Com atraso de salários, jogadores do Figueirense se recusam a jogar; atitude preocupa clubes do Rio
Quinta-feira, 22/08/2019 - 10:44
Um episódio preocupante marcou o futebol brasileiro na última terça-feira: o Figueirense perdeu por W.O depois que seus jogadores se recusaram a entrar em campo contra o Cuiabá, pela Segunda Divisão. A medida foi um protesto por conta dos atrasos no pagamento de salários, direitos de imagem e falta de recolhimento de FGTS. Mas, e se fosse no Rio de Janeiro?
Tirando o Flamengo, todos os três grandes clubes convivem com problema financeiro semelhante, com o passivo que bate à porta do vestiário. Ainda assim, não existe a preocupação de greve entre cruz-maltinos, tricolores e alvinegros. A principal explicação para isso é a relação de confiança que os clubes ainda conseguem estabelecer com os elencos.
No Vasco, o departamento de futebol aponta três fatores para administrar as insatisfações que existem no grupo. A transparência na conversa com o elenco, deixando as dificuldades bem claras, é considerada fundamental. O grupo de jogadores também ajuda, tem se mostrado mais comprometido com o projeto de recuperação do clube da Colina, mesmo no momento de dificuldade financeira.
Protestos brandos
A guinada ocorreu depois da chegada de Vanderlei Luxemburgo, que tem conseguido motivar mais o elenco, coisa que não acontecia quando Alberto Valentim era o técnico. Às vésperas da semifinal do Campeonato Estadual, jogadores ensaiaram não se concentrar como protesto por causa da dívida da diretoria. Só voltaram atrás depois da intervenção do presidente Alexandre Campello.
Já no Fluminense existe a confiança dos jogadores de que os problemas financeiros serão solucionados em breve. Mário Bittencourt tem conseguido diminuir o atraso no pagamento dos salários desde que assumiu a presidência e resolvido os problemas deixados por Pedro Abad. Em fevereiro deste ano, o elenco se recusou a treinar como forma de expor sua insatisfação com os salários atrasados. Na ocasião, o grupo recebeu o apoio público do técnico Fernando Diniz. O diretor de futebol Paulo Angioni também afirmou que compreendia a atitude.
Funcionários na pior
Por sua vez, o Botafogo acredita que o mais importante para manter o grupo sob controle é conseguir, no momento em que prometer algo para os jogadores, cumprir com o acordado. O clube crê que, quando há a perda da confiança na palavra, motivar os atletas no dia a dia fica mais complicado.
A diretoria já enfrentou problemas por causa da falta de pagamento na temporada. Mês passado, os jogadores fizeram greve de entrevistas e de participação em ações de marketing do clube por três semanas. Só voltaram a falar quando o salário de junho foi pago.
Nos três clubes, o atraso no pagamento dos salários é ainda pior quando se trata dos funcionários. Há casos de profissionais com até quatro meses de salários pendentes. Já houve ameaça de paralisações no Fluminense e no Botafogo. No Vasco, professores do colégio que fica dentro de São Januário se recusaram a voltar às aulas no começo do mês. Em muitos casos, há relatos de funcionários que não têm o dinheiro do transporte para ir trabalhar.
Fonte: O Globo Online