um goleiro, mas pessoal também. Foi um grande amigo e parceiro no meu início de carreira.
Irã e caso da mulher que se matou por não poder entrar em estádio
Eu fiquei sabendo. Lamento muito por isso. Infelizmente, o Irã é um país um pouco machista. Mas, falando de trabalho, lá foi uma das melhores experiências da minha vida. Sou muito grato pelo Tractor por ter me dado a oportunidade de realizar uma sequência de jogos que não tive no Vasco. Foi uma grande experiência de vida. Conheci Dubai, Omã, Qatar? joguei uma Champions League da Ásia. Foi um aprendizado e amadurecimento como homem que com certeza está refletindo para essas boas atuações no CSA.
Fonte: UOL